Em sua última edição, a Revista Biblioo apresentou as propostas de alguns candidatos a prefeito de algumas capitais para as áreas do livro, leitura e bibliotecas. A constatação foi de que em quase todas elas estes assuntos aparecem de forma marginal. Agora no segundo turno, em que 55 cidades, sendo 18 capitais, irão realizar um pleito decisivo, é importante continuar monitorando os programas de governo dos postulantes ao executivo, observado se ouve melhora nas propostas para essas áreas.
Foram pesquisados os programas de governos dos candidatos que disputarão o segundo turno em algumas capitais, tendo como fonte de consulta tanto os sites oficiais e/ou o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como termos de busca foram usados as expressões “livro(s)”, “leitura(s)” e “biblioteca(s)”. Observe-se, entre outras coisas, que os Planos Municipais de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLBs) não foram objeto de proposta de nem um dos candidatos pesquisados.
Além disso, as propostas levantadas não fazem qualquer referência a lei nº 12.244 de 2010, lei da biblioteca escolar, que embora sendo uma lei federal, sua implementação é de responsabilidade dos gestores locais. Para Jonathas Carvalho, professor da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e colunista da Revista Biblioo, existe várias razões para explicar o desinteresse dos políticos por estes temas.
A primeira, segundo ele, é o aspecto eleitoral, uma vez que existe a ideia de que livros, leitura e bibliotecas são temas que não atraem votos. O segundo, conforme Carvalho, é cultural, pois faltaria uma crença consistente do Estado e em parte da sociedade de que estes instrumentos são elementos de transformação e partilha. Por fim, o aspecto econômico, assevera o professor, segundo o qual livros, leitura e bibliotecas são onerosos do ponto de vista financeiro-orçamentário ao poder público.
“Há outros aspectos, mas esses três são fundantes na falta de prioridade dos candidatos a gestores locais. Os aspectos que mencionais são macros, mas há também aspectos micro que envolve decisões políticas específicas, falta de gestores especializados nas bibliotecas (bibliotecários), o que não permite imprimir uma força de trabalho e atuação das bibliotecas”, garante.
Confira abaixo o resultado da pesquisa por ordem alfabética de cidades.
Belém, PA
Na capital paraense os candidatos até se debruçaram sobre os temas do livro, leitura e biblioteca, porém de forma vaga. Edmilson Rodrigues (PSOL) destaca ações voltadas às bibliotecas comunitárias e Zenaldo Coutinho (PSDB) fala de promoção de acesso ao livro.
Edmilson Rodrigues |
O programa de governo do candidato disponível em seu site fala em “implantar bibliotecas públicas nos bairros com gestão compartilhada e integrada ao sistema municipal de educação oficializando e incentivando bibliotecas comunitárias”. Fonte: https://goo.gl/o0E9Ax |
Zenaldo Coutinho |
O programa de governo do candidato, registrado no TSE, fala em “fortalecer parcerias com instituições que excutam políticas de promoção e acesso ao livro e a formação de leitores, como ações de cidadania, inclusão social e desenvolvimento humano”. Fala, também, em “implementar bibliotecas nas Unidades da Educação do Campo”, bem como “concluir a revitalização do Chalé Tavares Cardoso, espaço destinado a Biblioteca Pública em Icoaraci”. Fonte: https://goo.gl/E2WfcS |
Belo Horizonte, MG
Em Belo Horizonte, Minas Gerais, os candidatos Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB) ignoram os temas livro, leitura e bibliotecas. Enquanto o primeiro não cita os termos em seu programa de governo, o segundo faz referência vaga.
Alexandre Kali |
O programa de governo do candidato, registrado no TSE, não faz qualquer referência à “leitura” e à “biblioteca”. “Livro” aparece apenas de forma vaga no item referente à educação. Fonte: https://goo.gl/OV3u8N |
João Leite |
Em suas propostas o candidato faz referência às “bibliotecas” apenas quando indica a existência de 3 destes instrumentos na cidade que pretende governar, mas não faz propostas. As expressões “livro” e “leitura” não aparecem no programa. Fonte: https://goo.gl/9nQJya |
Fortaleza, CE
Na capital cearense o cenário repete o de BH: os candidatos ignoram os temas livro, leitura e bibliotecas. Capitão Wagner (PR) faz breve proposta, enquanto Roberto Claudio (PDT) não cita os termos em suas propostas.
Roberto Claudio |
As expressões “livro”, “leitura” e “biblioteca” estão ausentes do programa de governo do candidato. Fonte: https://goo.gl/1R2TO2 |
Capitão Wagner |
Em seu programa de governo, registrado tanto no sue site, quanto no site do TSE, o candidato se compromete em “modernizar, ampliar e equipar a biblioteca pública Dolores Barreira”. Fonte: https://goo.gl/YpvqtL |
Rio de Janeiro, RJ
No Rio, se por um lado as propostas do candidato do PSOL, Marcelo Freixo, continuam bastante genéricas no que se refere ao tema do livro, da leitura e das bibliotecas, no programa de governo de Marcelo Crivella, candidato do PRB, esses temas sequer são citados.
Marcelo Crivella |
As expressões “livro”, “leitura” e “biblioteca” estão ausentes do programa de governo do candidato. Fonte: https://goo.gl/s0dJSy |
Marcelo Freixo |
Em seu programa de governo, registrado em seu site oficial, Freixo se compromete em “ampliar o horário de funcionamento das bibliotecas municipais existentes e investir na construção de bibliotecas municipais em todas as Áreas de Planejamento da cidade”, assim como “integrar os equipamentos de comunicação e cultura com unidades básicas de saúde, escolas municipais, bibliotecas públicas e outros equipamentos municipais […]”. Fonte: https://goo.gl/9nQJya |
Florianópolis, SC
Gean Loureiro (PMDB) e Angela Amin (PP), candidatos a prefeitura da capital catarinense, seguem a mesma lógica dos candidatos analisados anteriormente e ignoram os temas livro, leitura e bibliotecas.
Gean Loureiro |
As expressões “livro”, “leitura” e “biblioteca” estão ausentes do programa de governo do candidato disponível em seu site. Fonte: https://goo.gl/lwpc3R |
Angela Amin |
As expressões “livro”, “leitura” e “biblioteca” estão ausentes do programa de governo da candidata disponível no site do TSE. Fonte: https://goo.gl/hijXKu |
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