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Sai uma bibliotecária e entra um bacharel em Direito, sem experiência no ramo, para dirigir o Arquivo Nacional

Ricardo Borda D’agua de Almeida Braga é o novo diretor do Arquivo Nacional (AN), órgão subordinado ao Ministro da Justiça e Segurança Pública. A informação foi publicada na edição desta sexta-feira (19) no Diário Oficial da União. Borda D’agua, que é bacharel em Direito, substitui a bibliotecária Neide de Sordi, que deixou o cargo no início deste mês após mais de dois anos à frente da instituição.

Segundo informou o jornalista Lauro Jardim, na sua coluna do Jornal O Globo, até o ano passado Borda D’agua era dono de uma empresa de “treinamento e segurança” no Rio de Janeiro. Ainda de acordo com o jornalista, o novo comandante do AN integrou também o governo Ibaneis Rocha, no Distrito Federal, onde também trabalhou o delegado da Polícia Federal, Anderson Torres, atual ministro da Justiça, a quem o Arquivo Nacional está subordinado.

Ao pesquisar o perfil profissional de Borda D’agua, as referências encontradas são sempre relacionadas à segurança pública, mas nenhuma tem a ver com a expertise exigida para o cargo de diretor-geral do AN. Por exemplo, até abril do ano passado o advogado era subsecretário de Prevenção à Criminalidade, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal, cargo que deixou a pedido.

Direção do AN virou moeda de troca política

Desde o final do governo Dilma Rousselff, em 2016, que o Arquivo Nacional tem sido objeto de disputas político-eleitorais. Até fevereiro daquele ano a cadeira de diretor da instituição havia sido ocupada por mais de duas décadas pelo servidor de carreira e arquivista Jaime Antunes.

Nas negociações do governo Dilma Rousseff para barrar o seu impeachment, José Ricardo Marques, afilhado político do deputado Ronaldo Fonseca (PROS), que se comprometera a ser leal à presidenta, foi nomeado ao cargo no lugar de Jaime. Só que em abril daquele ano Fonseca quebrou a promessa de lealdade à presidenta, o que resultou na queda de Marques.

Reconduzido ao cargo em julho do mesmo ano, já sob o governo Temer, Marques foi novamente exonerado, em maio de 2017, quando o seu padrinho político votou contra a reforma trabalhista. Marques, a propósito, havia sido alvo de uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa, acusado de promover cultos evangélicos semanais no auditório principal do AN, utilizando-se dos equipamentos de áudio e vídeo, bem como do trabalho de um servidor do órgão.

Após ser dirigido por breve período pelo servidor de carreira Diego Barbosa da Silva, em novembro de 2017 o AN passou para a direção de Carolina Chaves de Azevedo que, segundo o Jornal El País, foi secretária da área de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida da prefeitura do Rio durante a gestão de Eduardo Paes (PMDB), também por indicação política. Chaves é afilhada política da ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB), que chegou a ser nomeada ministra do Trabalho durante o governo Temer, mas que acabou sendo exonerada após problemas com a Justiça do Trabalho.

O Arquivo Nacional

O Arquivo Nacional é um órgão central do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA), da administração pública federal, e tem por competência orientar os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal na implementação de programas de gestão de documentos, bem como fiscalizar a aplicação dos procedimentos e das operações técnicas referentes à produção, ao registro, à classificação, ao controle da tramitação, ao uso e à avaliação de documentos, com vistas à modernização dos serviços arquivísticos governamentais, entre outros.

A instituição possui documentos do século XVI ao XXI. Entre eles, encontram-se: a Lei Áurea e as Constituições Brasileiras; documentação sobre a entrada de imigrantes; milhares obras raras; mapas do século XVI ao XIX; fotografias do século XIX e XX, tais como as produzidas pela Família Ferrez e pelo jornal Correio da Manhã; imagens em movimento da Agência Nacional; rótulos e marcas de produtos nacionais e estrangeiros da virada do século XIX etc.

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