Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) encerra o ano com um crescimento de suas atividades. Desde 2015, a Rede atua na formação de leitores, na democratização do acesso à leitura e à cultura literária, na incidência por políticas públicas do livro e da leitura, que contemplem também às bibliotecas comunitárias.
Com mais de 113 bibliotecas em 22 munícipios nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, a Rede, que é parceira da Biblioo, atende um público médio de 23 mil pessoas, sendo que mais da metade é de crianças e jovens com até 18 anos.
Em 2019, a instituição fortaleceu seus processos de comunicação e mobilização de recursos com financiamento coletivo. Além disso, a sua participação em eventos literários pelo Brasil e em outros países potencializaram a projeção da sua imagem institucional e de suas atividades para outros territórios.
“Em âmbito internacional, participamos da Feira do Livro de Havana, em Cuba, com integrantes da Rede Releitura em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e a rede Beabah do Rio Grande do Sul, esteve no evento Bibliotecas de Fronteira, que reuniu representantes do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, em Colon, Entre-Rios, Argentina. Foram eventos importantes para rompermos fronteiras e pontuar a luta de resistência da atuação das bibliotecas comunitárias do Brasil”, analisou Cleide Moura integrante do Conselho Gestor da RNBC.
Outro avanço alcançado foi no campo do registro e divulgação das experiências das bibliotecas comunitárias com o lançamento de três publicações: “O Brasil que Lê”, sobre a pesquisa inédita do universo das bibliotecas comunitárias e os dois cadernos da Coleção Entre-Redes: “Percursos Formativos: Saberes das Bibliotecas Comunitárias”, sistematizando as práticas de comunicação e articulação.
Apesar dos avanços internos, a Rede também foi surpreendida com o retrocesso nas políticas públicas do livro e da leitura este ano.
“Este foi um período complexo e desafiador: enquanto por um lado a sociedade perdeu em participação, com o fim do Conselho Consultivo do PNLL, por outro lado foi criada a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita, de iniciativa da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e do senador Jean Paul Prates (PT-RN), que conta com mais de 200 deputados e senadores” analisou Cleide.
Cleide que destacou também para as ações de alerta ao crescimento das ações de censura em 2019, como a ocorrida na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, além de perseguições a escritores e autores, e censura às temáticas voltadas às minorias sociais, como a sexualidade, gênero, religiões afro-brasileiras.
Segundo Cleide, o cenário político atual é caótico e desanimador, porém os movimentos sociais estão se reagrupando, se unindo e investindo na mobilização de suas bases. “O novo ano aponta para muitas lutas, resistência e, principalmente, união. Tempo de olhar para o outro como um aliado, para fortalecer ainda mais os direitos humanos e o direito humano à leitura. A Rede continuará resistindo e atuando para ampliar suas ações” ponderou.
Em 2020 a Rede pretende lançar seu primeiro curso na Plataforma de Ensino a Distância (EAD), na área do livro e da leitura. Outras ações previstas são campanhas de mobilização por políticas públicas do livro, da leitura, de educação e cultura, além da criação de conteúdos informativos sobre às políticas públicas e os direitos humanos.
Para a expansão da sua presença no país, a Rede prevê a criação de uma rede de bibliotecas em Brasília. “A criação da nova rede permitirá colocar a região Centro-Oeste, no mapa de nossa atuação. Ainda está previsto que chegaremos ao Sul da Bahia. Resistiremos com livros nas mãos, formando novos leitores e com mais bibliotecas comunitárias espalhadas pelo país”, afirmou Cleide.
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