“Projeto Reset” é seu primeiro livro de uma trilogia. Do que se trata a história?
Projeto Reset é uma distopia sarcástica e misteriosa que retrata a evolução da Esquerda a partir já do neoateísmo. O próprio autor é um personagem de seu livro, em três sentidos. É um livro que não deve ser julgado pela capa, nem pela sinopse, nem pelo primeiro volume. É um livro fachada.
Como o público tem recebido a obra?
Ainda não recebi críticas negativas, francamente. Algumas leitoras e leitores me conhecem e tentam obter “spoilers” comigo, e vêm me procurar em busca de explicações. Mas, geralmente eu demoro a responder e eles mesmos já obtiveram a resposta. Ao longo da leitura, se dizem presos à trama. E no final se dizem ansiosos pelo segundo volume. Mas, como lancei esse livro em fevereiro, ainda não tive muitos leitores. É cedo para falar sobre a recepção da obra.
Por que um bibliotecário como personagem?
Justamente pelo papel contraditório em eliminar, destruir obras literárias, fontes de informação e conhecimento. Este papel é o oposto ao que um bibliotecário faz, por isso, pelo estilo da trama, esse profissional foi escolhido para narrar a história. Também faz parte da História essa tática bélica em eliminar cultura através da eliminação do acervo literário da sociedade atacada, para implantar uma nova ordem, uma nova cultura. Pois no fim, somos isso, não? Cultura. Talvez o incêndio da biblioteca de Alexandria tenha sido por isso. E, o tal Index da Igreja Católica não deixa de ser uma versão dessa prática exercida por Lúcio no livro.
Como as bibliotecas lhe influenciaram nesta criação?
Difícil fazer esse tipo de análise de como as ideias do livro se sintetizaram na minha mente. Este livro é um livro com vida própria, e, tanto a trama, como a profissão de Lúcio, já vieram prontas. Eu só fiz digitá-las. Porém, eu tenho muitos amigos bibliotecários. Quando criança, eu sonhava trabalhar em uma biblioteca, pois acreditava que bibliotecários passavam o dia todo lendo. Ledo engano. Mas as bibliotecas são, tradicionalmente, o HD da humanidade. Elas não deixam de ser personagens neste livro.
Existe espaço para autores nacionais desse gênero no Brasil?
Difícil. Muito difícil. Por diversos motivos. O tema, o estilo literário, a falta de megaeditora (fiz publicação independente)… Ateus ficaram ofendidos em serem colocados como nazistas. E religiosos também veem a ideia de forma ofensiva. Mas isso, particularmente, me contempla enquanto autor. É sempre um dilema, escrever para inovar ou escrever para vender. Espero que lá fora, pelo menos, o livro agrade. Por outro lado, ficção científica é um tema que tem tanto espaço quanto os romances de banca de jornal. No fim, ambos são a mesma coisa.
Por que a opção pelo pseudônimo?
Aman N. Muscaria é o nome reduzido de Aman Nitta Muscaria. Quem pesquisar por esse nome no Google vai descobrir de onde vem o nome. Eu não quero mesmo ter minha identidade pessoal atrelada a essa obra. E tampouco queria mais um nome americano, tipo James Stewart. E queria um nome que definisse meu estilo literário, a forma como as ideias se articulam em minha mente. E é dessa forma. Aman N. Muscaria é mais que um pseudônimo para mim, é uma identidade.
Quando virão os próximos?
Estou traduzindo este para o inglês, mesmo tendo iniciado nesta carreira só agora. Mas escrevo de forma compulsiva. Escrever é minha compulsão. O volume 2, Projeto Reset – O Livro Masturbatório, está na metade. Tudo vai depender do meu tempo livre e da minha vida social. Se ela persistir fracassada, creio que em abril eu já lanço o segundo volume. Se ela melhorar, aviso às leitoras e leitores para não ficarem desanimados, esses episódios são efêmeros e não duram muito tempo.
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