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“Picasso e a modernidade espanhola” chega ao fim

A espera foi por mais de quatro horas no último dia da exposição. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

A espera foi por mais de quatro horas no último dia da exposição. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

Depois de mais de quatro horas esperando na fila para ver a exposição “Picasso e a modernidade espanhola”, promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil do Rio, Débora de Jesus, uma estudante de 17, moradora da Baixada Fluminense, notou algo inusitado: “Caramba! Agora que reparei que eu sou a única negra nessa fila”.

De fato! Numa fila interminável que não parava de se renovar, homens, mulheres, jovens e crianças, quase na totalidade brancos, aguardavam a última chance de ver as obras do gênio espanhol em solo brasileiro, uma vez que aquele era o último dia da mostra.

Débora num momento de descanso na fila pra ver a exposição. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

São Pedro foi generoso, pois a chuva que ameaçou durante todo o dia cair acabou não vindo, embora o frio tenha sido implacável.

Bom para Débora que havia saído às 7 horas da cidade de Nova Iguaçu onde mora com a mãe, o pai e mais um irmão que, segundo ela, “não se interessam por este tipo de coisa”.

Perguntada sobre a motivação para ver a exposição, ela foi direta: “eu gosto de obras de arte e quero ser culta”.

O frio e o longo tempo de espera também não desanimaram Márcia e Wilson, casal de turistas maranhense que, de passagem pelo Rio, ficaram sabendo da exposição em cima da hora.

“Não é todo dia que temos oportunidade de ver a obra de um gênio”, diz Márcia. E ela tem razão. As obras, que voltam ainda nessa semana para um museu em Madri, na Espanha, não devem voltar tão cedo ao Brasil.

As obras que ficaram expostas no CCBB de março até ontem (mais de 90) na verdade não são só de Pablo Picasso, mas também de outros artistas, todos contemporâneos seus, que influenciaram seu trabalho.

As obras em exposição retratam a marca de um tempo, donde se extrai as dificuldades de um povo para fugir ao julgo de um tirano. Uma aula de como a arte pode contribuir e muito para a reflexão de sua própria história. Pena que, conforme observou Débora, nem todos têm chances de desfrutar dessa chance.

Wilson e Márcia: “no Maranhão não tem esse tipo de atividade cultural”. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

Para os que não puderão ver a exposição, resta a paciência para um dia ver os trabalhos novamente por aqui ou, como observou uma senhora que desistiu de encarar a longa fila: “agora só em Madri!”

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