RIO – Por volta de 19h30, a Biblioteca Marcos Juruena Villela Souto, da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, já caminhava para o encerramento das atividades do dia, quando fomos interrompidos por um usuário solicitando uma pesquisa no Diário Oficial. O bibliotecário auxiliou o usuário na busca, de forma atenciosa, demonstrando ter conhecimento do acervo que possui. Informou ao leitor das possibilidades de pesquisa e de como encontrar o item que buscava. Cumprida a obrigação, o bibliotecário retirou as chaves de uma gaveta e nos conduziu ao espaço onde se localizam as obras mais valiosas da instituição. Trata-se de uma sala climatizada, bem decorada, com tapete vermelho, mesa ao fundo e estantes de madeira coladas às paredes, com filas duplas de livros.
As obras pertenciam ao advogado e jornalista Octávio Tarquínio de Souza e a sua esposa, a crítica literária Lúcia Miguel Pereira e foram doadas por Antônio Gabriel de Paula Fonseca, sobrinho do casal, para a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE/RJ). Um verdadeiro paraíso de livros. Grande parte desse acervo é composta de livros de História do Brasil, revelando a riqueza e importância do acervo. Os olhos do bibliotecário, voltados para o tesouro, que é aquele acervo, brilhavam, indicando sua paixão pelo que faz. “Sempre gostei de colecionar e preservar. Desde criança organizava cartas de amigos, jornais sobre acontecimentos marcantes, álbuns etc”, revela Thiago Cirne, o bibliotecário em questão. Formado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), ele está há dois anos atuando na PGE/RJ. Cirne revela que o primeiro contato com a Biblioteconomia aconteceu através de um manual de profissões quando ainda cursava o Ensino Médio. “Fiquei motivado e acertei na escolha da carreira a seguir”, garante.
Nos tempos de estudante
Cirne conta que sempre encarou o estágio como vital à profissão. Para ele, quanto maiores as possibilidades, e diferenciadas forem as unidades de informação, melhor para o estudante. Antes de se formar, Cirne atuou como estagiário no Arquivo Nacional, no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, em dois escritórios jurídicos, na Biblioteca Nacional, e na própria Procuradoria Geral do Estado do Rio, onde trabalha hoje. “Tive ainda uma agradável experiência em biblioteca escolar”, destaca. Dentre essas experiências, o bibliotecário aponta a do Arquivo Nacional e a da Biblioteca Nacional como as mais marcantes dos tempos de estagiário. O primeiro, por ter sido sua experiência inicial, já em uma instituição tão importante. “Era encantador”, elogia. O segundo por ter trabalhado com acervos de memória, na Divisão de Obras Raras. “Era uma fonte de aprendizado diária, ao lado de grandes profissionais”.
Em relação à sua formação, não foram só os estágios que agregaram. Para Cirne, os encontros estudantis também serviram de base para sua visão profissional. “Participei da Semana de Integração dos Estudantes de Biblioteconomia (SIEB), Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação (EREBD) e Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação (ENEBD)”, elenca. Cirne destaca o Encontro Nacional, em Alagoas, onde teve a oportunidade de apresentar, em coautoria, um artigo sobre os avanços e perspectivas dos profissionais de informação.
A vida profissional
Nessa fase da vida profissional, um dos grandes orgulhos de Cirne foi ter descoberto o original da Constituição de 1937, que estava perdido em meio às coleções. “Foram tomadas medidas de segurança quanto ao item, como análise bibliológica, registro de imagens e armazenamento especial, pois se tratava de um volume único, de importância histórica, anotado pelo constitucionalista Francisco Campos”.
Na sala onde realiza suas atividades diárias, Cirne trabalha em um computador onde se observa no pano de fundo a foto da capa de um CD da banda Biquíni Cavadão. Ele comenta que é sua banda favorita, revelando que sempre que tem disponibilidade, vai aos shows. Além de bibliotecário, Cirne também trilha pelo mundo da música, tocando violão em uma banda formada por amigos.
Nossa entrevista chega ao fim. O bibliotecário nos acompanha até o elevador, falando das perspectivas da área e dos planos para o futuro, como, por exemplo, da pós-graduação de Jornalismo Cultural na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que iniciará em breve. “Tenho o projeto de escrever para uma revista”, faz mistério. A conversa é interrompida pelo elevador que acaba de chegar ao andar solicitado, mas a certeza de que conversamos com um apaixonado pelo que faz, nos acompanha no caminho de volta para casa.
Clique aqui para ler integralmente a entrevista de Thiago Cyrne que compôs esse artigo
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