Monitores no jardim sensorial do Jardim Botânico – Foto: Bia Guedes
Por Júlia Amin de O Globo
Heitor Luiz de Menezes Neto, usuário de cadeiras de rodas desde 2001, é taxativo quando o assunto é acessibilidade. Afirma que o Rio perdeu cinco grandes oportunidades para se adaptar às necessidades das pessoas com deficiências: a Copa das Confederações, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo, a Olimpíada e a Paralimpíada. Segundo ele, a cidade continua com os mesmos problemas: calçadas estreitas, elevadores inclinados lentos, portas pequenas, falta de sinais sonoros… ou seja, há pouca inclusão. Entretanto, algumas iniciativas pontuais, seja em museus, parques ou lojas, buscam atender às demandas e ao bem-estar dessas pessoas.
O olfato, o tato e o paladar são estimulados no Jardim Sensorial do Jardim Botânico, reaberto no ano passados. O espaço, que também é adaptado com piso tátil, rampas e informação em braile, conta com monitores, alguns com deficiência visual, outros não, para orientar os visitantes. Lá é possível tocar, cheirar e até provar algumas das plantas. Há também visitas guiadas com os olhos vendados para aguçar os sentidos de quem quiser ter essa experiência.
Daniela durante visita à exposição tátil do Museu Internacional de Arte Naif – Foto: Analice Paron
Tem muito lugar onde você vai e não pode tocar nas coisas. Aqui não é assim. É legal também porque eu sempre gostei de mostrar às pessoas coisas para as quais elas não dão atenção, como o cheiro e o toque — conta Mariana Mandarino Gonçalves, que é monitora do jardim e ficou cega aos 9 meses. No Museu Internacional de Arte Naïf, no Cosme Velho, uma sala é sempre dedicada a exposições acessíveis. Em cartaz até o fim de outubro, “Rio cidade-sede maravilhosa” tem seis esculturas de pontos turísticos, como Corcovado, Pão de açúcar e Maracanã, com texturas diferentes. Para Daniela Tavares, que começou a perder a visão aos 16 anos e hoje, aos 35, só enxerga vultos e luz, a exposição consegue aproximar a arte das pessoas com deficiências. Ela, por exemplo, sente falta de frequentar museus com acessibilidade.
Exposições como esta, que foi bem representada e tem materiais comuns, são muito importantes — diz.
Prateleira corrediça da loja Super Celular agradou Heitor – Foto: Bia Guedes
No Botafogo Praia Shopping, a Super Celular investiu em uma prateleira corrediça para que pessoas com deficiência física possam manusear produtos com facilidade.
Muito interessante. Facilita e dá conforto. E conforto é sempre importante — atesta Heitor Luiz Neto.
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