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Os impactos da pandemia de Covid-19 no mercado editorial e na leitura

Venda de livros durante o Conversa Literária. Foto: Chico de Paula / Agência Biblioo

No ano de 2020 o surgimento de um novo vírus altamente contagioso e letal fez com que a Organização Mundial da Saúde declarasse a pandemia de Covid-19. Esta crise sanitária global alterou bruscamente o modo de vida da população que teve de se adaptar às novas dinâmicas impostas para a contenção do vírus, como o isolamento social, o trabalho remoto e o ensino à distância.

Neste sentido, mudanças foram necessárias em diversas áreas, e em relação ao livro e à leitura não foi diferente. Forçadas a ficar em casa como medida de proteção e de redução do contágio, muitas pessoas recorreram aos livros, retomando e/ou incorporando o hábito da leitura em suas vidas.

A comercialização de livros foi impactada com a adoção de novos hábitos de consumo literário, refletindo no crescimento das vendas online, que já estava em expansão antes da pandemia. A mudança de comportamento do consumidor também fez com que muitas livrarias físicas migrassem para o ambiente online, a fim de sobreviverem a crise gerada pela pandemia.

Diante de livrarias e bibliotecas fechadas, os leitores tiveram que buscar alternativas, sendo o consumo de livros digitais (e-books) uma delas. Apesar do aumento das vendas pela Internet e da pouco expressiva demanda por e-books nos últimos anos, os livros físicos ainda são os responsáveis pela maior parte das vendas do mercado editorial.

O uso das tecnologias digitais pelos leitores tem estimulado novas tendências da indústria do livro, e a Internet pode ser uma aliada para a inserção do hábito de ler. Além disso, os e-books possuem as vantagens da portabilidade e do preço, se comparado aos livros impressos.

As dificuldades pelas quais muitas livrarias vêm passando é de longa data, com o consequente fechamento de lojas pelo Brasil, e a possível proposta de taxação dos livros contribuiria para a piora deste cenário. No entanto o mercado editorial adaptou-se as transformações dos últimos 2 anos e vem apresentando um ligeiro crescimento.

Em 2020 foram vendidos 42 milhões de livros, gerando uma receita de R$ 1,76 bilhões. Em 2021 a venda de livros no país alcançou a marca de 55 milhões de exemplares, gerando uma receita de mais de R$ 2 bilhões, de acordo com uma pesquisa da Nielsen BookScan, divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (2022), ou seja, um aumento de 30% em relação ao ano de 2020.

Já no primeiro trimestre de 2022, o volume de vendas foi 15% maior que o registrado no mesmo período de 2021. Um indicativo de que este será outro ano de resultados positivos para o setor.

Apesar da retração nas vendas num primeiro momento da pandemia e da crise econômica pela qual passa o país, a indústria do livro demonstrou uma recuperação surpreendente. A tecnologia exerceu um papel fundamental para a sobrevivência do mercado e com a retomada das grandes feiras e eventos literários presenciais e a adaptação das editoras ao universo digital, as perspectivas para o setor livreiro são otimistas. A pandemia de certa forma serviu de estímulo à leitura e a expectativa é que este hábito continue.

O Brasil, se comparado a outras nações, é um país que ainda lê pouco e somando-se a isso, estamos atravessando um caos contemporâneo em nossa sociedade, no qual as pessoas pensam pouco, não dão muita importância para assuntos referentes à cultura e educação e vivem em um mundo de fantasia e faz de conta proporcionado pelas redes sociais.

Outro fato observado em consequência da pandemia de Covid-19 sobre a indústria editorial de livros foi o aumento da produção de títulos com o objetivo de analisar todos os aspectos imagináveis do vírus. A seguir, vejamos algumas destas obras:

Estas publicações possuem em comum o propósito de ajudar ao público a entender o mundo pós-pandemia, a crise em diversas áreas que a humanidade vem passando e a enfrentar os novos desafios do denominado “novo normal”.

Embora a vida esteja retomando seu caminho, com o avanço da vacinação e a volta dos eventos presenciais, algumas transformações ocorridas devido à pandemia devem permanecer perenes.

No caso do mercado editorial brasileiro a digitalização da leitura com o avanço dos processos de produção e distribuição, deve trazer benefícios para o setor, numa eventual confirmação da tendência de uso de livros digitais pelos leitores, que também pode significar uma democratização do acesso aos livros e à informação.

Portanto o livro continuará sendo uma ferramenta única capaz de ampliar nossos horizontes e a leitura tem o poder de nos levar a outros mundos possíveis, reais ou fictícios, de transmitir conhecimentos, de favorecer a reflexão da realidade ou de simplesmente nos entreter.

E como já dizia o poeta gaúcho Mário Quintana: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”.

Vale ressaltar que os impactos da pandemia de Covid-19 serão sentidos por muitos anos, talvez por décadas, logo uma avaliação permanente do mercado editorial e suas nuances será de grande importância para todos os profissionais do livro no Brasil.

Referências

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS. Setor editorial: Notícias. 2022. Terceiro período do ano apresenta resultado positivo e setor editorial fecha trimestre com ótimo desempenho. Disponível em: https://snel.org.br/terceiro-periodo-do-ano-apresenta-resultado-positivo-e-setor-editorial-fecha-trimestre-com-otimo-desempenho/. Acesso em: 20 ago. 2022.

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