A IFLA e a UNESCO lançaram no 87º World Library and Information Congress a atualização do “Manifesto sobre Bibliotecas Públicas”! O Manifesto, atualiza a versão de 1994, destacando a contribuição das bibliotecas para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e construção de sociedades mais equitativas, humanas e sustentáveis.
No novo Manifesto, a Biblioteca Público é entendida como:
“A biblioteca pública é o centro local de informação, disponibilizando todo tipo de conhecimento e informação aos seus usuários. É um componente essencial das sociedades do conhecimento, adaptando-se continuamente a novos meios de comunicação para cumprir sua missão de fornecer acesso universal e permitir o uso significativo da informação para todas as pessoas. Oferece espaço de acesso público para a produção de conhecimento, compartilhamento e troca de informações e cultura, e promoção do engajamento cívico.” (IFLA; UNESCO, 2022, tradução nossa)
O novo manifesto elenca 11 missões para as Bibliotecas Públicas, que ampliam e modernizam as missões da versão anterior, além de lançar indicações para financiamento, legislação e redes, funcionamento e gestão, parcerias e implementação. Nas missões, há agora ênfase aos recursos e habilidades digitais e temáticas contemporâneas como: inclusão, educação midiática, preservação e acesso à informação, acesso e a participação cultural de comunidades marginalizadas, povos indígenas e pessoas com deficiência.
A FEBAB lançará a tradução oficial do Manifesto em breve e a apresentará no 29º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, que acontecerá em setembro!
Se estiver curioso, segue uma tradução prévia das missões!
Missões das Bibliotecas Públicas
- Proporcionar o acesso a uma ampla gama de informações e ideias livres de censura, apoiando a educação formal e informal em todos os níveis, bem como a aprendizagem ao longo da vida permitindo a busca contínua, voluntária e auto-conduzida do conhecimento para as pessoas em todas as fases da vida;
- Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento criativo pessoal e estimular a imaginação, criatividade, curiosidade e empatia;
- Criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças desde o nascimento até a idade adulta;
- Iniciar, apoiar e participar de atividades e programas de alfabetização para desenvolver habilidades de leitura e escrita; e facilitar o desenvolvimento de habilidades de educação midiática e informacional e competência digital para todas as pessoas em todas as idades, no intuito de consolidar uma sociedade informada e democrática;
- Prestar serviços às suas comunidades de forma presencial e remota por meio de tecnologias digitais que permitem o acesso a informações, coleções e programas sempre que possível;
- Garantir o acesso de todas as pessoas a todo o tipo de informação comunitária e oportunidades de organização comunitária, em reconhecimento do papel da biblioteca no centro do tecido social;
- Proporcionar às suas comunidades o acesso ao conhecimento científico, como resultados de pesquisas e informações de saúde que possam impactar a vida de seus usuários, além de possibilitar a participação no progresso científico;
- Prestar serviços de informação adequados a empresas, associações e grupos de interesse locais;
- Preservar e dar acesso a dados, conhecimento e patrimônio local e indígena (incluindo a tradição oral), proporcionando um ambiente no qual a comunidade local possa ter um papel ativo na identificação de materiais a serem gravados, preservados e compartilhados, de acordo com os desejos da comunidade;
- Fomentar o diálogo intercultural e favorecer a diversidade cultural;
- Promover a preservação e o acesso significativo às expressões culturais e ao patrimônio, a valorização das artes, o acesso aberto ao conhecimento científico, à pesquisa e às inovações, expressas na mídia tradicional, bem como ao material digitalizado e nato digital.
O que mudou nas missões?
Versão anterior (IFLA, 1994) | A atualização |
–
Acesso a informações e materiais |
Prestar serviços presenciais e remotos por meio de tecnologias digitais. |
–
Garantir a inclusão, especialmente em relação às comunidades marginalizadas |
Preservar e dar acesso a dados, conhecimento e patrimônio local e indígena em um ambiente em que a comunidade possa ter um papel ativo na tomada de decisões. |
1. Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância | 1. Criar e fortalecer os hábitos de leitura em crianças desde o nascimento até a idade adulta. |
4. Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens | 2. Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento pessoal criativo e estimular a imaginação, criatividade, curiosidade e empatia |
5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas; | 11.Promover e dar acesso acesso a expressões culturais e patrimônio, valorização das artes, acesso aberto […], pesquisas e inovações, expressas na mídia tradicional, bem como ao material digitalizado e nato digital. |
5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas | 7. […] acesso ao conhecimento científico, como resultados de pesquisas e informações de saúde […], além de possibilitar a participação no progresso científico |
9. Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade local | 6. Garantir o acesso às informações da comunidade e oportunidades para a organização da comunidade. |
11. Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática | 4. Iniciar, apoiar e participar de atividades e programas de alfabetização para desenvolver habilidades de leitura e escrita e facilitar o desenvolvimento de habilidades de educação midiática e informacional e competência digital para todas as pessoas |
Tradução e adaptação de IFLA (2022).
Sobre o Manifesto
O manifesto foi criado em 1949 e desde então é atualizado conforme as transformações da sociedade.
Para a atualização do Manifesto, a IFLA lançou em 2020 um questionário para entender o uso e abrangência das missões e eficácia das orientações da versão anterior e receber propostas; recebendo mais de 600 respostas e sugestões.
Em 2021 a IFLA trabalhou em parceria com a UNESCO para finalizar a redação e observar os feedbacks da comunidade.
Conheça o Manifesto e ajude a transformar sua biblioteca pública!
Leia mais em:
IFLA; UNESCO. The IFLA-UNESCO Public Library Manifesto 2022. Haia: IFLA; Paris: UNESCO, 2022. Disponível em: https://repository.ifla.org/bitstream/123456789/2006/1/IFLA-UNESCO%20Public%20Library%20Manifesto%202022.pdf . Disponível em 27 jul. 2022.
IFLA. The Mission of the Public Library of Today: What’s new in the Public Library Manifesto. Haia: IFLA, 2022. Disponível em: https://repository.ifla.org/bitstream/123456789/2007/1/The%202022%20IFLA-UNESCO%20Public%20Library%20Manifesto%20at%20a%20Glance.pdf Acesso em 27 jul. 2022.
Você pode se interessar também:
ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Biblioteca pública: ingênua, astuta e crítica. Revista Eletrônica da ABDF, Brasília, v. 5, n. 1, p. 48-67, 2021. Disponível em: https://revista.abdf.org.br/abdf/article/view/161 . Acesso em 27 jul. 2022.
CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA. Resolução CFB Nº 243, de 16 de novembro de 2021. Dispõe sobre os parâmetros a serem adotados para a estruturação e o funcionamento das bibliotecas públicas. Diário Oficial da União: Seção 1. Brasília, DF, n. 216, p. 214, 18 de novembro de 2021. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=18/11/2021&jornal=515&pagina=214 . Acesso em 27 jul. 2022.
RAMOS, M. C. Marcos regulatórios para as bibliotecas públicas no Brasil. 102 f. 2017. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia) – Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: http://www.unirio.br/ppgbUNIRIO/arquivo/marilia-cossich-ramos . Acesso em 27 jul. 2022.
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