No dia 31 de março, das 14 às 17h, foi realizado o 1º Seminário de Encontros com a Diversidade: Seminário sobre as diversas formas de protagonismo da mulher em nossa sociedade, pelo SESC – Rio de Janeiro, mais precisamente no teatro da Unidade São Gonçalo.
A representante do Movimento de Mulheres em São Gonçalo comentou sobre a existência do movimento no município e que, além da defesa das mulheres, elas lutam em defesa das crianças, dos idosos, dos deficientes, dos homossexuais, contra as desigualdades e as discriminações. É uma entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública, que dá auxílio a 100 famílias e oferece cursos à comunidade. Falou também sobre a parceria que o Movimento tem com a Fundação para a Infância e a Adolescência (FIA/RJ) e que coordena o NACA (Núcleo de Atenção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Maus Tratos) nas cidades de São Gonçalo, Niterói e Araruama.
O Movimento das Mulheres do Salgueiro (SG) é um movimento sem fins lucrativos e que também não possui vínculo governamental. Teve início a partir de uma creche comunitária em 2006, quando as professoras perceberam que as crianças passavam mal pela alimentação dada em casa, pois as mães tiravam o sustento no lixão. O movimento tem patrocínio da Coca-Cola e da Petrobrás. Possui o Projeto Rede Eco Sol: comércio justo e solidário, onde as mulheres da comunidade aprendem a profissão de costureira para serem empreendedoras. Com a parceria do SESC, as mulheres estão fazendo curso de corte e costura e de modelagem. O movimento vende roupas e artesanato feitos por elas. A representante enfatizou que “Para transformar o mundo é preciso se transformar primeiro” e, é isto que o movimento tenta fazer, transformar a Comunidade do Salgueiro através da mudança de cada membro da comunidade e o que está gerando resultados positivos. Mencionou que a mulher sofre vários tipos de violência: a física, a moral, a psicológica/emocional e a financeira/patrimonial, e que muitas de nós, já sofremos essas agressões e que nem temos noção por estarmos numa sociedade machista. Ela finalizou a sua apresentação com a seguinte frase “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem” (Rosa Luxemburgo, 1871-1919, filósofa e economista marxista).
Quanto ao teatro, a peça Amanheceu, um monólogo apresentado pela atriz baiana Juliana Bebe é protagonizada por uma senhora idosa, costureira que, inicialmente, demonstra alegria, debate assuntos do nosso dia a dia e possui muitas atitudes de pessoas idosas. Inclusive durante a peça ouvi duas senhoras cochichando que estavam se identificando. De repente, a peça torna-se dramática quando o assunto se volta para a violência sexual, onde esta se vê diante de uma situação que a fez relembrar que ela também já havia sido violentada. O público ficou bem comovido e a peça foi bastante aplaudida. A maioria da plateia nunca tinha ido ao teatro e teve a primeira oportunidade de assistir a uma peça. Ao final, a atriz comentou um pouco da sua história e finalizou com a seguinte fala “Mais amor, por favor, e para sempre.” Clique aqui para assistir um pequeno documentário sobre a peça.
Em seguida, foi homenageada Rosângela Sá, moradora do bairro do Salgueiro, que foi vítima de seu ex-marido que atirou em seu corpo 2L de gasolina, em 2009, provocando queimaduras em diversas partes do corpo. Este caso tornou-se internacionalmente conhecido. Veja a reportagem Organização Sueca visita Movimento de Mulheres em São Gonçalo. O depoimento dado por Rosângela Sá foi comovente. Ver o quanto esta mulher sofreu e o quanto ela está superando, apesar das marcas que o agressor deixou em seu corpo. Ela declarou: “Amo a vida. Não tenho vergonha das minhas marcas no meu rosto, quem deve ter vergonha é o agressor. Nada justifica a violência. Não aceite nenhum tipo de violência. Tenha coragem, mulher. Não tenha medo de ameaça. Denuncie.”
O SESC São Gonçalo vem configurando-se como pólo de informação, cultura, educação e entretenimento na cidade, pois este pólo possui o único teatro do município. Trouxe informação, conhecimento e entretenimento sobre o tema mulher, direito e violência através das palestras, do material entregue que destaca mulheres em vários segmentos da sociedade de forma cronológica, do depoimento da Rosângela Sá, da peça e do desfile. Valeu à pena ter participado de um evento que proporcionou emoções gerando muitas reflexões sobre a temática. Deu orgulho de ser mulher, pois somos guerreiras e de ver São Gonçalo com olhos de esperança num futuro melhor.
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