Por Vitor Nuzzi, da Revista do Brasil
“Para que saibam quem foi esse brasileiro”, diz o também cartunista Cássio Loredano, organizador do trabalho. “Um brasileirinho excelente, esse maranhense”, diz, afetuosamente. “Todo mundo adora ele. O que faz isso acontecer é o refinamento, a clareza mental. Além de tudo era um ótimo leitor, um homem culto.” Pessoalmente, um doce: “Uma pessoa de trato cordial, no sentido da coisa do coração. A fala dele era suave. Engraçado no trabalho. E escrevia bem pra caramba”.
Fortuna nasceu em São Luís, em 1931. Morreu em 1994, ao sofrer um enfarte fulminante. Curiosamente, a sua última charge, publicada no jornal Gazeta Mercantil, tratava do tema. “A morte, que coisa incrível. Eu guardei (o desenho), está comigo até hoje”, lembra Loredano.
Visão social
A Cigarra, Senhor, Pif-Paf, Correio da Manhã, O Pasquim, Veja, O Bicho, Folhetim (pioneiro caderno cultural da Folha de S.Paulo, publicado aos domingos), Careta e Gazeta Mercantil foram alguns dos veículos por onde Fortuna passou desde os anos 1950. Antes, em publicações como a revista infantil Sesinho, assinava Ricardo Forte. Já n’A Cigarra, adotou a assinatura definitiva por sugestão do amigo Millôr Fernandes.
Com o tempo, seu trabalho passou a ter marcante visão dos problemas sociais brasileiros. Seu filho mais velho, Felipe Fortuna, escreve na apresentação do livro que ele poderia ter sido um crítico de economia. Foram dezenas de cartuns sobre inflação, carestia e temas afins, sobre as dificuldades do dia a dia. “Depois do golpe, mas até um pouco antes, o Fortuna ganhou muita preocupação social.”
Comentários
Comentários