Por Lusa / Sapo Notícias.
“Sem dúvida, depois deste período todo, a modernização, a expansão da nossa rede e a melhoria dos nossos acervos são os nossos principais desafios”, disse Jorge Jeiroce, em entrevista à Lusa em Maputo.
Quando o hábito de leitura ainda é incipiente em Moçambique e a taxa de analfabetismo ronda os 40%, o país conta com dez bibliotecas provinciais, que recebem em entre 75 e 90 pessoas por dia cada, segundo dados avançados à Lusa pelo diretor da Biblioteca Nacional.
“Nós ainda não estamos satisfeitos com o que temos, queríamos ter mais bibliotecas”, referiu Jorge Jeiroce, salientado que Moçambique precisa de pelo menos mais cem bibliotecas públicas para responder às necessidades atuais.
Apesar do surgimento nos últimos tempos de novos cursos relacionados com esta área, Jorge Jeiroce lamentou que a biblioteconomia em Moçambique seja ainda pouco valorizada, apontando a leitura como imprescindível para o desenvolvimento dos níveis de cidadania nas pessoas.
“É preciso que se faça um investimento sério nesta área, como forma de elevarmos o nível de literacia dos moçambicanos”, observou o diretor da Biblioteca Nacional de Moçambique, órgão subordinado ao Ministério da Cultura e Turismo, acrescentando que o ideal seria que instituições como esta tivessem autonomia financeira, na medida em que verba destinada a esta área é incapaz de suprir as necessidades.
Para Jorge Jeiroce, o fraco hábito de leitura em Moçambique está ligado à falta de políticas que tornem o acesso ao livro fácil, um problema que só pode ser ultrapassado com a adoção de iniciativas de promoção da literatura.
“O livro está caro em Moçambique”, admitiu o diretor da Biblioteca Nacional de Moçambique, reiterando que o país precisa de democratizar a leitura e o Governo devia isentar os custos de importação.
“Nós temos de levar o livro às pessoas”, reiterou, salientando que que a política nacional do livro, que visa impulsionar a produção literária em Moçambique, deve ser acompanhada por uma “estratégia nacional de leitura”.
Sublinhando a necessidade de as bibliotecas moçambicanas acompanharem a evolução que o mundo regista, caso da digitalização como estratégia para facilitar o acesso ao seu espólio, Jorge Jeiroce destacou o facto de, durante 55 anos, a biblioteca ter conseguido formar “quadros à altura”, fazendo um balanço positivo deste período.
“Mesmo neste contexto, nós fazemos uma análise positiva destes 55 anos”, concluiu o diretor da Biblioteca Nacional.
Projetada pelo arquiteto Mário Veiga, que também esteve envolvido na construção da Estação de Caminhos de Ferro de Moçambique de Maputo, apontada como uma as mais bonitas do mundo, o edifício da Biblioteca Nacional de Moçambique foi erguido em 1904, no centro da capital moçambicana, e só na década de 60, ainda no regime colonial português, começou as suas atividades.
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