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Miriam Mattos, bibliotecária e candidata a vice-prefeita

Envolvida com as atividades associativas da área de Biblioteconomia, Miriam Mattos participou da diretoria da Associação Catarinense de Bibliotecários e atualmente é coordenadora e docente do curso de Biblioteconomia, na modalidade ensino à distância, da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó). Seu envolvimento com a política começou na década de 1990 na Pastoral da Juventude e no ano de 2004 se candidatou pela primeira vez ao cargo de vereadora. Neste ano vai participar das eleições municipais concorrendo ao cargo de vice-prefeita no município de Biguaçu, em Santa Catarina. Nesta entrevista, Mattos falou de suas propostas para área do livro e leitura e destacou a importância do envolvimento político e social dos bibliotecários em prol do fortalecimento das bibliotecas públicas.

Conte um pouco de sua trajetória política. Como iniciou sua história na política partidária?

Meu envolvimento com a política começou em 1993, quando participava da Pastoral da Juventude. Em 1994 me filiei ao Partido dos Trabalhadores (PT) e três anos depois presidi o diretório municipal. No início da década de 2000 participei da implantação do orçamento participativo em Biguaçu, cidade vizinha à capital, Florianópolis. Também no início da década de 2000 integrei o coletivo estadual de formação política do Partido. Em 2004 fui candidata a vereadora. No final de 2005, descontente com os rumos do PT, me desfiliei juntamente com diversos companheiros e ingressei no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), mas sem uma militância mais ativa, pois passei a me dedicar à graduação em Biblioteconomia, à organização da categoria e depois ao mestrado em Ciência da Informação. Retomei a vida partidária, participando da direção municipal e estadual do PSOL no ano passado.

Você é candidata à vice-prefeita do município de Biguaçu em Santa Catarina, juntamente com o Auri Bitencourt, candidato a prefeito, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Como surgiu a ideia de formar essa candidatura?

Foi uma consequência natural diante de uma conjuntura crítica, da necessidade de unir lutadores sociais numa perspectiva de oposição de esquerda ao governo e de combate ao projeto elitista e excludente dos partidos tradicionais. A necessidade de nos contrapormos ao golpe, que já estava em curso, e o desejo de construir uma alternativa democrática e popular para Biguaçu, fizeram com que vários companheiros se empenhassem na construção do PSOL e na definição de uma chapa para a prefeitura e para a Câmara de Vereadores. Auri Bitencourt é professor de História. Eu o conheço há muitos anos é um valoroso companheiro e desde meados do ano passado já havia um consenso no Partido em torno do lançamento de sua candidatura à prefeitura. A definição do meu nome como vice ocorreu mais recentemente, em junho, fruto de uma posição unitária de que tal indicação ajudaria a fortalecer nossa chapa.

Fale um pouco das propostas de campanha de sua candidatura. Quais são os projetos para a área do livro, leitura e bibliotecas?

Nossas propostas estão incluídas na perspectiva de que a escola pública deve ser o coração cultural da sua comunidade e por isso propomos a elaboração e implantação do Plano Intersetorial de Educação em Cidadania, objetivando a formação de cidadãos críticos e conhecedores de seus direitos civis, políticos e sociais. Especificamente nos comprometemos com a criação de projetos de leitura itinerante, ampliação do acervo das bibliotecas das escolas municipais, criação de bibliotecas naquelas que não as possuem e criação do cargo de Bibliotecário Escolar no Plano de Cargos e Salários da administração municipal. E tenho me empenhado para que cobremos a implantação da Lei 12.244/2010. Mas o que tem ocorrido é que, como a Lei prevê a criação de bibliotecas nas escolas até 2020, os administradores públicos enrolam a questão com a barriga e nada fazem.

Como você avalia as políticas públicas para a área do livro e da leitura em sua região?

A falta de incentivos à leitura coloca o Brasil entre os países com menor índice de leitura das Américas. O mesmo acontece em Biguaçu, na região da Grande Florianópolis, e em nosso estado, embora os mercadores da ilusão busquem convencer as pessoas de que vivemos numa região de “padrão europeu”. Acho que a falta de políticas públicas para a área do livro e da leitura insere-se num projeto maior, que intencionalmente condena a maioria da população à ignorância, no sentido mesmo de ignorar, de não ter conhecimento da realidade.

Como você encara o papel das bibliotecas públicas e escolares no processo de democratização da leitura?

As bibliotecas têm um grande potencial para serem agentes na democratização da informação e ampliação do acesso à leitura e outros aspectos culturais. Porém, o sucateamento das mesmas, tanto em relação aos seus espaços físicos, quanto na disponibilização de profissionais qualificados e bem remunerados, faz com que estas fiquem à margem dos processos, e muitas vezes invisibilizada socialmente. Penso que precisamos fortalecer as bibliotecas públicas e escolares. E o envolvimento político e social dos bibliotecários e bibliotecárias é fundamental para isso.

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