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Minority Report: a informação pode ser usada para o bem ou para o mal

O conhecimento, ou melhor, a informação quando adquirida pode ser usada para o bem ou para o mal e são as consequências de seu uso que definem seu valor. Por isso, preservar a informação é muito importante. Sua guarda garante a recuperação dos dados expostos para validar atos quando usada com ética e até reverter ações quando usadas imoralmente.

Nos filmes de Steven Spielberg, a informação é um instrumento utilizado por seus protagonistas para enfrentar as tramas em que estão envolvidos. Desde seu primeiro longa Encurralado, A cor púrpura e A lista de Schindler entre outros, os conhecimentos empíricos, filosóficos, teológicos e científicos são destaques para o desfecho de seus filmes.

O conhecimento científico é especulado no filme Minority Report: a nova lei, baseado no conto de ficção científica do escritor Philip K. Dick, onde a busca por informação guia o enredo da história. No filme, os homicídios foram eliminados no ano de 2054 de Washington, D.C. A Dra. Iris Hineman identificou dons paranormais em três jovens filhos de dependentes químicos, os Pré-Cogs, e assim desenvolveu o sistema e a interface do Pré-Crime. Os Pré-Cogs, Agatha e os gêmeos, previam assassinatos antecipadamente ao formarem uma rede de informações conectada por estarem mergulhados em leite que lhes fornecia nutrientes e funcionava como condutor para realçar as imagens de suas visões do futuro.

Eles eram sedados com dopamina, tinham os níveis de serotonina controlados, não dormiam profundamente e não ficavam totalmente acordados. Permaneciam em constante alerta para que no momento que ocorresse a premonição o sistema fosse ativado e as imagens geradas eram gravadas em placas translucidas como uma HD. O sistema liberava duas esferas de madeiras chamadas de holosferas que eram esculpidas conforme a saída por onde eram liberadas.

Em uma saída, o nome da vítima e em outra o nome do assassino. As holosferas poderiam ser vermelhas para crimes passionais, imediatos, e marrom para crimes premeditados. Após a futura ocorrência ser informada os policiais pesquisavam os dados do suposto assassino numa base de dados onde constava as informações dos residentes do distrito. Devido ao sucesso do Sistema de Pré-Crime, os EUA iriam passar por um plebiscito para a implantação do sistema em todo o país. Em paralelo, o FBI iniciou uma investigação para detectar possíveis falhas. O chefe do Departamento de Pré-Crimes, John Anderton, recebeu o agente do FBI, Danny Witwer, para averiguações em todo o sistema.

Após a visita, John se encontrava sozinho, Agatha saiu de sua semiconsciência e o abordou para chamar atenção para as imagens recorrentes de uma tentativa de assassinato de uma mulher. A curiosidade investigativa de John foi estimulada e ele averiguou os arquivos deste crime. O policial descobriu que o arquivo da Pré-Cog Agatha não estava guardado e que a quase vítima estava desaparecida. Imediatamente ele comunicou ao Diretor do Departamento de Pré-Crime, Lamar Burgens. Na conversa, Lamar lhe avisou que sua esposa, Lara Clarke, o havia procurado para receber notícias do marido sobre o ritmo de vida que este levava há seis anos, desde o desaparecimento de seu filho pequeno que levou ao afastamento do casal e ele ao uso de entorpecentes para lidar com a tristeza.

Após este encontro, John é indicado pelos Pré-Cogs como futuro assassino do desconhecido Leo Crow. Com isso, John partiu em fuga contra a perseguição de seus colegas e do agente do FBI Danny. Na tentativa de provar que foi vítima de uma suposta armação do FBI, John procura Dra. Iris na esperança da criadora do Sistema de Pré-Crimes indicar como o sistema poderia ser adulterado. A cientista explica que desejava apenas a cura dos jovens Pré-Cogs e estes acabaram sendo usados pela polícia. Revelou que quando um dos Pré-Cogs discordava da visão dos outros, tal fato indicava que o assassino poderia não cometer o crime.

Esta ocorrência gerava um relatório minoritário, o ”minority report”, que era destruído para não despertar a dúvida quanto à infalibilidade do sistema, mas que arquivo original permanecia na mente de Agatha. John sai em busca de seu minority report. Em fuga, para não ser identificado, John passa por um transplante ocular para dificultar sua captura e não ser localizado através da leitura a retina pelos scanners que monitoravam todos os cidadãos, a “irisdentificação”.

O policial em fuga retira Agatha do Departamento de Pré-Crime e a leva para um Ciber Salão para fazer download dos arquivos de sua mente e localizar seu “minority report”. Agatha informa a John que ele não possui o arquivo que indica o possível erro, mas que ele tem a escolha de cometer o crime ou não. Novamente, ela tem a lembrança do assassinato da mulher desaparecida. John e Agatha vão para o local onde o policial iria cometer o crime. Lá ele descobre que foi vítima de uma armação de um desconhecido que contratou um bandido para se passar pelo sequestrador do filho John em troca de sua família receber dinheiro. John não comete o crime, mas o bandido se suicida e John é incriminado.

O policial leva Agatha para casa de sua esposa e ao analisar os acontecimentos ele descobre que foi vítima da armação por ter investigado o caso da desaparecida Anne Lively. Ao estar afastada dos outros Pré-Cogs e das substâncias que a entorpeciam, Agatha recupera a capacidade de lembrar do passado e viver o presente. Sensibilizada pela busca de John por sua inocência ela revela que o filho de John poderia ter tido um outro destino e que Anne Lively na verdade é sua mãe.

No decorrer destes acontecimentos, o caso de John estava sendo investigado pelo agente do FBI Danny. Com as provas de que John realmente foi vítima de uma armação e que Anne Lively foi assassinada pelo Diretor Lamar o agente expõe sua descoberta para intimidar o Diretor e é assassinado por ele. John é capturado e Agatha volta ao Sistema Pré-Crime. Com a prisão do marido, Lara vai ao encontro de Lamar para receber os objetos de John. Durante a conversa, em um ato falho, Lamar revela a ela como a mãe de Agatha foi assassinada. Lara percebe que o Diretor é o verdadeiro assassino. Com o auxílio de colegas de John, Lara liberta o marido e ambos desmascaram Lamar. Com isso, os Pré-Cogs tem a visão de Lamar assassinando John. Lamar tem dois caminhos a seguir: não cometer o homicídio e assumir o fracasso do Sistema Pré-Cogs ou assassinar John e ser preso. Porém, Lamar não suporta a pressão e se suicida.

Assim, o Sistema Pré-Crimes é abandonado. John e a esposa reatam a união e esperam um segundo filho. Os jovens Pré-Cogs são levados para um local isolado para viverem sem os estímulos que motivavam as premonições. No desenrolar da trama, o telespectador é induzido a refletir sobre o determinismo que norteia o Sistema de Pré-Crime e a infalibilidade desta teoria. Os Pré-Cogs, como fonte de informação primária, divulgavam primeiramente os acontecimentos. Porém, as bases de dados que registravam as previsões eram fontes de informações secundárias que remetiam aos dados anteriormente abordados e por isso, passíveis de manipulação. O filme antecipa o uso de suportes informacionais, como a projeção holográfica, e ainda contribui com a reflexão sobre a confiabilidade das fontes de informação. Além do público que aprecia cenas de ficção científica, ação e suspense, Minority Report é indicado às disciplinas que estudam a informação, sua aquisição, guarda, preservação e recuperação. Um filme que pode ser adotado pelas reflexões que desperta nos cursos de Biblioteconomia e Arquivo.

MINORITY Report: a nova lei. Direção: Steven Spielberg. Produção: Bonnie Curtis, Gerald R. Molin, Jan de Bont e Walter F. Parkes. Los Angeles: Twentieth Century Fox; Dreamworks Pictures, 2002. 1 DVD.

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