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Luís Milanesi: “estamos detonando quem está travando a biblioteconomia”

Atualmente alguns questionamentos estão sendo levantados a respeito da apatia política da classe bibliotecária e das anuidades dos orgãos de representatividade. Nesse contexto, surge uma associação civil sem fins econômicos, a Associação Brasileira de Profissionais da Informação (ABRAINFO). Criada no dia 23 de novembro de 2012, no auditório da Biblioteca Mário de Andrade, na cidade de São Paulo, em assembleia com 86 pessoas presentes, a ABRAINFO, segundo seu diretor executivo, Luís Milanesi, não vai viver somente de anuidades e tem como um dos maiores desafios humanizar a informação e recuperar o tempo perdido. Com o intuito de saber mais a respeito dos objetivos da associação, a Revista Biblioo fez uma entrevista com Milanesi.

Rodolfo Targino: A ABRAINFO adquiriu personalidade jurídica. O que isso significa na prática?

Luís Milanesi: Ter “personalidade jurídica” é ter reconhecimento legal, é cumprir todas as exigências da legislação brasileira para ir além de bando. Por exemplo: para abrir conta bancária é preciso ter CNPJ e para ter o CNPJ é imprescindível ter os estatutos aprovados e registrados em cartório. É um caminho longo, cheio de obstáculos e caro. Mas, depois de meses e despesas passamos a existir formalmente como uma organização não-governamental dentro de seus plenos direitos. E deveres.

R. T.: Quais são os próximos passos da instituição a partir de agora?

L. M.: Depois da legalidade buscamos a legitimidade. Para termos a primeira bastam dinheiro e um bom advogado. A segunda é muito mais complicada, pois depende da participação das pessoas. O brasileiro, ao que tudo indica, não tem gosto, disciplina e nem tradição pelas formas organizativas da sociedade. Lembro da frase aplicada a nós: “Cada um por si e Deus contra todos”. Óbvio: a cólera divina fulmina os individualismos. O próximo passo é o da, digamos informação. Precisamos provar que uma associação brasileira que una pessoas e entidades de alguma forma vinculadas à Informação será útil ao indivíduo e ao coletivo.  Não será fácil. A situação é difícil, o quadro complicado, pondo em risco uma história e valores que desejamos preservar. Mal informados dizem que estamos “detonando” a Biblioteconomia. Ao contrário, estamos detonando quem, de fato, está travando a Biblioteconomia em sua linha evolutiva. Não precisamos ler Darwin para saber que as espécies que não evoluíram foram extintas.

R. T.: Como vocês pretendem operar para motivar os profissionais da informação a se associarem?

L. M.: Como somos suscetíveis à propaganda… até pensei que poderíamos ir por aí. Mas, precisamos ir além.  Vamos buscar para oferecer aos associados pelo menor preço o que ele precisa e quer (nesta ordem). A ABRAINFO não vai viver de anuidades. Teremos os melhores cursos de atualização e, sem dúvida, patrocínios. Vamos buscar, sempre, a interdisciplinaridade. Buscaremos nos aproximar dos profissionais que hoje mais se aproximam dos bibliotecários: os profissionais de Tecnologia da Informação (TI). São eles que ocupam o espaço “Informação” com mais vigor. Isso não significa que a linha preferencial é a informática. Temos que ficar atentos para a pirâmide social da informação no Brasil: na base vasta estão a informação pública e a escolar – espantosamente relegadas como pesquisa e ensino nos últimos anos.  Vamos voltar a pensar o País e suas espantosas carências. Claro: a superação disso passa pelas novas tecnologias e, sem elas, não damos um passo. Mas informática é um meio não um fim. Creio que o grande desafio da ABRAINFO será humanizar a Informação e recuperar o tempo que estamos perdendo. Briquet de Lemos, que é o presidente do Conselho Deliberativo, tem um pensamento claro, luminoso sobre as nossas duras tarefas que temos pela frente. E vamos em frente.

Para maiores informações e caso tenha interesse em se associar, acesse o site da ABRAINFO.

 

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