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Quantos e quais livros Eduardo Cunha leu para reduzir 36 dias de sua pena

Eduardo Cunha. Foto: Wilton Júnior/Estadão

Conforme noticiou ontem a GloboNews, o ex-deputado Eduardo Cunha aderiu ao programa de remição de pena pela leitura do Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde está preso por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo a notícia, Cunha já remiu 36 dias de pena após ter lido 9 obras literárias.

Uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estabelece que é possível reduzir até quatro dias de pena para cada uma obra efetivamente lida, num máximo de doze livros por anos, o que pode garantir ao apenado quarenta e oito dias de remição em um ano.

Segundo esta recomendação, é necessária a elaboração de um projeto por parte da autoridade penitenciária estadual ou federal visando à remição pela leitura, assegurando, entre outros critérios, que a participação do preso seja voluntária e que exista um acervo de livros dentro da unidade penitenciária.

No caso de Eduardo Cunha, suas leituras se deram a partir de uma lista pré-estabelecida pelo presídio no qual cumpre a pena. A lista é composta basicamente de clássicos nacionais e estrangeiros, além de outras obras atuais. Confira abaixo a biblioteca de Cunha com breves descrições.

1) O exército de um homem só (1973), de Moacyr Scliar.

Capa de “O exército de um homem só”. Imagem: divulgação

O livro relata a saga de Mayer Guiznburg, um judeu que chegou a Porto Alegre ainda menino, vindo da Rússia. Ele se transforma em Capitão Birobidjan, uma espécie de Don Quixote do bairro do Bom Fim, em Porto Alegre, e tenta construir Nova Birobidjan, uma utopia socialista, apesar de tudo e de todos que se opõem a ele, incluindo seu pai que o queria rabino.

O livro é baseado na história do militante anarquista Henrique Scliar, que foi tio do autor. É contado em terceira pessoa e cada capítulo remete a um ano ou conjunto de anos. O primeiro e o último é 1970, mas recua para 1916, 1928, 1929, 1930, até voltar para 1970. (Fonte: Wikipédia)

 

 

2) A festa no castelo (1982), de Moacyr Scliar.

Capa de “A festa no castelo”. Imagem: divulgação

Duas histórias são contadas paralelamente durante o livro todo: uma sobre a festa da nobreza italiana da Idade Média, em que os convidados do conde de V… encontram fartura em um jantar; e outra narrando a amizade entre um rapaz gaúcho e um sapateiro italiano. Elas parecem não ter nada em comum, mas no final é revelada a ligação entre elas.

A história do jantar da Nobreza desenrola-se aos poucos, com cuidado, narrando quem são os convidados do conde; como é o castelo onde ocorre a festa; quais são as atrações preparadas para o jantar. (Fonte: Alex André, em Lendo Muito)

 

 

 

 

3) Mês de cães danados (1977), de Moacyr Scliar.

Capa de “Mês de cães danados”. Imagem: divulgação

Este romance de Moacyr Scliar obteve o Prêmio Brasília de 1977, conferido pela Fundação Cultural do Distrito Federal para obras inéditas de ficção. Scliar parte aqui para um romance baseado na nossa moderna história política. Constrói a sua narrativa sobre os últimos dias de agosto daquele agitado ano de 1961, imediatamente após a renúncia de Jânio Quadros, quando, sob um clima de incertezas e ameaças, João Goulart, apoiado por Brizola, assumia a Presidência da República.

Com sua narrativa nervosa e tensa, este livro cativa o leitor até as últimas linhas. A trajetória de um homem de tradicional família dos pampas gaúchos até a sarjeta de uma rua em Porto Alegre. De filho de fazendeiro a mendigo. Uma vida atribulada, anos agitados, aventuras, amores, heroísmo.

Mês de cães danados é, ao mesmo tempo, um poderoso trabalho de ficção e uma reflexão sobre momentos importantes da história de nosso país.

O romance conta a história de um narrador personagem, Meursault, um homem vivente que então comete um assassinato e é julgado por esse ato. A ação desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Camus viveu grande parte da sua vida. (Fonte: L&PM)

4) O estrangeiro (1942), de Albert Camus.

Capa de “O estrangeiro”. Imagem: divulgação

A narrativa começa com o recebimento de um telegrama por Mersault, o protagonista, comunicando o falecimento de sua mãe, que seria enterrada no dia seguinte. Ele viaja então ao asilo onde ela morava e comparece à cerimônia fúnebre, sem, no entanto, expressar quaisquer emoções, não sendo praticamente afetado pelo acontecimento.

O romance prossegue, documentando os acontecimentos seguintes na vida de Meursault que forma uma amizade com um dos seus vizinhos, Raymond Sintès, um conhecido proxeneta. Ele ajuda Raymond a livrar-se de uma de suas amantes árabes.

Mais tarde, os dois se confrontam com o irmão da mulher (“o árabe”) em uma praia e Raymond sai ferido depois de uma briga com facas. Depois disso, Meursault volta à praia e, em um delírio induzido pelo calor e pela luz forte do sol, atira uma vez no árabe causando sua morte e depois dá mais quatro tiros no corpo já morto. (Fonte: Wikipédia)

5) Tufão (1902), de Joseph Conrad.

Capa de “Tufão”. Imagem: divulgação

O livro conta as peripécias de um cargueiro apanhado por um tufão nos mares da China. O “Nan-Shan”, construído em Inglaterra para armadores siameses, parte de um porto do oriente para levar de regresso à China duzentos “coolies” que voltam à pátria com as suas economias guardadas em arcas de cânfora.

O barómetro desce de uma maneira impressionante e durante a noite é colhido por um tufão de uma violência inaudita. É, mais do que a descrição física da tempestade, o estudo do comportamento da tripulação perante uma situação de crise externa que dá a este romance uma grandeza épica. Personagens como o capitão MacWhirr, o imediato Jukes e o primeiro-maquinista Rout adquirem na sua modéstia de homens que cumprem meramente o seu dever a estatura dos antigos heróis de Homero.

E, o próprio navio, se torna de certo modo humano e heróico também, na sua luta desesperada contra a agressão furiosa do mar que quer destruí-lo. Tufão é uma obra-prima e, acima de tudo, uma afirmação da invencibilidade do espírito humano decidido a sair vitorioso das crises que o assediam. (Fonte: livros digitais)

6) O pagador de promessas (1961 ), de Dias Gomes.

Capa de “O Pagador de Promessas”. Imagem: divulgação

A história se passa na década de 60, na Bahia, e começa com uma promessa. Zé do Burro pede que Santa Bárbara salve seu burro, que fora ferido por um galho de árvore. Como na cidade não havia uma igreja dedicada à santa, a promessa foi feita em um terreiro de candomblé, onde a santa ganha o nome de Iansã.

Zé do Burro, portando uma cruz nos ombros, e sua mulher, Rosa, caminham sete léguas do sertão baiano até Salvador com o intuito de pagar a promessa. Chegam a Salvador de madrugada, alojando-se nas escadarias da igreja dedicada à santa. São interpelados pelo sedutor Bonitão, que se aproveita da ingenuidade de Zé do Burro para seduzir Rosa. A mulher resiste no início, mas acaba por passar a noite com ele em um quarto de hotel.

Ao contar ao padre que a promessa fora feita em um terreiro de candomblé a Iansã, Zé é impedido de entrar na igreja. Obstinado, ele insiste em permanecer, ignorando os apelos da mulher para partirem. Zé do Burro torna-se assunto na cidade e acaba alvo de um repórter sensacionalista, que distorce os fatos e o retrata como um messias que apoia a reforma agrária. (Fonte: Educação Globo)

7) O quarto dourado, de Rebecca Kohn.

Capa de “O quarto dourado”. Imagem: divulgação

A história bíblica da rainha Esther, invejada por sua perseverança, charme e beleza incomparável – igualada apenas por sua intensa sagacidade -, inspirou mulheres ao longo dos séculos. A trajetória desta que é uma das personagens mais admiradas do Antigo Testamento, e uma das mulheres mais poderosas da Bíblia, ganha contornos de romance histórico através do texto de Rebecca Kohn.

Capturando as paixões e as intrigas políticas que tornaram o legado de Esther tão atemporal, “O quarto dourado” cria um complexo e convincente retrato da pessoa por trás do mito. Com acurada pesquisa histórica e riqueza de detalhes, a autora recria as particularidades do Império Persa. E reinventa a vida da rainha que saiu dos estratos sociais inferiores da Babilônia para se transformar na pessoa mais querida do rei e salvar seu próprio povo da destruição.

Órfã e aterrorizada, Esther, nascida em Hadassah, precisa esconder sua origem ao começar uma nova vida com o primo, um homem bem posicionado na corte, a quem está prometida. Sua beleza estonteante chama a atenção e logo ela é raptada para o harém real. E é na luxúria desse mundo proibido que se transforma em mulher. Esther conquista o que procura – o coração do Rei Xerxes e a libertação do seu povo.

Mas a sua ascensão ao trono tem um preço – terá que voltar as costas a tudo o que alguma vez desejou, e entregar o corpo a um homem que nunca amará. Inspirado em uma heroína lendária, “O quarto dourado” levanta questões instigantes a respeito do preço da liberdade e das relações de poder entre homens e mulheres. Ilumina de forma assombrosa um dilema épico entre os desejos do coração de uma mulher e as obrigações impostas pelo seu destino. (Fonte: Google Livros)

8) O outro mundo (2004), de Marcello Fois.

Capa de “O outro mundo”. Imagem: divulgação

Apresentado ao público brasileiro com “Sempre caro”, Marcello Fois mais uma vez constrói um inquietante mistério com o toque de Bustianu, o peculiar e inesquecível detetive-poeta. ‘O outro mundo’ mostra uma Sardenha do fim do século XIX, com trilhas que sobem suas colinas, de onde se descortina uma paisagem impressionante. Vencedor dos prêmios Calvino e Dessì, o livro colocou definitivamente a ilha no mapa do noir europeu. (Fonte: Google Livros)

 

 

 

 

 

9) As armadilhas do poder: bastidores da imprensa (1995), de Gilberto Dimenstein.

Capa de “As Armadilhas Do Poder”. Imagem: divulgação

O jornalista Gilberto Dimenstein relata neste livro todas as suas histórias na capital Brasilia, passando toda a sua sabedoria sobre jornalismo político. Ele dá, ao leitor, dicas de como sobreviver nessa área, ainda mais se tratando de um lugar como aquele. Não foi a toa que Gilberto Dimenstein se consagrou como um bom repórter, principalmente quando o assunto envolvido é sobre política.

Remoendo arquivos históricos, além de histórias que rondam essa esfera, o jornalista empresta toda sua experiência e credibilidade para ajudar, os iniciantes, a conseguir entender o que se passa no congresso. Ele reconhece que, quando começou sua carreira, afirmou a um colega “Como esses senadores tem caras de bobos”. Porém, com o passar do tempo vivendo com os políticos, aprendeu que eles eram mais espertos do que pareciam e que, nesse ramo jornalístico, o que vale realmente é o poder.

Tanto o jornalista, assim como um deputado, usa de seus recursos para beneficiar a si próprios. Todo jornalista um dia irá precisar de uma fonte em Brasília para comprovar ou desmentir fatos. E todo deputado necessita de um jornalista para, em uma eventualidade, expor as suas idéias na mídia. Como Dimenstein diz “Quando o poder e a imprensa se dão muito bem, o leitor se dá mal”. Essa tese é comprovada quando analisamos fatos políticos que mexeram com o rumo desse país. (Fonte: Culturamix)

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