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Ler se aprende na escola e a prática da leitura se adquire em casa

Aurora no colo dos pais Eduardo Ulisses e Bruna Dayane. Foto: arquivo de família

Foram feitas milhares de previsões sobre o fim do livro que consideraram o uso disseminado de dispositivos eletrônicos como fator preponderante. As últimas gerações a Z, Alpha e C são nativas digitais e a inserção da prática de leitura se torna uma questão mais complexa.

Num final de semana do mês de abril de 2021, os brasilienses Bruna Dayane dos Santos Cruz (26) e Eduardo Ulisses Xavier Péres (41) fizeram a festa de aniversário de 3 anos de sua filha Aurora Péres Cruz (3) com o tema “Biblioteca da Aurora”. A decoração da festa fez com que a menina se sentisse em uma biblioteca com muitos livros ao seu redor.

O que chama muito a atenção de quem vê a festa da Aurora é a alegria dela e por isso fizemos essa entrevista com a sua mãe para conhecer o percurso que permitiu que essa temática pudesse ser escolhida.

Quando foi que você criou o interesse da sua filha pela leitura?

Desde grávida, a primeira coisa que compramos para Aurora foi livros. Me importava mais em montar sua estante de livros do que sua estante de roupas.

Você criou alguma estratégia? Tem alguma história pessoal com a leitura?

Acredito que a maior estratégia foi a decisão de criar nossa filha sem acesso a telas e principalmente, sendo o exemplo. Sim, eu sempre gostei de ler e meus pais sempre me incentivaram muito.

Você acredita que o interesse da sua filha com a leitura tem alguma relação com as imagens?

Atualmente ela se interessa desde gibis até folhetos de supermercado.

Os três anos de Aurora foi comemorado com uma festa temática sobre bibliotecas. Foto: arquivo de família

Você precisou forçar de alguma forma sua filha a gostar de livros?

Nunca fizemos isso. Deixar ela livre para escolher o que quer fazer ou ser é um dos maiores pilares da nossa criação.

O que mais me perguntam na vida é como eu consigo ficar com a Aurora sem televisão. Aqui em casa não temos TV, mas levamos ela ao cinema a cada duas semanas e é um passeio incrível! E vou te falar com muita certeza que o mais difícil são os outros, ter que ficar dando explicações, ter que ficar ouvindo comentários do tipo: para que tanto livro? Lembro quando ela era bem bebê, que eu e o pai ficávamos lendo para ela. As pessoas queriam que acreditássemos que a televisão seria melhor para o desenvolvimento dela do que os livros. Aí hoje as mesmas pessoas nos perguntam como pode uma criança gostar de livros. É mole? [risos].

Você acha que a classe social que ela está inserida influencia de alguma forma no acesso dela aos livros?

Sim, não só pelo valor dos livros, mas também pela disponibilidade e tempo que temos para ler com ela e para ela.

Você acha que ela gosta mais de livros ou de outros brinquedos?

Livros

Aurora já esteve em alguma biblioteca?

Sim, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), além de que termos o hábito de frequentar livrarias.

No futuro quando ela ver essas fotos da festa dela, o que você quer levar desse momento  como se fosse uma cápsula do tempo que pudesse preservar e manter para o futuro?

A felicidade no olhar dela em ver que foi tudo exatamente do jeito que ela pediu.

O que você diria a outras mães que desejam criar o mesmo gosto pela leitura?

Ser o exemplo, afastar as telas que nós aqui em casa vemos como um sério problema para o desenvolvimento infantil e estimular a leitura. Não queremos que nossa filha seja Einstein, queremos apenas que ela tenha conhecimento para ser livre! Larguem o celular e seja o exemplo! Não existe outro caminho.


Bruna Dayane e Eduardo Ulisses nos trazem um ótimo exemplo do incentivo à leitura, porque ler se aprende na escola, mas a prática da leitura se aprende em casa, com o exemplo e incentivo dos responsáveis e das pessoas que cercam a criança. Nesta geração nativa digital são necessárias outras ferramentas que demandam tempo, esforço, dedicação, como a “criação sem telas” adotada pelo casal.

Agradecemos Bruna e Eduardo por compartilharem sua história e exemplo com a Biblioo, que seja um incentivo para os responsáveis por crianças e aos que atuam no desenvolvimento de políticas públicas do livro, leitura e bibliotecas.

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