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Leitura e internet: a formação do leitor ultraconectado

O hábito da leitura pode ser adquirido em qualquer faixa etária, trazendo diversos benefícios para os indivíduos dentre eles: o estímulo a criatividade, o aprimoramento da habilidade da escrita, o aumento do foco e concentração e o desenvolvimento do senso crítico e raciocínio. A leitura também pode promover o relaxamento, ajudando a dormir melhor, e auxiliar as pessoas a lidarem com seus problemas emocionais, sociais e físicos, por meio da biblioterapia.

No entanto, o Brasil ainda é considerado um país que pouco lê, segundo dados da pesquisa Retratos da leitura no Brasil realizada pelo Instituto Pró Livro em parceria com o Itaú Cultural. De acordo com a pesquisa apenas 52% dos brasileiros possuem hábitos de leitura, o que denota uma situação alarmante, consequência da falta de uma cultura de incentivo à leitura no país, muitas vezes pela falta de políticas públicas governamentais para a criação de bibliotecas e espaços que estimulem a leitura.

Somando-se a isso, a mesma pesquisa identificou que o Brasil perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores entre os anos de 2015 e 2019, sendo a internet e as redes sociais apontadas dentre as principais causas na queda do índice de leitura. A pesquisa também apontou que algumas motivações que despertam o interesse das pessoas na literatura são os chamados “influenciadores literários” e a participação em grupos e/ou clubes de leitura.

Embora a leitura seja um ato solitário, isto reafirma que somos seres sociais e ressalta a importância de bons exemplos e de nossas relações/interações para a construção de nossa identidade enquanto sociedade. Portanto, se dentre as causas na queda da leitura estão a internet e as redes sociais, por que não buscar nestas ferramentas as possíveis soluções para atrair um público cada vez mais disperso e conectado?

E para criar o hábito e expandi-lo muito além dos livros impressos, por que não usarmos a tecnologia a nosso favor? Seguem algumas sugestões de como iniciar nesta jornada literária utilizando a internet:

-Leia e-books (livros digitais) –  na internet é possível fazer download de diversos títulos gratuitamente ou adquiri-los em sites como Saraiva e Amazon, esta que também oferece um serviço de assinatura, o Kindle Unlimited;

-Ouça audiobooks (livros para ouvir) – na internet existem diversas opções para baixar e com a explosão e sucesso dos podcasts, eles se tornaram uma opção para quem diz que não gosta de ler. No Brasil temos iniciativas como Ubook e Toca Livros;

-Participe de um clube de leitura online – seja em blogs ou redes sociais, esta é uma forma na qual é possível estimular e trocar experiências literárias em grupo, comprometendo-se com a leitura de um determinado título;

-Utilize aplicativos de leitura – exemplos como o Hooked e Wattpad, que permitem a leitura de histórias na forma de mensagens assim como no Whatsapp, além de poder exercitar a escrita interagindo com outros autores. Tem também o Skoob, uma das maiores redes de leitores brasileira;

-Leia online gratuitamente – projetos como o Gutenberg e Domínio Público disponibilizam e-books científicos, literários e artísticos;

-Utilize as redes sociais – quer seja o Instagram, o Facebook, o Twitter ou o Youtube, todas oferecem opções de perfis dedicados a livros, leitura e pessoas discutindo sobre leitura, o que pode impulsionar seu gosto pela leitura. No Instagram, por exemplo, é possível encontrar os denominados Bookstagrams, perfis dedicados a livros e leitura, e no Youtube, canais de booktubers, que são os produtores de conteúdo literário, pessoas responsáveis por influenciar e estimular essa prática na internet.

E em tempos de marketing de influência digital na era das redes sociais, vale destacar o exemplo de influência literária do comediante e escritor Afonso Padilha. Mensalmente ele publica nos Stories de seu Instagram (@oafonsopadilha) os livros que lê e não são poucos, uma média de 10!!! Uma pequena iniciativa, ainda que despretensiosamente, que pode contribuir para a disseminação da leitura, diante de uma audiência que cresce de forma exponencial.

Afonso Padilha utiliza as redes sociais para indicar leituras e livros.

Padilha também é humorista e roteirista, possui 3 livros publicados e é assumidamente aficionado por leitura. Em 2021 presenteou um de seus milhares de seguidores com 5 exemplares de seu autor preferido, Luís Fernando Verísssimo. Outro belo exemplo de incentivo à leitura e promoção da literatura do humor, visto que o contato com pessoas que leem pode estimular não somente a leitura como a descoberta de novos gêneros literários.

Agora, se você gosta mesmo do livro físico e não dispensa a experiência sensorial de tê-los em mãos, aqui vão algumas dicas de como ter acesso a obras a custo zero:

– Visite a biblioteca pública de sua cidade, na qual você poderá ter acesso a livros didáticos, de literatura, jornais e revistas;

-Pesquise por sebos de livros na sua cidade, em geral os livros custam menos e podem ser trocados por outros títulos que você já leu, não tendo desculpa de que não lê porque os livros são “caros”.

Sejam físicos ou digitais, os livros e a leitura indiscutivelmente são importantes para o desenvolvimento intelectual e pessoal do ser humano, podendo contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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