Paulo Virgílio, da Agência Brasil.
Detentor de importantes acervos autorais de fotógrafos e artistas brasileiros, o Instituto Moreira Salles (IMS) acaba de ampliar seu trabalho de preservação nessa área para a fotografia de caráter jornalístico. A instituição acaba de adquirir o arquivo de três antigos jornais cariocas que pertenceram à cadeia Diários Associados, império de comunicação criado por Assis Chateaubriand (1892-1968), dobrando, de 1 milhão para 2 milhões de imagens, o seu acervo fotográfico.
O grupo, que não mais edita jornais na cidade do Rio de Janeiro, estava à procura de uma instituição que cuidasse bem do acervo e o IMS manifestou seu interesse em acomodar a coleção. O arquivo reúne fotos produzidas para O Jornal, criado em 1919, comprado por Assis Chateaubriand em 1924 e que circulou até 1974, Diário da Noite, fundado por Chatô em 1929 e editado até 1964, e Jornal do Commercio, lançado em 1827, incorporado aos Diários Associados em 1957 e publicado até abril deste ano.
Guardado há três anos em um prédio no bairro de São Cristóvão, na região central do Rio, o acervo será transferido no próximo mês para a Reserva Fotográfica do IMS, na Gávea, zona sul da cidade. O material – cerca de 300 mil negativos e 700 mil imagens em papel – está bem mantido e organizado como um arquivo de jornal.
Na avaliação do IMS, o conjunto de imagens mais representativo deve ser o que corresponde ao período entre 1930 e 1970, quando o grupo Diários Associados foi muito ativo e manteve a agência de notícias Meridional, para atender aos jornais e às revistas que publicava, a principal delas O Cruzeiro.
Para o coordenador de fotografia do IMS, Sergio Burgi, as imagens que estão nesse tipo de arquivo transcendem, em muito, o que foi publicado nos jornais. “Os arquivos têm um material superior ao que está nas páginas impressas, uma visão mais rica e ampliada. Se os arquivos não são preservados, perdem-se esse material e essa riqueza”, disse.
Entre as imagens que se destacam nos acervos, há importantes conjuntos que retratam o universo cultural carioca – música, teatro, carnaval –, além de figuras políticas, como Getúlio Vargas, Carlos Lacerda e outras personalidades que fizeram a história do século 20. “Há um material muito interessante de esportes, por exemplo, com a documentação da viagem da seleção brasileira de 1938”, disse Burgi.
Desde 1995, o Instituto Moreira Salles vem atuando na formação e na preservação de seu acervo fotográfico, iniciado com as coleções Gilberto Ferrez e de Pedro Corrêa do Lago, dedicadas ao século 19. O acervo foi enriquecido depois com a coleção do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, com imagens da década de 1930, e a de Marcel Gautherot, que retrata o Brasil das décadas de 1940 a 1980.
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