Um dos temas midiáticos mais debatidos é a pauta pró-empresarial visando às condições de mercado vigente com foco nos valores de consumo. Desta maneira, os acontecimentos são vinculados por fatos descontextualizados de forma tendenciosa na imprensa, dificultando uma análise crítica por parte do público e deturpando o entendimento dos fatos.
Com isso, o noticiário seletivo de consumo pode influenciar a padronização de comportamento na sociedade, condicionada aos interesses empresarias convertidos em mídia comercial. Isto restringe o indivíduo de ter uma percepção plural informativa ou ter acesso a assuntos não priorizados pela imprensa. A letra de música todo camburão tem um pouco de navio negreiro, de Marcelo Yuka, expõe de forma peculiar isso em: “mesmo a AIDS possui hierarquia/na África a doença corre solta/e a imprensa mundial/dispensa poucas linhas/comparado, comparado/ao que faz com qualquer/figurinha do cinema/comparado, comparado/ao que faz com qualquer/figurinha do cinema/ou das colunas sócias…”. Tem-se a imagem da África como um continente isolado, desconectado com o resto do mundo, que não é divulgada explicitamente o problema de miséria, como sendo o continente com maior número de pessoas famintas no globo terrestre; as guerras civis por poder que matam tanto quanto as guerras contemporâneas atuais ou até mesmo o próprio problema da AIDS. Em se tratando de América do Sul, a falta de dados e informações se evidencia, como no caso das três Guianas: Guiana (inglesa), Guiana Francesa e Suriname (Guiana holandesa), no qual não são sabidos notoriamente o modelo econômico e os costumes locais, por exemplo. Essas informações são ignoradas por não serem prioritárias dentro de um eixo político econômico global atual, mas é sensato frisar em um dado momento elas serão coletadas e noticiadas devidamente, quando forem mais convenientes para o veículo midiático transmiti-las.
Contudo, a imprensa tem um papel importante como sendo um dos veículos que auxiliam nas constatações socioeconômicas para esclarecimento público de uma sociedade, devendo adotar uma diretriz imparcial e crítica que não discrimine qualquer tipo de assunto e tenha abrangência ampla para contemplar o receptor na sua necessidade profunda por informação. Porém, atenta-se que a linguagem massificada midiática é formulada sob uma visão consumista, impondo a problemática informativa como uma variante determinada pelo grau de importância dado pelo emissor em uma relação unilateral com o público receptor.
Albert Vaz é bibliotecário.
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