O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou a criação do “acervo da vergonha” para reunir as obras que considera de esquerda. Em postagem nesta quarta-feira 4, Camargo publicou uma imagem com uma placa em uma porta, em que aparece uma estrela vermelha e o símbolo da foice e do martelo cruzados.
No texto, Camargo aproveitou para criticar a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-MA), que lidera o grupo de fiscalização sobre a instituição, por meio da Comissão de Cultura da Câmara.
“Prevista para hoje, a blitz da Comissão de Cultura no acervo da Palmares, a mando da comunista Alice Portugal, foi adiada. Em vez de um dia, agora serão dois dias em busca de pelo em casca de ovo (quinta e sexta). Marighella, Mao Tsé-Tung, Che, Stalin… os aguardam na sala VIP!”, escreveu
Camargo também anunciou o lançamento de um relatório sobre um acervo “renovado”, que inclui o romancista Machado de Assis, o poeta Cruz e Souza, o abolicionista Luís Gama, a escritora Carolina Maria de Jesus e o sociólogo Gilberto Freyre. O documento se chama “Amplitude e Dignidade – Um Acervo Bibliográfico da Cultura de Matriz Negra”.
“O acervo da Palmares será renovado. Terá amplitude e dignidade!”, escreveu Camargo.
O relatório faz parte de uma empreitada de Camargo para difamar obras que, segundo ele, representam “doutrinação marxista”. Em 11 de junho, o presidente da instituição publicou o documento “Retrato do Acervo – a dominação marxista na Fundação Cultural Palmares- 1988-2019”, que cataloga itens como “militante”, “não militante” e “francamente marxista”.
Anteriormente, a fundação havia dito que decidiria se determinadas obras permaneceriam no acervo ou seriam doadas. Depois de uma manifestação contrária da Justiça, a Palmares declarou que nenhum livro ou objeto será doado e que o relatório tinha a finalidade de “dar transparência à sociedade sobre seus conteúdos”.
A Comissão de Cultura acusa a gestão de Camargo de atuar com negligência no armazenamento de milhares de obras, após a transferência da sede em Brasília para um prédio sem estrutura adaptada para conservação do acervo. Uma nova visita técnica ocorreria nesta quarta, às 15 horas, mas foi adiada para a quinta e a sexta.
Fonte: CartaCapital
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