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Funcionários da Biblioteca-Parque de Niterói são dispensados sem prévio aviso

Funcionários da Biblioteca-Parque de Niterói (BPN) denunciaram nas redes sociais que foram demitidos de seus cargos sem prévio aviso na última quinta-feira (23). A BPN, que estava sob a gestão do Instituto Tear, com verbas destinadas pela prefeitura de Niterói, recebe, em média, 400 pessoas por dia e 10 mil usuários por mês, conforme informações da Secretaria Municipal de Cultura de Niterói. E embora o Instituto Tear tivesse assumido a gestão em dezembro de 2016, o espaço já estava sob o comando da Prefeitura local desde dezembro de 2015, quando o Governo do estado havia anunciado que não tinha condições de manter as quatro unidades da rede.

No acordo de renovação do convênio entre a prefeitura e o governo do estado, o município de Niterói arcaria com 12 parcelas mensais de R$ 150 mil para manter o pagamento de funcionários, a limpeza e manutenção do espaço. Em 2015, quando o convênio começou, foram pagos R$ 450 mil para sanar dívidas e, no ano de 2016, a Prefeitura repassou parcelas de R$ 160 mil.

Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, assinando a renovação do convênio por mais um ano com a Secretaria de Estado de Cultura para o funcionamento da Biblioteca-Parque de Niterói.
Foto: Luciana Carneiro / www.culturaniteroi.com.br.

“A biblioteca estadual de Niterói faz parte do patrimônio histórico da cidade. Lutei muito como deputado para a restauração desse belíssimo prédio. Hoje a Biblioteca-Parque tem uma função relevante para Educação e Cultura de Niterói, milhares de jovens e cidadãos amantes da cultura frequentam diariamente esse espaço. Como prefeito, não poderia deixar que este equipamento cultural fechasse”, disse à época o prefeito Rodrigo Neves.

De acordo com as informações fornecidas no Facebook, os funcionários teriam aberto mão do seguro desemprego para ficar no projeto e trabalhado de forma voluntária no começo do mês de janeiro como forma de atender ao pedido da prefeitura de não fechar o espaço. Mesmo assim, todos foram demitidos pela Secretaria de Estado de Cultura após a mudança no comando da pasta. Eva Doris Rosental, que estava no cargo desde janeiro de 2015, deu lugar ao deputado estadual André Lazaroni do PMDB, um forte aliado do governador Pezão e cujas atuações na política são voltadas às áreas do esporte e do meio ambiente.

Lazaroni, como era de se esperar, assumiu o cargo promovendo uma série de mudanças nos órgãos ligados à SEC. Mas com exceção da BPN, o novo secretário ainda não se pronunciou em relação as outras três unidades da rede de bibliotecas-parque: Biblioteca-Parque do Estado (BPE), Biblioteca-Parque de Manguinho (BPM) e Biblioteca-Parque da Rocinha (BPR).

Na internet várias pessoas criticaram as demissões promovidas de forma arbitrária. “Seria muito bom se acima de tudo existisse respeito com o ativo mais importante para a qualidade do atendimento: os funcionários. Desligados de uma hora pra outra pra que pessoas indicadas assumam o papel de profissionais altamente capacitados. Vale lembrar que todos abriram mão do auxílio desemprego pra assumirem um compromisso de 6 meses de dedicação”, comentou na rede uma internauta.

Um abraço de respeito e um ato de protesto contra o fechamento da Bibliote-Parque de Niterói foi realizado em dezembro de 2016 por funcionário e leitores. Foto: www.atribunarj.com.br.

“Foi a nossa vez de receber o quinhão de politicagem e desmantelamento da Cultura do Rio de Janeiro. Na tarde de hoje [23], toda a equipe da Biblioteca-Parque de Niterói foi demitida sem aviso prévio, fomos descartados, resultado das mudanças no comando da Secretaria de Cultura [SEC/RJ], que decidiu nos substituir por funcionários da Seduc [Secretaria de Estado de Educação]”, reclamou na internet um ex-funcionário.

No final do ano passado a Biblioo havia discutido em uma reportagem o processo de evolução e declínio do projeto das bibliotecas-parques, que além da BPN, também conta com outras três unidades, todas fechadas neste momento.

Procurada pela equipe da Biblioo para dar esclarecimentos sobre os fatos, a Secretaria Municipal de Cultura de Niterói não havia dado retorno até o fechamento desta matéria.

A BPN

Biblioteca-Parque de Niterói, que antes da implantação no estado do modelo de bibliotecasparque, se chamava Biblioteca Pública de Niterói, é um dos equipamentos culturais mais antigos do estado, tendo sido fundada em 1935. No prédio que abriga a BPN também está instalada a Academia Fluminense de Letras (AFL), que em 2017 completa 100 anos de fundação.

Biblioteca-Parque de Niterói. Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil.

Depois de dois anos em obras, a BPN foi reaberta em julho de 2011. A restauração e a modernização do acervo custaram R$ 7 milhões aos cofres públicos e o investimento foi feito pelo governo do estado do Rio de Janeiro em parceria com o Ministério da Cultura. Ocupando uma área de 1.812 metros quadrados, sendo 926m² no térreo e 886m² no 2º andar, a BPN se tornou um importante espaço cultural da cidade, tendo um forte vínculo com a comunidade.

Foto em destaque: José Henrique Gomes / www.panoramio.com/user/91290.

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