Segundo dados do Censo Escolar, 65% das unidades de ensino, públicas e privadas, estão sem bibliotecas no Brasil. Os números mostram que pouca coisa mudou desde 2010, quando entrou em vigor a lei 12.244, que obriga todos os gestores a providenciar, até 2020, espaços estruturados de leitura em seus colégios. Na época em que a lei foi sancionada, só 33,1% das escolas tinham bibliotecas. Até o fim do ano passado eram apenas 35%. “As que existem, dentro ou fora das instituições de ensino, estão fora do contexto e mais inibem do que provocam o leitor”, completa Perrotti.
As bibliotecas interativas começaram a ser implantadas no país no final da década de 90, depois de uma pesquisa do Departamento de Biblioteconomia da Escola de Comunicações e Artes da USP, que descobriu a necessidade de novos programas de distribuição de livros e meios de incentivo à leitura mais eficazes. O projeto, desde então, beneficiou escolas de São Paulo, São Bernardo do Campo e Diadema, no Grande ABC, além do município de Jaguariúna, no interior do estado de São Paulo. A rede de bibliotecas interativas do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena foi uma das primeiras a serem implantadas no Brasil, em 1999.
A aprendizagem começou a ser estimulada pela presença de suportes tecnológicos, como computador e televisão. Hoje o local é visto como referência “Um dos principais desafios das bibliotecas é acompanhar o desenvolvimento tecnológico da informação. Hoje, é preciso repensar determinadas questões urgentemente. A maioria das bibliotecas que temos não estão prontas para a diversidade digital, escrita e visual”, conclui Perrotti.
Bibliotecas interativas do CEFSA
A rede formada por quatro bibliotecas interativas possui acervo com mais de 34.500 títulos entre livros, mídias e trabalhos de conclusão de cursos. O acervo é renovado periodicamente com auxílio dos próprios leitores, sejam eles professores ou alunos. O local atende 2.500 alunos da Grande São Paulo que estudam gratuitamente no Colégio Termomecanica (CTM) e na Faculdade de Tecnologia Termomecanica (FTT). As duas instituições são mantidas pela Fundação Salvador Arena, uma das entidades sociais mais sólidas do terceiro setor brasileiro.
As ações socioeducativas desenvolvidas dentro das bibliotecas interativas seguem o planejamento pedagógico aplicado nas salas de aula do CTM e da FTT. Os usuários das bibliotecas são orientados a encontrar os próprios livros nas prateleiras ou através do sistema de busca online. A proposta é dar oportunidade ao estudante de desenvolver autonomias relativas ao acesso, organização e uso dos diferentes dispositivos educacionais oferecidos. Durante todo o ano letivo, a instituição promove encontros e bate-papos com autores renomados, grupos de leitura e escrita, exposições e semanas literárias.
Cada biblioteca foi desenvolvida para uma faixa etária específica. De forma lúdica, a leitura é incentivada na educação infantil com livros pop-up e outras publicações ilustrativas. No ensino fundamental, o acervo tem a função de estimular a leitura e despertar o senso crítico dos alunos. Já nos ensinos médio e superior, concentram-se os livros técnicos, junto aos de ficção e poesia, além dos periódicos (jornais e revistas impressas e digitais) presentes em todas as unidades. O espaço físico das quatro bibliotecas foi projetado para chamar a atenção dos estudantes e oferecer mais conforto por meio de mobília moderna e cores vibrantes. A própria disposição dos livros é diferenciada em relação a outras bibliotecas.
Para o pesquisador Edmir Perrotti, o mobiliário, o acervo, o profissional infoeducador e o leitor devem fazer parte do mesmo diálogo. “No espaço físico, precisa haver harmonia entre o que a arquitetura propõe e o que o público está demandando. O local ainda precisa proporcionar práticas educativas e culturais e dar constantemente oportunidades para que o visitante possa se expressar. Sem expressão não há diálogo, interação”, explica. De acordo com o diretor geral do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena, Valcir Shigueru Omori, as bibliotecas interativas assumem hoje um papel fundamental na educação. “Elas precisam ensinar a lidar com a informação que chega a todo o momento, levando-se em consideração as diferentes faixas etárias e, por isso, precisam estar totalmente alinhadas com as novas tecnologias e com o conteúdo presente na sala de aula”.
Sobre a Fundação Salvador Arena
A Fundação Salvador Arena completa 50 anos de existência em 2014. A instituição civil e de finalidade filantrópica, de direito privado e sem fins lucrativos foi idealizada e criada em 1964 pelo engenheiro Salvador Arena, empresário do setor metalúrgico e fundador da Termomecanica São Paulo S.A. Há meio século, a entidade mantém atividades de apoio social voltadas à transformação social e, em especial, educação.
Hoje, a Fundação Salvador Arena é administrada por um Conselho Curador, que manteve os projetos originais e vem ampliando os investimentos sociais e educacionais ao longo dos últimos anos. Além de desenvolver projetos próprios, como o Colégio Termomecanica e a Faculdade de Tecnologia Termomecanica, a Fundação implementa programas que visam ao fortalecimento do terceiro setor por meio do apoio a entidades beneficentes, filantrópicas e ONGs e da capacitação de dirigentes e técnicos dessas organizações.
Em 2013, o foco de investimento da Fundação Salvador Arena foi educação, que recebeu o maior volume de recursos, da ordem de R$ 41 milhões, seguido de assistência social, para a qual mais de R$ 6 milhões foram aplicados em iniciativas de desenvolvimento social, comunitário e fortalecimento de organizações do terceiro setor.
A Fundação é reconhecida como a primeira instituição sem fins lucrativos do Brasil a conquistar a Certificação ISO 9001, considerada referência em sistema de gestão da qualidade no mercado. Em 2014, a Fundação Salvador Arena conquistou medalha de ouro no Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão, premiação concedida às melhores organizações públicas e privadas do Estado de São Paulo.