Por Thais Paiva da Carta Capital
Em tempos de internet, redes sociais, aplicativos de mensagens e afins, é comum nos depararmos com textos recheados de abreviações e erros ortográficos. O fato, no entanto, não implica dizer que os jovens escrevem pior hoje quando estão em situações que exigem um desempenho formal da escrita. Pelo contrário, um estudo realizado nos Estados Unidos com calouros de universidades mostrou que a era digital pode ter impactado positivamente a produção textual das novas gerações.
Intitulado “Mistakes Are a Fact of Life”: A National Comparative Study e conduzido pelas pesquisadoras Andrea A. Lunsford e Karen J. Lunsford, o estudo contabilizou os erros encontrados nos trabalhos acadêmicos dos estudantes e comparou-os com produções textuais também de alunos de estudos anteriores, voltando quase cem anos no tempo, para traçar as mudanças que aconteceram em suas escritas.
Os resultados revelaram que os textos acadêmicos atuais são mais longos e empregam uma maior diversidade de gêneros textuais.
Além disso, o levantamento comparativo apontou que, ao contrário do que pregam os pessimistas, a taxa de erros do estudo mais recente em relação aos anteriores não aumentou, na verdade, permaneceu estável: uma média de 2,45 erros a cada cem palavras grafadas. Isto é, em média, os estudantes universitários escrevem de forma correta, em contextos formais, mais de 97% do tempo.
O estudo apontou, no entanto, que os tipos de erros cometidos mudaram. Atualmente, o uso de uma palavra inadequada para o contexto é, por exemplo, mais comum que o erro ortográfico. Para as pesquisadoras, esse achado pode ser consequência da proliferação do uso de recursos de verificação ortográfica e dicionários de sinônimos dos computadores.
Para os professores que acreditam ser necessário eliminar os erros de escrita dos estudantes, Andrea e Karen aconselham: “os erros são um fato da vida e, poderíamos acrescentar, um acompanhamento necessário para a aprendizagem e para a melhoria da escrita”.
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