Aprendíamos, na escola, que o mundo assim como o corpo humano é formado por 2/3 de água. A água já foi imortalizada em diversas canções, como Águas de Março (1972) de Elis Regina e Tom Jobim, Planeta Água (1981) de Guilherme Arantes e Sobradinho (década de 1970) de Sá e Guarabyra.
Nesta última canção, o trecho que diz que “o medo que algum dia / o mar também vire sertão” é atribuída a Antonio Conselheiro (1830-1897), religioso nordestino que liderou uma comunidade na chamada Guerra de Canudos. Os autores compuseram esta música como uma forma de protesto contra a construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho (na Bahia).
Aprendíamos também que o Brasil era um país abençoado pela água, com grandes rios e o famoso aquífero-guarani na América do Sul (1996, onde boa parte concentrava-se no Brasil). Seca era uma situação apenas na Região do Nordeste, porém o cenário começou a mudar nos últimos anos, devido à escassez de chuva em nosso país.
Em 2015, estamos vivenciando uma crise hídrica no Brasil, a qual tem sido muito noticiada pelos meios de comunicação na tentativa de que o povo brasileiro diminua o seu consumo.
Nessa onda de discussões sobre o tema da escassez de água, algumas exposições vem tratando do tema sob os mais diversos aspectos, imortalizando dessa forma o momento pelo qual o Brasil está passando.
No SESC Unidade São Gonçalo, por exemplo, aconteceu no último mês de março uma exposição fotográfica chamada Água Viva com lindas imagens retratadas por Fátima Marchi.
“A problematização da água através do olhar da arte, com a intenção de despertar um novo sentindo a esse elemento essencial para a vida. A mostra tem a água como o elemento que interfere, modifica e questiona o objeto fotografado em três momentos: essencial, lúdico e interativo”, diz o texto de apresentação da exposição.
“Água…viva?, água, vivaaa!!! Viva a água!!!”. Através destas pequenas frases bem significativas aliadas às imagens, a curadora apresenta a importância da água na nossa vida. Com a chuva temos a água, esta nos traz vida em diversos momentos, até para o dia a dia ou para o lazer.
Ainda no SESC São Gonçalo, na Sala de Leitura, foi montada uma estante com livros que tratam da temática da água, sobre origem, preservação, consumo consciente, natureza, energia, para o uso de artistas em suas pinturas etc., além de livros infantis sobre o assunto.
Outra exposição que está em cartaz desde 2013 é O Mar Brasileiro na Ponta dos Dedos, realizada no Museu Nacional (MN/UFRJ), sob a curadoria do biólogo Fernando Coreixas de Moraes. É uma exposição piloto denominada Espaço Ciência Acessível, onde o público visitante pode tocar nas esponjas, nos corais, em uma tartaruga verde, em um Pingüim de Magalhães, dentre outros.
A exposição está vinculada ao projeto Ilhas do Rio que trouxe para o Museu amostras coletadas do Monumento Natural das Ilhas Cagarras. É uma exposição pensada para crianças, pessoas com deficiência visual e motora, pois estão ao alcance das suas mãos.
Outra exposição cuja temática também é a água, mais especificamente a praia, está no Solar do Jambeiro na cidade de Niterói (RJ). A exposição A Praia (The Beach), apresenta pinturas à óleo do artista norte-americano, John Nicholson, radicado no Brasil. É o seu olhar sobre as praias do Rio de Janeiro, principalmente, Copacabana, Leme e Ipanema. O seu olhar volta-se também para o cotidiano neste lugar onde são levados objetos, como guarda sol e cadeiras. A curadoria é de Clarice Tarran. A inauguração da exposição foi em março e permanece até o mês de abril.
Por fim, termino a questão dos museus com a água, com uma homenagem ao escritor Jorge Amado (1912-2001) que foi realizado pelo Museu Janete Costa de Arte Popular. Este novo museu, na cidade de Niterói, fica em frente ao Solar do Jambeiro.
A exposição é sobre O Brasil de Jorge Amado, um autor que esteve intimamente ligado em sua literatura ao mar. Entre as obras podemos destacar: Mar morto (1936), Capitães da areia (1937), A estrada do mar (1938), Os velhos marinheiros (1961), Tieta do Agreste (1977), Navegação de cabotagem (1992), A descoberta da América pelos turcos (1994).
A exposição possuía as seguintes temáticas: a Bahia, gastronomia, mulheres, amigos e o mar. Assim que adentramos no Museu, víamos a imagem de Iemanjá, num barco, ao som do mar, como pode ser visto nas fotografias que ilustram esta matéria. Traçava a trajetória desse grande escritor, apresentando suas obras em livros e adaptações. Jorge Amado se definia: “Sou com uma garça triste que mora na beira do rio”.
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