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Entre Amigas

RIO – Quem passa diariamente pela Avenida Presidente Vargas no Centro do Rio dificilmente repara em um prédio que abriga uma instituição dedicada a, entre outras coisas, resgatar a autoestima da mulher. A ONG (organização não governamental) Entre Amigas foi fundada em 2009 pela jornalista Márcia Peltier. A sede da instituição fica no Centro Administrativo do Metrô Rio, e é exclusivamente voltada para mulheres maiores de 18 anos. “A jornalista Márcia Peltier tinha um programa que se chamava: Clube das Mulheres. Ela percebeu que ajudava uma mulher em cada exibição desse programa. Ela percebeu que existiam muitas mulheres que se inscreviam e ela não podia ajudar. Daí surgiu essa vontade de ter um projeto voltado pra mulher”, destaca Mariana Corrêa, responsável pelo espaço.

O espaço amplo e moderno abriga uma série de atividades voltadas à capacitação das mulheres atendidas. Em parceria com algumas empresas, a instituição desenvolve cursos de capacitação, dentre os quais se destacam os de governança e auxiliar de cabelereiro. Mariana ressalta que, além dos cursos profissionalizantes, a ONG está sempre buscando palestras sobre saúde da mulher, sobre comportamento etc. Ou seja, algo que possa de alguma forma melhorar a vida da clientela.  Um dos destaques no atendimento ao público feminino é a biblioteca, onde se encontra um acervo voltado especialmente para este gênero. Mariana explica que a ideia da biblioteca se desenvolveu a partir de uma parceria com a ONG Esquina do Livro, que montou a biblioteca com livros que não eram aproveitados em seus projetos, pois o seu foco é o público infantil. “Titi de Lamare [diretora da Esquina do Livro], recebia muita doação de livros adultos, livros diversos que não se encaixariam no programa. Ela é amiga da Márcia e quando a Márcia comentou que tinha criado uma ONG voltada pra mulher foi a deixa pra pegar um espacinho e botar esses livros que ela não podia utilizar lá com as crianças. A aceitação no começo, eu sinceramente achei que não teria muita procura, porque o público que atendemos aqui não tem muita essa cultura, essa vontade de ler. Eu estava totalmente enganada, porque por semana temos mais ou menos uns cinquenta empréstimos e isso só aumenta e inclusive de homens porque eles podem pegar livros aqui”.

No começo quando a ONG foi inaugurada o foco eram os funcionários do Metrô Rio (que é o maior parceiro
da instituição) e seus familiares. Só que a instituição viu que podia se expandir. Atualmente são atendidas pessoas dos municípios de São Gonçalo, Niterói, Barra de Guaratiba, Cachoeira de Macacu entre outras cidades. O trabalho é árduo, mas os resultados já são visíveis. No começo do ano foi feito um balanço que mostra que até dezembro de 2010 a instituição tinha ajudado e capacitado, inclusive com ajuda psicológica, mais ou menos novecentas mulheres. “E agora esse ano temos a pretensão de aumentar muito mais. Como tem a cozinha industrial, que nós estamos montando, vamos ter mais ou menos uns dez cursos de culinária. Então acredito que tenha um público ai bem grande na metade do ano. Até ao fim do ano, acho que a gente consegue capacitar mais umas trezentas mulheres”.

Dados do site da instituição dão conta de que quase três milhões de mulheres lideram os lares do país, sendo que 30% delas elas já são responsáveis pelos domicílios no Brasil. O site ainda informa que entre 1995 e 2005 o número de famílias chefiadas por mulheres cresceu 35%. Isso reforça a necessidade de iniciativas desse tipo, sobretudo por se tratar de uma grande parcela da população que muitas vezes tem que dar conta de uma série de atividades, as quais nem sempre são reconhecidas. A ONG é marcada por histórias de superação, como, por exemplo, da mulher com problemas cardíacos que vinha da comunidade de São Carlos caminhando para fazer um curso de cabelereiro trazendo uma filha no colo. “Essa força de vontade dela de estar aqui, de fazer o curso foi bem marcante. No dia da formatura, no final de cada curso nós fazemos uma cerimônia, quando ela recebeu o diploma, ela me abraçou. Eu fico até emocionada. Ela disse: “metade desse diploma é seu!”.

A partir de hoje, caso você esteja passando pela Central do Brasil, não se iniba e pare para uma visita a Entre Amigas, certamente você será muito bem recebida.

Clique aqui e leia integralmente a entrevista de Mariana Corrêa que compôs essa reportagem.

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