Milhares de pessoas, em sua grande maioria mulheres, tomaram as ruas do Centro do Rio na tarde deste sábado, 29, situação que se repetiu em mais de cem cidades por todo o Brasil. Os protestos foram uma reposta às posições conservadoras do candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), que em diversas ocasiões demonstrou desprezo pelas cidadãs.
À Cinelândia, palco de diversas manifestações ao longo da história do país, convergiram trabalhadoras, estudantes, feministas, religiosas, mães, filhas, esposas, enfim, as mulheres que temem ter no cargo máximo do Brasil uma pessoa que enxerga nelas algo menor, menos importante, menos digno, inclusive para receber uma salários igual aos dos homens que comprem as mesmas funções.
“Eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…’ Bonito pra c…, pra c…! Quem que vai pagar a conta? O empregador”, disse Bolsonaro em entrevista ao Zero Hora em 2015, responsabilizando as mulheres por problemas na economia.
A mobilização das Mulheres Unidas Contra Bolsonaro ganhou força depois que a página do Facebook do grupo, criada por eleitoras que rejeitam o presidenciável, foi atacada por hackers no último dia 16. Na ocasião, a página teve a foto de capa alterada para uma de Bolsonaro com uma bandeira do Brasil. Nesta semana uma das administradoras do grupo, Maria Tuca Santiago, chegou a ser agredida por três homens.
No Rio, durante os protestos de hoje se entoaram palavras de ordem contra o presidenciável. “Ele não, ele nunca, ele jamais” foi repetido em coro pela multidão diversas vezes. “Eu estou aqui na Cinelândia gritando ‘ele não’ porque o Brasil não pode andar pra traz. Nós vivemos numa democracia e no que depender de mim e de todas as mulheres e todos os homens de bem realmente nesse país, no que depender de nós, ainda vamos continuar vivendo num país democrático. Ele não, ele nunca, ele jamais!”, disse a escritora Bárbara Caldas.
“Eu acho importantíssima a participação de todos os bibliotecários neste momento político em que nós estamos sob a ameaça de um governo fascista e um governo ultraliberal, em que todas as conquistas das área de educação e da área de cultura estão sob uma ameaça de praticamente de extinção. Vamos lutar contra este senhor Bolsonaro. Ele não! Então todas as mulheres […] têm de estar comprometidas em derrotar este projeto político”, desabafou a bibliotecária Gilda Queiroz.
As estimativas não dão conta de quantas pessoas estiveram no ato no Centro do Rio, mas o fato é que as imagens não deixam dúvidas de que passou da casa dos milhares. A marcha seguiu tranquilamente até a praça XV, onde se encerrou de forma pacífica com um show comandado por grupos de mulheres, as protagonistas deste dia histórico não só na capital carioca, mas em todo o Brasil.
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