Por Bianca Paiva da Agência Brasil
Pela primeira vez, o governo do Amazonas terá de pagar os direitos autorais das músicas que vão ser tocadas no Festival de Parintins. Neste ano, a festa ocorre nos dias 24, 25 e 26 de junho.
Apresentação do Boi Garantido, durante o Festival de Parintins de 2015
O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) conseguiu uma liminar na Justiça que determina, em um prazo de dez dias, a retenção e o depósito em juízo de 10% do patrocínio público total do evento. O valor já seria repassado às Associações dos Bois Bumbás Caprichoso e Garantido pelo governo amazonense , mas agora o Ecad é quem vai definir como será a distribuição da quantia para os músicos e compositores.
Em caso de descumprimento, o governo amazonense terá de pagar multa diária no valor de R$ 10 mil reais.
O Ecad é responsável pela arrecadação e distribuição dos direitos autorais das músicas tocadas publicamente. Segundo o coordenador Jurídico do Escritório, Anderson Silva, houve a tentativa de um acordo com a organização do Festival antes de partirem para a via judicial.
“A gente sempre buscou de forma amigável uma conversa, até com as associações dos bois, com os responsáveis pelo evento para a cobrança dos direitos autorais. A gente não sabe o motivo pelo qual não havia acontecido nunca o pagamento. Ajuizamento é a última alternativa quando a gente não consegue resolver de forma amigável”, afirmou o advogado.
De acordo com informações do Ecad, a Justiça também estabeleceu o livre acesso dos técnicos da instituição ao Festival de Parintins e às planilhas de músicas executadas publicamente em 2015 e que serão tocadas neste ano.
O pagamento ao Ecad está previsto na Lei Federal dos Direitos Autorais (9.610/98). A instituição esclarece que o valor pago não representa uma taxa ou imposto. Trata-se de uma licença prévia para utilização das músicas protegidas e que beneficia milhares de artistas que vivem da música.
Apresentação do Boi Caprichoso no festival de 2015
“Em eventos como esse, um dos dez maiores do Brasil, muitas obras de titulares vinculados e filiados às associações que compõem o Ecad deixam as suas obras lá para execução. E se o Ecad não conseguir cobrar esses valores para poder distribuir perfeitamente, é muito difícil que eles consigam receber se não for através do Ecad. Muitos dos autores dependem dos direitos autorais para sua subsistência, por isso, é muito importante que se recolha os direitos autorais”, acrescentou o coordenador jurídico do Ecad.
O governo do Amazonas ainda pode recorrer da decisão da justiça. A Secretaria de Estado de Cultura e as associações dos Bois Caprichoso e Garantido informaram que ainda não foram notificadas sobre a ação e que não irão se manifestar no momento.
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