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Dez trabalhos de Alfredo Bosi, escritor e crítico literário, morto em decorrência da Covid-19 nesta quarta-feira, 7

Alfredo Bosi. Imagem: reprodução do YouTube

O escritor e crítico literário, Alfredo Bosi, morreu nesta quarta-feira, 7, aos 84 anos, em São Paulo. Segundo amigos, Bosi, que era ocupante da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras (ABL), já estava com problemas de saúde desde a morte da esposa, Ecléa Bosi, em 2017, e havia contraído Covid-19 nos últimos dias.

Bosi nasceu em 26 de agosto de 1936 e fez carreira no departamento de Letras da Universidade de São Paulo (USP) com ensino de literatura. Um dos maiores críticos literários do país, focou sua produção em grandes nomes italianos, como Luigi Pirandello e Giacomi Leopardi, e brasileiros, como Machado de Assis, Jorge de Lima, Guimarães Rosa e Cecília Meireles.

Com apenas 30 anos, escreveu “História concisa da literatura brasileira”, obra que viraria uma referência nos estudos literários brasileiros. “História concisa da literatura brasileira não é um manual, um livro com datas, tem análises e foi escrito quando ele era muito jovem. Bosi se caracterizou sempre por ser um homem de cultura enciclopédica”, disse o professor e editor Augusto Massi, ao Yahoo.

“A tanta dor, soma-se a morte do admirável acadêmico Alfredo Bosi. Sou tomado de profunda emoção. Nem encontro palavras. Escrevo com olhos marejados.  Bosi: um homem de profunda erudição, humanista inconteste, um homem que estudou o Renascimento e que o representou. Realizou uma abordagem nova da cultura do Brasil. Dialética da colonização é um clássico desde o nascedouro”, declarou o Presidente da ABL, Marco Lucchesi.

“Lamento muitíssimo a morte de Alfredo Bosi, um dileto amigo, intelectual da mais  alta envergadura, admirável ser humano, com quem tive a alegria e a honra de conviver, e que sempre considerei um de meus grandes mestres.”, afirmou o escritor e imortal Antonio Carlos Secchin.

Para lembrar a produção deste intelectual, a Biblioo preparou uma lista com dez importantes livros escritos por Bosi ao longo de sua carreira:

“Esta é uma obra canônica, dentro da historiografia literária brasileira. […] O próprio Bosi é consciente de que teóricos como Croce, Gramsci, Jauss, entre outros, formaram seu corpus teórico, o qual fundamentou suas escolhas e procedimentos metodológicos de escrita dessa história da literatura; cuja importância dentro do curso de Letras no Brasil se alastrou ao longo das últimas décadas do século XX.” (Carlos Giovani Dutra Del Castillo).

“O conto cumpre o seu modo distinto da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é quase-documento folclórico, ora a quase-crônica da vida urbana, ora o quase-drama do cotidiano burguês, ora o quase poema do imaginário às soltas, ora, enfim, grafia brilhante e preciosa votada às festas da linguagem.” (Alfredo Bosi).

“A poesia como resposta às ideologias opressivas é o fulcro mesmo das minhas ponderações sobre a lírica que estão expressas em vários momentos da minha obra e cristalizadas no ensaio que se chama ‘Poesia Resistência’, um dos capítulos de ‘O Ser e o Tempo da Poesia’”. (Alfredo Bosi).

“Céu, inferno integra, no mesmo movimento crítico, autores como Croce e Gramsci, Mário de Andrade e Carpeaux, Cecília Meireles e Ferreira Gullar. Mais do que um roteiro erudito de leituras, a presença desses e de outros nomes revela uma perspectiva histórica profunda. Entrelaçar as modulações das vozes individuais no tecido enervado das ideologias foi a tarefa que se impôs este intérprete.” (Editora 34).

“Colonização, culto, cultura. Três palavras que se aparentam pela raiz verbal comum. Colonização diz o processo pelo qual o conquistador ocupa e explora novas terras e domina os seus naturais. Culto remete à memória dos deuses e dos antepassados que vencedores e vencidos celebram. Cultura é não só a herança de valores mas também o projeto de um convívio mais humano. A cada conceito responde uma dimensão temporal: o presente, o passado e o futuro. Em capítulos que vão de Anchieta à indústria cultural, Alfredo Bosi, o conceituado autor da clássica História concisa da literatura brasileira, persegue com sensibilidade as formas históricas que enlaçaram colonização, culto e cultura: Dialética da colonização é o resultado deste percurso sui generis na história do pensamento brasileiro.” (Google Livros).

“Quem quer que leia o […] livro de Alfredo Bosi não terá dificuldades em entender porque os psicanalistas foram uma vez tachados de “críticos literários sem nuança” (Eulálio, 1993, p. 358). Em compensação, terá oportunidade de coletar argumentos mais que habilitados para rebater a essa provocação, adquirindo uma visão matizada e historicizada da obra de Machado, da literatura e da própria vida.” (Celina Ramos Couri)

“Nesta coletânea de ensaios, Alfredo Bosi leva para a crítica a atitude de resistência cultural e política dos escritores que ele tematiza, como Basílio da Gama, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e João Antônio, entre outros. Para Bosi, o crítico literário deve ser também um crítico da cultura. Literatura e resistência reúne ensaios que vêm dar continuidade ao ângulo de leitura que o autor desenvolveu no já clássico Dialética da colonização (Companhia das Letras, 1992), em que a ênfase da análise recai sobre o jogo contraditório entre criação e tradição. Bosi revê o percurso da crítica literária no Brasil e propõe um “historicismo renovado”, que não esconde a sua admiração pela obra de Antonio Candido. Armado dessa perspectiva que enfoca ao mesmo tempo ‘a circunstância nacional’ e ‘a dimensão do humano universal’, ele examina uma série de obras literárias em que a resistência se faz motor da ação.” (Google Livros).

“Em relação ao contexto brasileiro, o ensaio distingue três vertentes ideológicas. A hegemonia do liberalismo excludente rege a biografia inteira de Brás, que começa no período colonial. O novo liberalismo democratizante, formado nos anos de 1860-70, alimenta a sátira local do narrador. Enfim, o moralismo cético enforma a perspectiva geral da obra, refratária às certezas progressistas inerentes ao novo liberalismo.” (Alfredo Bosi).

“O clássico tema da ideologia é retomado por Alfredo Bosi em Ideologia e contraideologia, de um modo, sob vários aspectos, inovador. Não apenas pelo seu estilo entre ensaístico e tratadístico, mas também pela ênfase conferida ao outro lado da moeda, a contraideologia, bem como pela constante preocupação de cotejar os acontecimentos histórico-culturais europeus, desde o fim da Idade Média até o presente, com a realidade exterior à Europa, principalmente o Novo Mundo, com atenção especial ao Brasil.” (Rodrigo Duarte).

“Obra de erudição e intervenção, Entre a literatura e a história oferece uma paisagem ampla e profunda da crítica de Alfredo Bosi. Reunindo ensaios, prefácios, depoimentos e entrevistas, o livro se organiza em feixes temáticos que iluminam o balanço e a tensão entre a história e a literatura. Mesmo para os leitores assíduos de Bosi, os textos já conhecidos ganharão nova espessura, como se o conjunto atasse as linhas de um discurso que indaga o poder da literatura diante de seus condicionamentos sociais e históricos.” (Pedro Moreira Monteiro).

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