“Como um romance”, do pedagogo francês Daniel Pennac, é uma daquelas obras que deveriam ser consideradas essenciais para quem trabalha com o incentivo à leitura. É um livro revelador que nos aponta equívocos cometidos por diversos pais e educadores na tentativa de fomentar o hábito de ler entre os jovens.
Em diversos casos, o efeito é desastrosamente contrário: afastamento em vez de atração. Pennac relata a exitosa experiência, realizada entre ele e seus alunos, que leva em consideração os diferentes tempos em que os jovens despertarão para a leitura, devido às distintas experiências de cada um e ao modo como as obras lhes afetarão.
O livro pode ser considerado um ensaio-romanesco ou um romance-ensaístico, já que fala sobre o processo de iniciação à leitura com o espírito crítico esperado de um ensaio e com uma narrativa própria de um romance. Para quem gosta de ler, será uma oportunidade para compreender os motivos que levam tantas pessoas a serem refratárias ao hábito da leitura. Aos que não apreciam esse exercício, um conselho: deem-se mais uma chance. Pode ser que descubram de onde surge a “leiturofobia”, perdendo, quem sabe, essa aversão, num processo semelhante a uma análise cujo psicanalista é o próprio leitor (ou não-leitor).
E pode ficar calmo, meu caro (ainda) não-leitor, você não será obrigado a gostar de ler, Pennac não apontará um livro em sua direção como se portasse uma arma. Pode ler sem pretensões e, provavelmente, irá se surpreender.
Para entender um pouco sobre Pennac e o livro, leia abaixo os “10 direitos do leitor”, segundo o autor:
- O direito de não ler.
- O direito de pular páginas.
- O direito de não terminar um livro.
- O direito de reler.
- O direito de ler qualquer coisa.
- O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
- O direito de ler em qualquer lugar.
- O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
- O direito de ler em voz alta.
- O direito de se calar.
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