Por Paulo Virgílio da Agência Brasil
Imagens que remontam aos primórdios da fotografia, feitas com técnicas anteriores à descoberta do negativo, integram a exposição Retratos da Família Brasileira, aberta na noite de hoje (26) na galeria do Espaço Cultural BNDES, no centro do Rio. A mostra é composta por 800 fotografias da coleção do psicanalista, cineasta e fotógrafo José Inácio Parente e traçam um panorama histórico da família brasileira entre 1850 e 1960, período que coincide com o da evolução da fotografia no país.
Atualmente com cerca de 10 mil imagens, a coleção de Parente começou a ser formada em 2006, quando ele passou a frequentar feiras de antiguidades. Na época, o psicanalista tinha publicado o livro Pai Presente e pretendia reunir fotos antigas de pais e filhos para um outro livro de temática relacionada à paternidade.
Curadoria dividiu a exposição em diversos temas, como crianças, jovens e até automóveis e brinquedos
“Só que a procura foi se expandindo e, naturalmente, começaram a entrar mães, sobrinhos, netos, tios, avós”, diz o colecionador, que há três anos ganhou o prêmio Marc Ferrez, do Ministério da Cultura, para catalogar e disponibilizar o seu acervo em um site para pesquisas.
Também curador de sua própria mostra, José Inácio Parente optou por dividir esse recorte da coleção em temas. São crianças, jovens, rituais como primeira comunhão e casamento, famílias numerosas e até automóveis e brinquedos. “Definir o que é família não é fácil. Há uma foto de 1860 com um senhor. Isso é família? Claro, porque não sabemos nada sobre ele, mas certamente tinha seus laços familiares”, exemplifica.
Entre as raridades, estão fotos feitas com técnicas como o daguerreótipo, criado em 1839 e que consiste na fixação de uma imagem sobre uma placa de cobre, que fica positiva ou negativa, dependendo do ângulo em que seja observada. Há também o ferrótipo, processo de impressão sobre uma chapa de ferro revestida com esmalte e o ambrótipo, imagem fotográfica positiva sobre placas de vidro.
Outra curiosidade da exposição são os retratos pintados, que eram muito comuns nas áreas rurais do país. A partir de imagens deterioradas, retratistas acrescentavam adereços, roupas, jóias, dando nova vida aos personagens das fotos.
Mostra traça um panorama histórico da família brasileira entre 1850 e 1960
Cearense de Fortaleza, nascido em 1942, José Inácio Parente é autor e diretor do filme Rio de Memórias (1987), ganhador de 12 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Tem mais cinco filmes em seu currículo cinematográfico e nas áreas de psicologia e fotografia publicou mais de dez livros.
A exposição Retratos da família brasileira 1850-1960 fica em cartaz até 9 de setembro e pode ser vista de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. A entrada é franca e o Espaço Cultural BNDES fica na Avenida Chile, 100, no centro do Rio.
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