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Clubes de leitura 6.0 migram para o digital

Impossibilitados de continuarem a frequentar as reuniões presenciais dos clubes de leitura 6.0, da Fundação Observatório do Livro e da Leitura, na Capital e em outras 13 cidades paulistas, idosos que antes da pandemia do Coronavírus não tinham sequer o hábito de ler livros em papel de uma hora para outra estão migrando para o digital. E, pelo que tudo indica, estão se dando bem. “Está sendo um aprendizado e um grande desafio para a nossa idade, e isto é maravilhoso”, afirma Cleide Tomazini, de 78 anos.

Eles leem o eBook ou o audiolivro mais votado e a cada duas semanas se reúnem – no mesmo dia, horário e canal – para conversar sobre o livro lido, exatamente como acontecia nos clubes físicos, antes do isolamento. Cada clube pode ter entre quatro a cinco participantes, mas alguns são bem maiores, como os mais antigo deles, criados em fins de março, numa ação denominada Quarentena Literária, respectivamente com 65 e 51 membros.

No novo formato, na versão isolamento social, as pessoas que se inscrevem ganham uma assinatura anual que dá acesso a uma biblioteca digital com mais de 20.000 eBooks, além de jornais e periódicos. No modelo mais usual dos clubes online do Observatório, cada clube se reúne, separadamente, numa sala virtual do app Google Meet. Os encontros têm duração média de uma hora a uma hora e meia, um pouco menos de quando era no formato presencial.

Em alguns clubes as conversas se dão em grupos no WhatsApp, com apoio de áudios, mensagens de texto e fotos ou por videoconferência. “Tem sido uma experiência muito rica”, diz Telma Olivieri, 64 anos, que está mediando um grupo com o aplicativo no Centro de Convivência Intergeracional no Perus.

Os clubes de leitura do Observatório do Livro e da Leitura começaram a ser implantados em fevereiro. Dos 100 clubes para pessoas acima de 60 anos previstos para acontecer na Capital, Santos, Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Osasco, Suzano, Itapevi, Campinas, Sorocaba, Sumaré, Piracicaba, Araraquara, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Sertãozinho e São Carlos, foram abertos 60 até o dia 13 de março, com 573 membros. Os demais seriam inaugurados na segunda quinzena, o que acabou não ocorrendo, por ordem do Conselho Estadual do Idoso e das próprias prefeituras.

A maioria dos participantes dos clubes tem entre 60 anos e 80 anos, mas há membros bem mais velhos, como é o caso de Dona Palmira, de Araraquara, que já completou 100 anos. Por ora, nove clubes estão operando no formato online, totalizando perto de 200 leitores, número que deve chega a 1.000 no final de julho, com a realização do III Congresso Nacional de Leitura online (Conaler 2020), com o tema “Leitura e Envelhecimento Saudável”, que prevê ampliar o número de participantes que, nas edições anteriores, foi em torno de 6.000 inscritos.

Diante da necessidade de paralisar as atividades presenciais do projeto, o presidente do Observatório do Livro e da Leitura, Galeno Amorim, diz que a instituição decidiu aprofundar sua atuação para incluir digitalmente os idosos. “Além do entretenimento de qualidade e da interação entre as pessoas, ler livros de literatura durante a quarentena ajuda as pessoas, e principalmente os mais velhos, a lidar melhor com temas como solidão, angústia, insegurança ou medo em tempos duros como os atuais”, afirma ele.

O Clube da Leitura 6.0, enquadrado na Lei do Idoso pelo Conselho Estadual do Idoso, é realizado em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e tem o patrocínio da Americanas, UOL, Bic, GetNet, Deloitte, Bayer, Nitro Química, Raízen, Sotreq e Metso, e o apoio da Recode, Fundação Demócrito Rocha, Frente Nacional de Prefeitos e das empresas Foroni e Consigaz.

Alguns dos livros lidos:

“O Visconde Partido ao Meio” (Ítalo Calvino)

“Perto do Coração Selvagem” (Clarice Lispector)

“No seu pescoço” (Chimamanda Ngozi Adichie)

“O Estrangeiro” (Albert Camus)

“Essa Gente” (Chico Buarque)

“O Vermelho e o Negro” (Stendhal)

“Aquela Água Toda” (João Carrascoza)

“50 crônicas escolhidas” (Rubem Braga)

“Quando a primavera chegar” (Marina Colasanti)

“Felicidade – Modos de Usar” (Karnal, Pondé e Cortella)

“O Dilema do Porco Espinho” (Leandro Karnal)

“Conto da Ilha Desconhecida” (José Saramago)

“Cinco Mulheres” (Machado de Assis)

“Alice no País das Maravilhas” (Lewis Carroll)

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