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20ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Por Marcelo Miranda, da ETC Comunicação.

Foto: Leo Lara/Universo Produção

Entre inéditos e pré-estreias, seleção de 2017 tem recorde de filmes dirigidos por mulheres, documentários sobre personalidades da cultura nacional e muita invenção e criatividade; abertura será no dia 20, com “Divinas Divas”, de Leandra Leal, no Cine-Tenda.

Na edição de aniversário de 20 anos, a Mostra de Cinema de Tiradentes, a ser realizada entre os dias 20 e 28 de janeiro na cidade histórica mineira, exibirá 33 longas-metragens, divididos em nove mostras temáticas (Aurora, Homenagem, Olhos Livres, Cinema em Reação, Horizonte, Praça, Bendita, Sessão-Debate e Mostrinha) de representantes de 10 Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Paraná, Maranhão, Espírito Santo, Distrito Federal e Goiás). Em nove dias de intensa programação no Cine-Tenda, Cine-Teatro e Cine-Praça, a Mostra Tiradentes se confirma como a grande plataforma do cinema autoral brasileiro e apresenta diversas pré-estreias nacionais e filmes premiados em festivais no Brasil e no exterior. A abertura, dia 20, sexta, às 21horas, no Cine-Tenda, terá exibição de Divinas Divas, dirigido pela atriz e produtora Leandra Leal, uma das homenageadas da Mostra este ano. O encerramento será com a exibição de A cidade onde envelheço, de Marília Rocha.

O eixo curatorial de 2017, “Cinema em Reação, Cinema em Reinvenção”, permeia diversos dos títulos selecionados, ainda que não tenha sido a base para as escolhas. Conforme diz o curador da Mostra, Cléber Eduardo, a temática foi pensada antes da definição dos filmes e serve de provocação e estímulo para se pensar como o cinema brasileiro contemporâneo de autor tem se comportado diante das complexidades políticas, sociais e econômicas do país. “Boa parte dos longas partem, de fato, de reações ao atual estado das coisas, porque a noção de reação está estabelecida entre os realizadores. Já a noção de reinvenção precisa ser inventada”, comenta Cléber, exaltando os estímulos e os riscos de novas propostas de linguagem que poderão ser conferidos em Tiradentes.

Estatisticamente, é um ano muito especial para a Mostra. Dos 33 longas programados, 29 são títulos recentes (os outros quatro resgatam trabalhos das homenageadas Helena Ignez e Leandra Leal). Deste total, 14 vão ter sua primeira exibição durante o evento (os 7 da Aurora e outros 7 das demais seções). “Pela primeira vez na história da Mostra, o número de primeiras sessões é quase o mesmo de filmes exibidos em algum evento anterior. Esse volume de inéditos, menor apenas que de um ou outro festival no país, confirma a maturidade de Tiradentes ao chegar aos 20 anos”, destaca o curador.

Outra marca inédita e importante na edição de 2017 é a quantidade de filmes dirigidos por mulheres. Cléber Eduardo conta que, dos 157 longas inscritos para a Mostra deste ano, 33 tinham mulheres na direção, ou seja, 21% do total, a maior proporção em duas décadas. Entre os 29 novos títulos selecionados, 12 são de realizadoras, 41% dos selecionados, também um recorde no evento. “Estes dados deixam claro que o número de filmes de cineastas mulheres aumentou muito nos últimos anos, e os que entraram na Mostra se impuseram naturalmente”, comenta Cléber Eduardo.

O curador ainda chama atenção para dois aspectos muito fortes nos documentários a serem apresentados este ano. “Um é o caráter observacional da abordagem, a câmera que fica a olhar um personagem, um espaço ou a relação entre eles”, enumera. “O outro é a reutilização da primeira pessoa, agora com atenção maior ao outro e ao próximo, e não tanto a si mesmo, como já aconteceu. Os diretores que narram seus filmes passaram a dar atenção ao outro”.


DIVERSIDADE

Os espectadores da Mostra poderão conferir no Cine-Praça filmes sobre importantes personalidades da cultura brasileira, que já dizem a que vieram desde os títulos – casos de Pitanga, de Beto Brant e Camila Pitanga, que celebra a trajetória do mítico ator Antônio Pitanga, e Guarnieri, de Francisco Guarnieri, que resgata a vida e obra do ator e dramaturgo Giafrancesco Guarnieri. Será ainda espaço para o impactante Martírio, de Vincent Carelli, sobre a luta pela sobrevivência dos Guarani-Kaiowá, e para os também documentários O Jabuti e a Anta, de Eliza Capai, e O Que nos Olha, de Ana Johann.

Na mostra Olhos Livres – novidade deste ano e cujo nome homenageia o cineasta Carlos Reichenbach, falecido em 2012 –, estão trabalhos marcados por curto-circuitos nas abordagens, entre eles A Destruição de Bernardet, de Cláudia Priscila e Pedro Marques e protagonizado pelo crítico, ator e performer Jean-Claude Bernardet; Guerra do Paraguay, do veterano Luiz Rosemberg Filho; e Lamparina da Aurora, terceiro longa-metragem do maranhense Frederico Machado.

A Mostra Aurora, que chega a sua 10ª edição e reúne sete longas a serem avaliados pelo Júri da Crítica: “Baronesa”, de Juliana Antunes; “Corpo Delito”, de Pedro Rocha; “Eu não Sou Daqui”, de Luiz Felipe Fernandes e Alexandre Baxter; “Histórias que nosso Cinema (não) Contava”, de Fernanda Pessoa; “Sem Raiz”, de Renan Rovida; “Subybaya”, de Leo Pyrata; e “Um Filme de Cinema”, de Thiago B. Mendonça.

A Sessão Horizonte traz filmes já de alguma circulação nacional e internacional, dirigidos por realizadores de prestígio sempre crescente. A mais veterana é Eliane Caffé, que chega com Era o Hotel Cambridge, ganhador do Festival do Rio no ano passado. Estreando em longa, Ricardo Alves Jr. vem com Elon não Acredita na Morte, enquanto Marília Rocha apresenta seu quarto trabalho, A Cidade onde Envelheço. Completam a lista Entre os Homens de Bem, de Caio Cavechini e Carlos Juliabno Barros, e Mulher do Pai, de Cristiane Oliveira.

Na Sessão Bendita, que apresenta títulos no avançar da madrugada do Cine-Tenda, estão A Repartição do Tempo, de Santiago Dellape, e Terra e Luz, de Renné França. O Cine-Debate deste ano tem dois títulos bastante distintos e com diversos caminhos por onde serem discutidos com o público: Precisamos Falar do Assédio, de Paula Sacchetta e cujo nome já adiante seu tema; e Sutis Interferências, de Paula Gaitán, que mergulha na invenção musical de um artista impetuoso. Dialogando diretamente com a temática do ano, a Sessão Cinema em Reação exibe O Homem que Matou John Wayne, de Diogo Oliveira e Bruno Iaet, que coloca o lendário diretor Ruy Guerra em “confronto” com um ícone da cultura norte-americana.

 

CONFIRA TODOS OS LONGAS-METRAGENS NA 20ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

MOSTRA HOMENAGEM

Antes do Fim, de Cristiano Burlan (SP)

Copacabana mon Amour, de Rogério Sganzerla (SP)

Divinas Divas, de Leandra Leal (RJ)

Nome Próprio, de Murilo Salles (RJ)

Ralé, de Helena Ignez (SP)

MOSTRA AURORA

Baronesa, de Juliana Antunes (MG)

Corpo Delito, de Pedro Rocha (CE)

Eu não sou daqui, de Luiz Felipe Fernandes e Alexandre Baxter (MG)

Histórias que nosso cinema (não) contava, de Fernanda Pessoa (SP)

Sem Raiz, de Renan Rovida (SP)

Subybaya, de Leo Pyrata (MG)

Um filme de cinema, de Thiago B. Mendonça (SP)

MOSTRA OLHOS LIVRES

A destruição de Bernardet, de Claudia Priscilla e Pedro Marques (SP)

Guerra do Paraguay, de Luiz Rosemberg Filho (RJ)

Homem-Peixe, de Clarisse Alvarenga (MG)

Lamparina da Aurora, de Frederico Machado (MA)

Modo de Produção, de Dea Ferraz (PE)

Os incontestáveis, de Alexandre Serafini (ES)

MOSTRA PRAÇA

Guarnieri, de Francisco Guarnieri (SP)

Martírio, de Vincent Carelli, com co-direção de Tita e Ernesto de Carvalho (PE)

O jabuti e a anta, de Eliza Capai (SP)

O que nos olha, de Ana Johann (PR)

Pitanga, de Beto Brant e Camila Pitanga (RJ)

SESSÃO BENDITA

A repartição do tempo, de Santiago Dellape (DF)

Terra e Luz, de Renné França (GO)

SESSÃO CINEMA EM REAÇÃO

O homem que matou John Wayne, de Diogo Oliveira e Bruno laet (RJ)

SESSÃO-DEBATE

Precisamos falar do assédio, de Paula Sacchetta (SP)

Sutis interferências, de Paula Gaitán (RJ)

SESSÃO HORIZONTE

A cidade onde envelheço, de Marília Rocha (MG) – filme de encerramento

Elon não acredita na morte, de Ricardo Alves Jr. (MG)

Entre os homens de bem, de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros (SP)

Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé (SP)

Mulher do Pai, de Cristiane Oliveira (RS)

 

SERVIÇO

20ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

20 a 28 de janeiro de 2017

Incentivo: LEI FEDERAL DE INCENTIVO A CULTURA, LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA.

Patrocínio: Oi, ITAÚ, SESI FIEMG, MATER DEI, COPASA|GOVERNO DE MINAS GERAIS.

Parceria Cultural: SESC MG.

Fomento: CODEMIG|GOVERNO DE MINAS GERAIS.

Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO.

GOVERNO FEDERAL|ORDEM E PROGRESSO.

 

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