“A Biblioteca Nacional vende sua sede e passa a funcionar 100% online”, “Os arquivos do país serão gestados em sua totalidade por voluntários em 2020”. Já se deram conta das mentiras das notícias citadas anteriormente? Se não, afirmamos: são totalmente falsas. O artigo trata das notícias falsas que circulam pela internet, as fake news e como podemos nos prevenir.
Fake news ou notícia falsa é uma tentativa de fazer com que um grupo de pessoas creia em algo falso, tornando-a real. Nesse contexto, também se coloca fortemente a palavra “pós-verdade” (eleita como palavra do ano pelo Dicionário Oxford), um neologismo que descreve a situação na qual, no momento de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menor influência que as apelações das emoções e crenças pessoais. Agora, como as bibliotecas podem lutar contra isso?
Bibliotecas: espaço de formação de cidadãos
Sem dúvida, a luta das bibliotecas contra as fake news é uma luta desigual. Mas pode ser que a solução não esteja em lutar diretamente contra elas, e sim em formar pessoas capazes de identificá-las. Quantas vezes recebemos mensagens de credibilidade duvidosa no Whatsapp e desejamos compartilhá-las com todos nossos contatos? Quantas vezes vemos uma notícia pelo Facebook que nos surpreende por ser tão difícil de acreditar?
Na maioria das vezes, o que impera sobre esse tipo de notícia é a desinformação e o clique rápido, seja para ganhar dinheiro ou salvar nossos dados. [Um inciso: É importante diferenciar o que é uma notícia falsa de uma notícia satírica, como são as publicadas no El Mundo Today e O Sensacionalista].
Tiscar Lara (Diretora de Comunicação da EOI) comenta em um post de seu blog:
“Sobreviver neste mundo hiperconectado requer uma disposição de forte atitude ascética frente à informação que chega até nós, tais como a habilidade de discernimento e ferramentas de verificação que estejam a nosso alcance para navegar entre as informações falsas e as manipulações.”
Nas palavras de Tim Cook (Conselheiro Delegado da Apple), em uma entrevista realizada pelo portal TICbeat sobre as fake news:
“As notícias falsas destroçam a mente da gente. […] Todas as empresas de tecnologia deveriam criar ferramentas que ajudassem a diminuir o volume de notícias falsas. […] Necessitamos reinventar a função de auxiliar o público, com a vontade de todos, somos capazes.”
A polícia espanhola tratou de desmentir algumas notícias falsas e que geram desinformação através das redes sociais. Nesse sentido, existem sites que tratam de evidenciar as notícias falsas e informam a todos sobre a fraca veracidade ou a alteração da realidade. Sites como La Buloteca, Vost-StopBulos, Snopes, FactCheck, o buscador Hoaxy, e até mesmo extensões do Google Chrome, são elaboradas para identificar notícias falsas (B. S. Detector).
As bibliotecas têm muito que fazer em relação à alfabetização. Torna-se necessário planejar programas de formação informacional para o exercício da cidadania. O objetivo é claro: ajudar as pessoas a identificar informações falsas que chegam por distintos meios e a desenvolver o pensamento crítico. Caso seja de utilidade, há um tempo tratamos sobre como saber se uma fonte de informação é confiável ou não, e também sobre as buscas no Google e a necessidade de formação das pessoas nas bibliotecas.
Os oito passos para identificar uma notícia falsa
A IFLA (Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias) também está criando medidas para combater as fake news. Recentemente, elaboraram um infográfico e traduziram a diversos idiomas para que a mensagem se espalhe e as bibliotecas divulguem em suas comunidades.
O pensamento crítico é uma habilidade chave na alfabetização dos meios de comunicação e de informação, a missão das bibliotecas é educar e defender sua importância.
As discussões acerca das notícias falsas leva a um novo foco na alfabetização dos meios de comunicação tornando mais amplo o papel das bibliotecas e de outras instituições educativas.
O referido infográfico destaca oito passos essenciais para saber identificar uma notícia falsa:
- Estude a fonte: pesquise mais, verifique o site, objetivos e informações de contato.
- Leia mais: um título impactante pode capturar sua atenção, mas qual é o texto completo?
- Quem é o autor?Faça uma busca rápida sobre o autor. É confiável? É real?
- Fontes adicionais: abra as páginas e comprove se há dados que concordam com a informação publicada.
- Verifique a data: publicar notícias velhas não significa que sejam relevantes atualmente.
- É uma brincadeira?Se é muito extravagante pode ser uma sátira. Investigue o site e o autor.
- Considere os argumentos: tenha em conta que suas crenças e seus valores podem alterar sua opinião sobre algo.
- Pergunte a um especialista da área: consulte um bibliotecário ou um sitede verificação.
O que fazer quando uma notícia é duvidosa
Para terminar, gostaríamos de destacar o artigo publicado no El Periódico: “Manual para descobrir se uma notícia é falsa”, apresentando os dez pontos importantes para combater as informações falsas:
- O primeiro a se fazer: NÃO compartilhar.
- Leia os comentários da notícia. Pode ser que alguém já a tenha desmentido.
- Copie a imagem da notícia e busque em Google Imagens. Essa ação recolhe resultados caso a imagem tenha sido utilizada em outro site previamente com uma história completamente distinta.
- Veja se o site que compartilha a notícia é um meio confiável.
- Leia outras notícias que são divulgadas no meio para averiguar seu tom geral, se costuma ser verossímil ou duvidosa.
- Busque quem assina essa informação e busque mais informações sobre seu autor.
- Compare com outros meios para ver se comentaram a notícia.
- Revise as citações de fontes oficiais. Comprove se realmente querem dizer o que a notícia colocou.
- Se você detectar que é uma notícia falsa, recorra aos meios sociais, basta reportá-la como “spam” ou informação falsa.
- Se ainda assim não está claro, revise se a notícia aparece na web como fake news.
*Publicado originalmente sob o título “Las bibliotecas deben luchar contra las noticias falsas en Internet“. Tradução de Tatiani Meneghini
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