Livros perfurados por balas na biblioteca infantil. Foto: reprodução
Por Elenilce Bottari / Natália Boere, do Globo
Além de assustar moradores, o tiroteio entre policiais civis e traficantes ocorrido na última sexta-feira na Maré deixou marcas na biblioteca infantil Maria Clara Machado, localizada na comunidade de Nova Holanda, que é um projeto cultural da ONG Redes da Maré e integra a rede de bibliotecas comunitárias do estado. Inaugurado há cinco anos, o local foi alvejado por cerca de dez tiros durante o confronto, que atingiram vidraças, paredes e livros.
– Ainda bem que a bibliotece estava fechada na hora, por precaução. Se não, cerca de 30 crianças poderiam ter sido atingidas – comenta Lidiane Malanquini, assistente social do eixo de segurança da Redes da Maré, que dá expediente na comunidade.
Diretora da Redes da Maré, Eliana Silva diz que o fluxo de meninos e meninas com idades entre 3 e anos na biblioteca é contínuo:
– A biblioteca tem atividades diárias e acesso para duas ruas por onde os caveirões circularam. Como a operação começou cedo, as famílias não dexaram seus filhos sair de casa.
A operação da polícia civil tinha como objetivo encontrar o traficante Nicolas Labre Pereira, conhecido como Fat Family, que foi resgatado do hospital Souza Aguiar, no Centro, na madrugada do último domingo.
– A operação foi muito violenta. Tinham quatro caveirões circulando dentro da comunidade e policiais dando tiros, invadindo as casas. Moradores contam que três pessoas morreram – afirma Lidiane.
Ela conta que os moradores da Maré estão sofrendo com o cotidiano de operações semanais. Na última segunda-feira, houve uma operação do BOPE na comunidade também como objetivo de encontrar Fat Familiy. Escolas e o comércio foram fechados.
– Tentamos dialogar com a secretaria de Segurança Pública pedindo uma outra forma de lidar com a favela que não seja pelo confronto, mas não obtivemos resposta. São 142 mil habitantes que têm sua vida de alguma forma pasalisada por essas operações – diz Lidiane.
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