Do G1 Campinas
Apenas 23% das escolas públicas e privadas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) possuem bibliotecas, segundo dados do último Censo Escolar realizado no país. No entanto, 37% das instituições têm salas de leitura e 94% acesso à internet.
O estudo é organizado todos os anos pelo governo federal e os números da região foram tabelados pela Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp), com dados divulgados também pela Fundação Lehmann e Meritt.
Para o professor da Faculdade de Educação da Unicamp Sérgio Antonio da Silva Leite, todas as escolas devem ter uma biblioteca em funcionamento. “Eu continuo brigando pela ideia de que temos que ter uma biblioteca que funcione. E que os alunos sejam estimulados, porque tem escola que faz biblioteca e fecha. Isso dificulta porque acha que o aluno vai estragar livro. Isso não resolve nada “, explica.
Formar leitor
O educador ressalta ainda que para se formar leitores, a biblioteca é o lugar ideal, mesmo com as facilidades da internet e das salas de leitura. “Para formar leitor, nós temos que ter biblioteca. Mas tem que ser usada em uma perspectiva pedagógica da criança até o adulto”, aponta.
A Secretaria da Educação do Estado informou, em nota, que foram investidos cerca de R$ 20 milhões na compra de livros para renovar o acervo de todas as escolas. E que os estudantes têm livros disponíveis para uso em sala de aula ou para empréstimos.
O órgão disse ainda que entre 2013 e 2014, as escolas da RMC receberam ao menos 5 mil novos computadores e que todas as unidades estaduais têm acesso à internet e 81% ao programa de inclusão digital.
Em Campinas, maior cidade da RMC com 1,3 milhão de habitantes, a Secretaria Municipal de Educação informou que as escolas têm salas de leitura e estagiários de biblioteconomia.
Bibliotecas públicas
De acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), a última pesquisa elaborada em 2012 [Retratos da Leitura] aponta que o índice de leitura de livros inteiros é de 1,8 por habitante/ano no país.
No estado de São Paulo são 842 bibliotecas públicas cadastradas no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas.
Uma das mais tradicionais em Campinas, a Biblioteca Municipal Ernesto Manoel Zink, atrai seguidores mesmo em tempos de internet com fácil acesso. O espaço foi inaugurado em 1946 e fica na Avenida Benjamin Constant 1.633, ao lado da Prefeitura no Centro. Por dia, 300 pessoas são atendidas, segundo a Secretaria de Cultura.
O professor de música Alexandre Inácio da Nobrega, de 44 anos, conta que as filhas de 16, 19 e 23 anos vão sempre ao espaço para estudar e pesquisar em livros. Todos eles possuem cadastros que dão acessos a empréstimos no acervo. “Eu ensinei para elas que a melhor maneira de se informar e aprender são os livros. As outras mídias deixam as pessoas burras”, disse.
O profissional da música disse estar insatisfeito com a falta de valorização das bibliotecas nas escolas. “Muitas escolas públicas têm biblioteca e a diretora não deixa usar, porque as crianças vão estragar os livros ou bagunçar o local. Aí fica trancada. Se ensinar a usar vai ter”, conclui.
Já o estudante de direito Diego Ferreira não usa tanto a biblioteca para pesquisar ou emprestar livros, mas vai algumas vezes para aproveitar a tranquilidade do ambiente para estudar. “Eu perdi o horário para faculdade e vou aproveitar para estudar”, ressalta.
Reinventada
O diretor de Cultura de Campinas, Gabriel Rapassi, disse acreditar que as bibliotecas públicas precisaram “se reinventar’ com a chegada da internet. “As bibliotecas passam por uma crise de identidade e precisam se adequar ao seu papel”, afirma.
De acordo com o diretor, a unidade central de Campinas não é mais apenas um lugar de livros para empréstimos e pesquisas escolares, como no passado. “A biblioteca hoje tem sarau, encontro de estilos específicos, com autores, exposições e oficinas de leitura”, relata.
Novos leitores
Para formar novos leitores, há dez anos o Projeto Bibliotecas – Leitura para Todos – cria e revitaliza bibliotecas em pequenos municípios do estado de São Paulo.
Segundo a organização do projeto, são 20 unidades revitalizadas no estado e 21 mil livros doados e depois repassados ao poder público, que vai administrar o espaço cultural.
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