RIO – Durante a realização do III Seminário de Estudos da Informação, realizado na Universidade Federal Fluminense (UFF), o professor Antônio Hernández Pérez, do Departamento de Biblioteconomia e Ciência da Informação, da Universidade Carlos III de Madrid conversou com a Revista Biblioo.
Ele comentou de sua experiência com a implantação da educação à distância na Universidade Carlos III e o papel das bibliotecas nesse processo.
Rodolfo Targino: Na sua palestra o senhor abordou questões envolvendo a evolução da web. Qual deve ser o papel das instituições públicas, universidades e até mesmo das bibliotecas no cenário das ferramentas colaborativas e de um conhecimento cada vez mais compartilhado? E como isso pode contribuir para o acesso do cidadão comum a essas instituições?
Antônio Hernández Pérez: Acredito que a informação deve ser um bem público e financiado pelo Estado. Não é possível que CAPES e CNPQ disponibilizem fundos e os resultados das pesquisas sejam fechados e vendidos pelas revistas. O papel das instituições deve seguir sendo o de garantir o acesso a informação, principalmente as informações geradas por recursos públicos. O papel das bibliotecas deve ser o mesmo: proporcionar cultura e informação para o desenvolvimento das pessoas, favorecendo a igualdade e a justiça social. Esse é o papel das bibliotecas. Não é só trocar, mas também como tornar acessível à informação. A informação não está somente no acervo físico, no livro, agora está nas redes sociais, em formatos digitais. Assim o papel das bibliotecas é aglutinar os melhores conteúdos que sejam encontrados pelos usuários que necessitem na biblioteca.
R. T.: Aqui no Brasil temos universidades que implantaram alguns cursos em educação à distância. O senhor participou da implantação da educação à distância na Universidade Carlos III, em Madrid. O senhor pode dar um panorama de como foi essa experiência?
A. H.: Na realidade, inicialmente não foi tanto a implantação do ensino à distância, mas a tecnologia para apoio do ensino presencial. Então obrigou a todos os professores do ensino presencial a utilizar as tecnologias para ajudar os estudantes com a criação de repositórios e um espaço virtual para disponibilizar materiais. Depois disso foram implantados os programas de ensino à distância, mas não há grande diferença entre o ensino à distância e o presencial quanto à tecnologia. Se há, encontra-se na forma, não nas classes. Digamos que o mais importante nesse caso é destinar atividades que complementam os conteúdos de tal forma que se possa avaliar por competência.
R. T.: Como é a participação das bibliotecas e dos bibliotecários no modelo de ensino da Universidade Carlos III?
A. H.: O bibliotecário ocupa um lugar principal, porque para nós toda gestão da informação é encarada como um sistema de informação pela biblioteca. No ensino à distância o papel da biblioteca é também organizar, ajudar os professores e estudantes a resolverem todas as dúvidas que eles tenham. O primeiro passo da ajuda é para encontrar informação e disseminar os serviços da biblioteca.
R. T.: Nessa passagem pelo Brasil, nas suas conversas com os profissionais brasileiros, amigos, professores e estudantes, o que o senhor leva de aprendizado na bagagem?
A. H.: Levo amigos. Um laço forte com o povo latino, que é muito sentimental e muito bom. As coisas são muito parecidas em um lado e no outro. Algumas coisas mais avançadas no Brasil e outras nas Europa, mas são sempre muito parecidas.
R. T.: Vem torcer pela Espanha na Copa do Mundo?
A. H.: Espero! Seremos Espanha.
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