RIO e DUQUE DE CAXIAS, RJ – Antônio Carlos Oliveira, coordenador da Biblioteca Comunitária Solano Trindade, fala sobre a criação da Rede Estadual de Bibliotecas Comunitárias do Rio de Janeiro.
Chico de Paula: Como têm sido desenvolvidas as atividades das bibliotecas comunitárias aqui na Baixada Fluminense?
Antônio Carlos: Já existia uma necessidade muito grande de articulação de bibliotecas comunitárias aqui em Duque de Caxias, não só visando angariar recursos, mas de articular os movimentos. A Biblioteca Solano Trindade, que hoje é ponto de leitura, tinha mais informações relacionadas ao Plano Nacional do Livro e da Leitura. Trouxemos essa discussão pra cidade pra construção do Plano Municipal do Livro e da Leitura. Assim, houve a necessidade de articular as bibliotecas para definirmos um plano de ação para a construção do Plano Municipal. Nessa articulação conseguimos convidar mais de uma dezena de BCs, não só de [Duque de] Caxias, mas como da Baixada [Fluminense] e do Estado, que deu fruto a recém criada Rede Estadual de Bibliotecas Comunitárias do Rio de Janeiro. Isso significa pra gente um marco na luta pelas BCs, bem como pelo reconhecimento, não só como movimento popular, mas como movimento educacional, de fomento à cultura e valorização da leitura, não só como um hábito, mas como um prazer.
C. P.: Como é a relação do poder público com as BCs nessa região?
A. C.: A Biblioteca Solano Trindade tem feito um papel de pressionar o poder público a reconhecer suas ações, o que, até então, era feito de forma individualizada como Biblioteca Solano Trindade. A partir da organização e articulação, nós temos feito em bloco, fazendo com que os benefícios que estavam na Biblioteca Solano Trindade, fossem socializados com todas as bibliotecas da Rede. Até então era praticamente ignorada, tanto que a Biblioteca Solano Trindade conseguiu reconhecimento primeiro do Ministério da Cultura e da prefeitura só agora, depois de seis anos. De tanto a gente andar pelo Brasil, pelo estado, pela Baixada falando que não tinha o apoio da prefeitura, isso surtiu um efeito e fez com que a prefeitura passasse a nos procurar como parceiro e como elemento aglutinador, não só das BCs, mas de outros movimentos populares ligados a livro e leitura.
C. P.: O Plano Municipal do Livro e Leitura está prestes a ser implantado, que reivindicações vocês irão levar?
A. C.: No dia 02 de julho vai acontecer o primeiro Encontro do Plano Municipal do Livro e Leitura e uma das questões das BCs é, primeiro o reconhecimento do poder público como agente transformador da comunidade; que contribui pra transformação da comunidade. Questões práticas: está em pauta a criação da Secretaria Especial do Livro e da Leitura e a integração dessas bibliotecas comunitárias na Rede de bibliotecas do município de Duque de Caxias. E um debate mais aprofundado é a questão da dotação orçamentária da cidade de Duque de Caxias pra projetos de incentivo à leitura, independente de ser BC ou não, como temos vários outros movimentos ligados a livro e leitura em Caxias. Eu acho que é uma questão importante, nova: que é de vanguarda aqui na cidade.
C. P.: Vocês acreditam que o poder público de um modo em geral vai receber bem essas propostas ou pode haver alguma resistência?
A. C.: Resistência sempre vai ter. Não conta com o poder público que sempre vai ter. Mas, nos mostrando, de forma organizada, articulada, forte, eles verão que rechaçar isso é ir de contra o próprio objetivo do governo, que é trazer a população para participar. Nós estamos formulando políticas públicas na área do livro e leitura, coisa que já era para estar sendo feito e não está. Nós vamos pegar nossa experiência; pegar nossa articulação; nosso movimento e colocar a serviço do poder público, pra que isso seja implementado na cidade de Duque de Caxias. Trabalhar com a Secretaria de Educação; trabalhar com a secretaria de cultura. E agora com a REBCRJ.