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Ana Carolina Sobral

RIO e RECIFE – O projeto de extensão Requalificação de Bibliotecas Comunitárias, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com a coordenação da professora do Departamento de Ciência da Informação da UFPE, Edilene Silva, desenvolve atividades junto às bibliotecas comunitárias Poço da Panela e Amigos da Leitura.

 

Com contações de histórias, animações, organização dos acervos, entre outros, o projeto procura fornecer apoio para as bibliotecas comunitárias trazendo o conhecimento da Biblioteconomia, como a reorganização dos acervos, catalogação, classificação, mediações de leitura e toda a dinâmica de uma biblioteca.

 

Essa troca de experiências envolvem as comunidades em que estão inseridas as bibliotecas comunitárias, os idealizadores desses espaços, os professores e alunos da UFPE. Mesmo sendo um projeto de extensão, muitas “as situações vivenciadas nas atividades ainda não são trabalhadas dentro de sala de aula, apenas são citados por alguns professores como exemplo de prática profissional”, ressalta Ana Carolina Sobral, estudante do 6º período do curso de Biblioteconomia da UFPE e uma das participantes do projeto. Nessa entrevista ela conta um pouco mais sobre essa iniciativa.

 

Rodolfo Targino: Como surgiu a ideia de criação do projeto de Requalificação de Bibliotecas Comunitárias?

Ana Carolina Sobral: Surgiu da vontade de cinco alunas e uma professora, de estar presente em Bibliotecas Comunitárias e querer conhecer tal realidade. Antes de definirmos como se daria realmente o Projeto, passamos alguns meses apenas em visitação, identificando dificuldades e até mesmo fortalecendo a relação Universidade/Biblioteca Comunitária. Percebemos que poderíamos colocar em prática nossas ideias através de um edital, e após aprovação seguimos para a vivência das atividades planejadas, partindo sempre do princípio de que aquele era um espaço para troca de conhecimentos.

 

R. T.: Quem são os responsáveis pelo projeto? Fale um pouco de cada um dos envolvidos no projeto.

A. C.: São seis pessoas que compõe atualmente o grupo. Cinco estudantes de Biblioteconomia: Ana Carolina Sobral, Ana Letícia de Coimbra, Caroline Soares, Juliana Albuquerque e Micaelle Veríssimo; e nossa coordenadora do Projeto, orientadora e professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Edilene Silva. Nossas funções se confundem e se complementam. Acabamos desempenhando um pouco de tudo. Mas percebemos com o tempo algumas competências em cada: Ana Carolina – comunicação, redação e mídia; Micaelle e Juliana – administração, planejamento e financeiro; Caroline e Ana Letícia – contação de histórias, artes, cultura e articulação. Edilene consegue unir tudo, fechar nossas arestas e nos orientar, trazendo toda a sabedoria da academia e sendo o nosso norte.

 

R. T.: Quais são as maiores dificuldades?

A. C.: Atualmente nossa maior dificuldade é financeira. Se você levar em consideração tudo que envolve o preparo de um acervo para que este possa ser organizado e disponibilizado, perceberá como há gastos.  Fora que nossa participação não é apenas técnica, há toda uma preocupação com o espaço em si, manutenção e melhores acomodações. Além da realização de oficinas, atividades literárias e culturais, que também exigem custos – gostaríamos de realizar muitas, pois é onde mais atuamos como mediador de informação. Infelizmente, no edital, não fomos contemplados com recursos suficientes, e essa é, definitivamente, a maior dificuldade e impasse encontrado.

 

R. T.: Quais são os critérios adotados para escolher as bibliotecas comunitárias que serão contempladas com as atividades colaborativas, organização de acervos e mediações de leitura?

A. C.:  Nesse primeiro ano de Projeto, escolhemos duas Bibliotecas: a Biblioteca Comunitária do Poço da Panela, que estava em fase inicial, com apenas alguns meses de funcionamento, e claramente estava recebendo muitas doações e, sem critérios, dispondo-os nas estantes; e a Biblioteca Comunitária Amigos da Leitura, com alguns anos já de funcionamento, mas em busca de se atualizar e estruturar logicamente seus métodos e procedimentos rotineiros. Optamos então por abraçar esse desafio: uma Biblioteca iniciante, onde o trabalho seria mais “mão na massa”; e outra onde o trabalho seria mais intelectual, estudando o usuário, pensando os serviços, atividades e alternativas.

 

R. T.: Além da integração do projeto com as bibliotecas comunitárias, existe envolvimento com a comunidade na qual a biblioteca está localizada?

A. C.: Sim, a principal ideia é interagir com toda a comunidade, estimulando a leitura e, de forma diferenciada, ser a ligação, a ponte, o elo entre o usuário e a informação. Nossas atividades estão voltadas para crianças, jovens, adultos e idosos, utilizando-se de outras artes, atravessando os muros da Biblioteca e alcançando até aqueles que nem sabem de sua existência. Pensamos nas ruas, nas praças, como meio de envolvê-los, chamar a atenção, divertir e informar.

 

R. T.: Em relação aos alunos de graduação em biblioteconomia que estão envolvidos no projeto, qual a experiência vocês levam dessa atuação?

A. C.: Inúmeras! Experiências que em sala de aula, na Universidade, ou em um estágio “comum” não vivenciaríamos. O trabalho em equipe, a perseverança, mesmo diante de algumas barreiras. O senso de liderança, gestão, comprometimento, responsabilidade e pró-atividade. Os passos, que aos pouquinhos foram dados, para conquistarmos confiança e credibilidade nas comunidades. Os artigos elaborados e apresentados em Encontros e Congressos. As parcerias e amigos que foram se mostrando receptivos em ajudar e contribuir para a evolução do Projeto. Atividades artísticas desenvolvidas, com pintura, música, origami e fotografia. Para cada fase do Projeto sempre foi preciso fazer estudos, ler, pesquisar, escrever, ir atrás… E essa dinâmica de trabalho foi uma grande e única experiência. Uma literal Extensão da Universidade.

 

R. T.: As situações vivenciadas no projeto são trabalhadas em sala de aula?

A. C.: Não são trabalhadas, mas alguns professores já citaram o Projeto como exemplo de prática profissional.

 

R. T.: Existe alguma história ou fato que tenha marcado o trabalho de vocês ao longo dessa trajetória?

A. C.: São tantas, como na vez que realizamos uma atividade com artes integradas para todas as idades, e até música instrumental rolou; ou quando ajudamos na pintura da fachada da Biblioteca, pintando e se pintando; ou quando chegamos às 9h na Biblioteca e as crianças já estão esperando desde às 8h e nos perguntam de cara: “Vai ter contação hoje?”; e até mesmo as tantas reuniões que precisamos ter noites a dentro… São momentos que valem a pena!

 

Para maiores informações acesse os canais do projeto:

https://www.facebook.com/Bibliotecas.Leitura.e.Aprendizado
http://www.youtube.com/watch?v=LKspogyMEA0

 

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