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A saga das bibliotecas universitárias

Se há um lugar onde muito se busca, se consome e se produz informação, este lugar certamente é a universidade. Pelo menos é o que se espera destes centros de educação que trazem em sua essência o ideal de difundir e formar conhecimento. E, consequentemente, a biblioteca universitária aparece como uma extensão de tudo isto, ou melhor, um meio para atingir este ideal, estando fortemente atrelada à comunidade acadêmica na construção do processo educacional.

E como parte integrante deste processo, a biblioteca deve estar em consonância com o que propõe a universidade: a criação de novos cursos, novas formas de ensino, a exigências de novos suportes de informação etc. Mas não tem sido fácil acompanhar as mudanças incorporadas pelas universidades que, na maioria das vezes, alteram seus propósitos sem avaliar sua real capacidade de atender aos mesmos. E como ficam as bibliotecas? Correndo atrás do prejuízo…

Na corrida desenfreada pela expansão do ensino, criam-se universidades e universidades; públicas e privadas; ensino presencial e à distância. Aliás, este método de ensino tem se fortalecido e se difundido de forma surpreendente. O Censo da Educação Superior 2011, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), revela a grande expansão dessa modalidade de ensino. São 2.365 instituições de ensino superior; 6.739.689 matriculas na graduação, destas 5.746.762 ensino presencial e 992.927 na educação a distância. A preocupação é que nem sempre expansão e qualificação do ensino andam juntas, da forma como se estabelece atualmente este processo, uma acaba por abdicar da outra.

A questão é que se criam mais instituições de ensino, mais cursos de graduação, mais vagas nas universidades, mas não se considera de imediato que na mesma proporção devem-se aumentar os recursos humanos dentro da biblioteca, a verba para aquisição de obras que atendam a este novo público, o espaço físico para comportar este acervo e os próprios usuários, sem falar na necessidade de equipamentos, como computadores e mobiliário para estudo. Isso não seria problema se as bibliotecas fossem projetadas inicialmente visando o crescimento futuro da instituição, mas também não é o que normalmente acontece e a biblioteca acaba por ser apontada por sua insuficiência no atendimento às demandas universitárias que, na realidade, é uma consequência da insuficiência do sistema como um todo.

Dziekaniak em seu artigo Sistema de gestão para biblioteca universitária coloca: “Não se concebe mais a educação apenas transmitir conhecimentos, mas sim, fornecer subsídios para que cada indivíduo construa suas ideias e descubra/desenvolva seu potencial. Diante desse cenário, cabe à biblioteca assumir e desempenhar seu papel de ator principal no processo educacional e, para que isso ocorra, uma adequada estrutura é condição necessária, e isso envolve uma série de requisitos básicos, tais como recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos apropriados […]”.

Falando em novas demanda informacionais, Murilo Bastos Cunha em A biblioteca universitária na encruzilhada nos faz questionar “como serão os universitários do futuro e as suas necessidades de informação? Eles vão querer as coisas por via eletrônica, fáceis de serem usadas e manipuladas? Teremos que ter leitores de livros eletrônicos [e-book reader] para empréstimo?, coloca que a indagação: “Cadê o pdf?” está sendo um comportamento do estudante universitário”.

Este novo contexto traz também essa “pressão” para o digital que é uma discussão inevitável para quem está à frente de uma unidade de informação e que é um passo importante a ser dado pelas bibliotecas para permanecerem como fontes úteis de informação, mas um passo “firme” e não “desenfreado”, como se está dando por ai, dentro das necessidades e possibilidades de cada instituição.

A saga é árdua, porém necessária aos que acreditam no valor da informação!

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