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A ditadura militar e a longa noite dos generais: 1970 – 1985

A partir de relatos sobre sua experiência como jornalista, Carlos Chagas narra os últimos 15 anos do regime militar brasileiro. As dificuldades impostas pela censura, a perseguição a opositores, as disputas dentro da cúpula da ditadura e a prometida e lenta transição para um estado de direito são alguns dos fatos tratados pelo livro A ditadura militar e a longa noite dos generais: 1970 – 1985, que encerra o trabalho do jornalista Carlos Chagas sobre os últimos 15 anos do regime militar brasileiro.

Dono de uma linguagem clara e direta, Chagas relembra os conturbados anos dos governos de Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo, época em que trabalhava no Estado de S. Paulo. O livro é pontuado por histórias e furos do autor como jornalista político, algumas delas um tanto irônicas, como o erro do departamento de espionagem que fez com que Chagas ouvisse por razoável período conversas do general Filinto Müller ou mesmo a vez que, em 1972, Juscelino Kubischek burlou a proibição de pisar em Brasília e, emocionado, viu pela primeira vez em oito anos o progresso da cidade que ele mesmo fundou.

O livro ainda retoma histórias vividas por personagens que até hoje figuram na política brasileira, como José Sarney, Francisco Dornelles, Paulo Maluf e a própria presidente Dilma Rousseff, brevemente citada durante a descrição de um assalto organizado por um grupo de opositores a uma casa no Rio de Janeiro.

Trecho

“Durante a euforia dos anos em que o general Garrastazu Médici foi presidente da República, criou-se um país artificial através de bem urdida propaganda e de mais eficiente ainda censura à imprensa e repressão a quantos contestavam o regime. O mote principal daqueles anos ficou expresso na exortação ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’, forma maliciosa de explicar por que tanta gente buscou o exílio para não ser presa ou sofrer perseguições e, mesmo, para justificar uma das maiores violências praticadas pelos donos do poder, a expulsão à força de brasileiros do território nacional”.

O autor

Carlos Chagas é jornalista, comentarista da CNT e professor emérito da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB). Ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo em 1970, já publicou diversos livros, entre eles 113 dias de angústia, O índio sai da sombra, O Brasil sem retoque e A ditadura militar e os golpes dentro do golpe: 1964 – 1969, estes dois últimos pela Editora Record.

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