A Prefeitura do Rio extinguiu três bibliotecas públicas da sua rede. A informação foi publicada na edição de ontem (5) no Diário Oficial do Município. De acordo com o D.O., ficam excluídas da estrutura organizacional da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) as seguintes bibliotecas: Biblioteca Abgar Renault, localizada no prédio da Prefeitura, na Cidade Nova; Biblioteca Fernando Sabino, situada na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna, no Complexo da Maré, Zona Norte da cidade, e Biblioteca Jorge Amado, que fica dentro da Lona Cultural Municipal Sandra de Sá, em Santa Cruz, na Zona Oeste.

Conforme informações levantadas pela Biblioo, a secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, teria determinado o fechamento das bibliotecas localizadas em comunidades populares sob a justificativa de preservar a integridade física dos profissionais que atuam nestes espaços, posto se tratar de locais com elevado índice de violência.

De acordo com informação disponível no site da SMC, faziam parte da rede de bibliotecas públicas do município do Rio, chamadas bibliotecas populares municipais, 12 unidades. Com a extinção das três bibliotecas anunciada hoje, esse número cai para nove num cenário já bastante defasado. Agora o município do Rio tem uma biblioteca para cada 722 mil habitantes, quando a média nacional é de uma biblioteca para cada 33 mil habitantes, conforme os números do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNPB).

A Biblioteca Municipal Abgar Renault, no prédio sede da prefeitura do Rio, será um dos espaços fechados. Foto: Thomaz Silva/Agência Brasil

Uma reportagem publicada pela Agência Brasil no ano passado já mostrava o grau de abandono das bibliotecas municipais do Rio. A matéria cita o caso da Biblioteca de Santa Teresa, que na época foi extinta de fato, mas que só não fechou as portas pela insistência da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast) e pelo apoio do Sindicato dos Bibliotecários do Estado do Rio de Janeiro (SINDIB-RJ).

A Biblioo entrou em contato com a SMC que informou não ter havido fechamento de nenhum espaços, mas apenas uma “reestruturação administrativa”. “Elas continuam existindo e não são Unidades Administrativas (U.A), pertencem a outros equipamentos culturais”, diz o informe sem explicar o que isso significa. Sobre a especulação de que as bibliotecas teriam sido fechadas em função da violência nas comunidades em que estão inseridas, a SMC disse que a informação não procede, pois a política da Secretaria seria a de utilizar seus equipamentos como “meio de ajudar a distencionar essas localidades”.

O mesmo decreto que extinguiu as bibliotecas, também excluiu da estrutura da SMC a Subgerencia de Livro e Leitura, transformada em Gerência de Bibliotecas, responsável por desenvolver políticas públicas voltadas especificamente para estes instrumentos. O objetivo dessa mudança, segundo a Secretaria, seria a de dar protagonismo à biblioteca e às suas demandas técnicas e operacionais. A SMC disse ainda à Biblioo que atualmente conta em suas bibliotecas com 42 profissionais sem especificar quantos são bibliotecários e se algum atuaria nos espaços envolvidos no imbróglio.

Consultada pela equipe Biblioo, a presidenta do Conselho Regional de Biblioteconomia da sétima região (CRB7), Lúcia Lino, informou que precisava se inteirar do assunto para se pronunciar.

*Esta reportagem foi atualizada às 18h41 minutos do dia 6/04 para adicionar as informações enviadas pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio.

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