Por Adital

Foto de Pablo NerudaMais de 20 poemas inéditos do poeta Pablo Neruda foram encontrados durante uma revisão dos arquivos do autor por parte da Fundação Pablo Neruda, anunciou a editora Seix Barral, que os publicará no fim de 2014 na América Latina e no início de 2015 na Espanha.

Segundo informou a editoria, os poemas foram encontrados em umas caixas que continham os manuscritos das obras do poeta, durante uma revisão exaustiva por parte da Biblioteca da Fundação Pablo Neruda, sob a direção de Darío Oses.

Nessa revisão, foi comprovado que alguns poemas manuscritos de extraordinária qualidade não tinham sido incluídos nas obras publicadas correspondentes a cada caixa.

A publicação desse material inédito de Neruda, o mais importante achado até agora do poeta, coincidirá com o 110º aniversário de nascimento do Prêmio Nobel e com o 90º aniversário da publicação de “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”.

Para a Seix Barral, a certificação da autoria desses mais de vinte poemas “os converte na maior descoberta das letras hispânicas nos últimos anos, um acontecimento literário de importância universal”.

A relevância dessa descoberta reside em que os poemas encontrados foram escritos posteriormente a “Canto geral” (1950), na época da maturidade de Pablo Neruda.

Previamente, só haviam aparecido dois trabalhos inéditos de Neruda: “O rio invisível” (Seix Barral, 1980), que incluía poesia e prosa de juventude, e seus poemas de adolescência, “Cadernos de Temuco” (Seix Barral, 1996).

O poeta e acadêmico Pere Gimferrer, que tem estado muito implicado na publicação desses inéditos, valoriza que nos novos poemas de Neruda encontramos “o poderio imaginativo, a transbordante plenitude expressiva e o mesmo dom, a paixão erótica ou o amor para a invectiva, a sátira ou o mínimo detalhe cotidiano convertido em poema”.

“Ou seja (se encontra) igualmente o Neruda de ‘Odes elementares’ e o Neruda de ‘A Barcalora’, o de ‘Memorial da Ilha Negra’ e inclusive o de ‘Estravagario’”, esclarece Gimferrer.

A Seix Barral antecipou um fragmento de um poema sem título, escrito em 1964, ano em que aparece “Memorial da Ilha Negra”, a grande recapitulação poética autobiográfica de Pablo Neruda ao completar sessenta anos:

“Reposa tu pura cadera y el arco de flechas mojadas/extiende en la noche los pétalos que forman tu forma/que suban tus piernas de arcilla el silencio y su clara escalera/peldaño a peldaño volando conmigo en el sueño/yo siento que asciendes entonces al árbol sombrío que canta en la sombra/Oscura es la noche del mundo sin ti amada mía,/y apenas diviso el origen, apenas comprendo el idioma,/con dificultades descifro las hojas de los eucaliptos”. [Repousa tua pura cadeira e o arco de flechas molhadas/ estende na noite as pétalas que formam tua forma/ que subam tuas pernas de argila o silêncio e sua clara escada/ degrau a degrau voando comigo no sonho/ eu sinto que ascendes então à árvore sombria que canta na sombra/ Escura é a noite do mundo sem ti amada minha,/ e apenas diviso a origem, apenas compreendo o idioma,/ com dificuldades decifro as folhas dos eucaliptos, em tradução livre para o português].

Esse poema foi encontrado na Caixa 52, que contém materiais muito diversos. Os originais são mecanografados e não se achou uma versão manuscrita do mesmo, precisou a editora.

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