À primeira vista, o conceito de leitura parece ser simples de ser abordado; todas as pessoas possuem uma visão muito clara do que ela seja. Resumindo: leitura é o ato de ler um texto (não vamos entrar na questão de detalhar o ato de leitura como toda ação de retirar sentido de algo, como na leitura de um quadro, de um filme, da expressão de uma pessoa. Aqui, o foco se dará na leitura textual da escrita, isto é, na leitura que ocorre a partir da decodificação de símbolos escritos – mais especificamente à leitura de textos ficcionais). Entretanto, esse conceito pode ter concepções diversas, dependendo do contexto histórico e cultural que está inserido e de qual disciplina o está estudando.

E essas diferenças dizem respeito às várias representações sociais que a leitura produz por ser uma prática cultural permeada pelos condicionantes de seu momento histórico. Desse modo, são as interações sociais existentes que possibilitam que determinada prática de leitura exista e seja legitimada. Essas interações são os elos entre os indivíduos que possuem o poder de determinar o que é aceito socialmente com os indivíduos que devem acatar essa decisão. Elas regem o poder que algumas atividades sociais detêm de construir visões de mundo e assegurar que o sistema social permaneça o mesmo ou mude, de acordo com os desejos da classe social dominante. Esse poder existe em atividades que trazem em si uma possível ideologia, mesmo que muitas vezes essa ideologia permaneça encoberta ou invisível.

Para além do ato cognitivo de decifrar signos impressos

É por isso que a leitura não acontece somente na capacidade de decifrar os signos impressos. Paulo Freire, em um dos artigos do livro A importância do ato de ler, já nos disse que a leitura do mundo precede a leitura da escrita e isso acontece porque para darmos sentido aos textos que lemos, precisamos de um conjunto de experiências recolhidas do ambiente em que vivemos, de nosso ensino formal, de nossa educação familiar e cultural, de nossas leituras anteriores e, de um modo mais particular e sutil, das pessoas com quem nos relacionamos, dos filmes que assistimos, enfim, de toda nossa memória cultural, como chamou Michel Certeau em seu livro A invenção do cotidiano.

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