Por Camila Moraes, do El País.

O que já era bom fica melhor. Abre as portas em julho de 2017 mais um centro cultural na avenida Paulista, que abriga uma das maiores ofertas em cultura e entretenimento de São Paulo e – palco emblemático dos vários protestos ao longo do ano –, se consolida como um dos espaços mais pulsantes da cidade. É o novo endereço paulistano do Instituto Moreira Salles, entidade privada especializada em literatura, música e artes visuais que detém um dos maiores acervos fotográficos do país. Seguindo o talento da casa, a novidade inclui uma biblioteca dedicada a publicações sobre fotografia e com acesso livre ao público que é a primeira do país, com 230 m² e 30.000 itens.

Imagem de projeto do IMS Paulista, que será inaugurado em 2017.

Além da biblioteca, o novo IMS Paulista chega prometendo uma ampla oferta de atividades ligadas sobretudo a foto, cinema, vídeos e tecnologias digitais. Serão sete andares, dos quais três se voltam exclusivamente às exposições, com um auditório para exibição de filmes, palestras e shows, salas de aula para cursos, um café e um restaurante. “Será um museu 100% voltado ao público, que atraia as pessoas e crie uma relação franca com a rua”, afirmou o diretor do IMS, Flávio Pinheiro, na coletiva de imprensa no início do mês.

O prédio estreito, que ficará na Paulista a poucos metros do cruzamento com a rua Consolação, deseja ser uma atração à parte: todo espelhado e iluminado naturalmente, foi pensado para ser autossustentável e gerar uma continuidade entre a calçada e o espaço interior que convide os pedestres a entrar. Quem assina o projeto arquitetônico é o escritório Andrade Morettin, vencedor de um concurso realizado no final de 2011, no qual foi escolhido por um júri entre outras cinco empresas brasileiras de destaque na área. Todo a obra representa um investimento de 80 milhões de reais, levantados sem incentivos fiscais – como o resto dos projetos do instituto.

Segundo Lorenzo Mammì, que será o diretor do museu, a curadoria de conteúdo seguirá quatro eixos principais: “Teremos a fotografia como principal objeto, o investimento na realização de exposições próprias, a articulação para diferentes usos do espaço e a integração com o entorno territorial onde a nova sede estará instalada”, adiantou o músico, filósofo e crítico de arte que organizou, entre outros, o livro de ensaios 8X fotografia.

Dos hits da biblioteca, comprados do acervo pessoal do fotógrafo húngaro Thomas Farkas (1924-2011), fazem parte os 135 números da revista Novidades Fotoptica e os 100 da Revista de Fotografia, entre outros títulos. Também as mais de 1.000 obras que pertenceram à fotógrafa polonesa Stefania Bril. Tanto Farkas como Bril, que se radicaram no Brasil, são nomes centrais para a fotografia nacional.

Na área de cinema, uma novidade de peso: Kleber Mendonça, diretor deAquarius e O som ao redor, será o responsável pela programação do IMS, tanto de São Paulo como do Rio. Kleber, que foi coordenador de cinema da Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco) de 1998 a 2016, em Recife, substituirá o programador José Carlos Avellar, morto este ano.

O Instituto Moreira Salles foi criado em 1992 pelo embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles (1912-2001), que abriu a primeira sede em Poços de Caldas, no interior mineiro. No Rio de Janeiro, funciona desde 1999 a que era até o momento a principal unidade da rede. Agora esse lugar passa ao IMS de São Paulo, que deixa o pequeno espaço que ocupava em Higienópolis há quase 21 anos para se integrar à flamante cena da avenida Paulista.

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