No ano de 2005, o trabalho de valorização da história da Maré, realizado pela Rede Memória – projeto desenvolvido pelo Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) – obteve reconhecimento nacional ao receber o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, oferecido a instituições e pessoas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com o objetivo de reconhecer ações de preservação do patrimônio cultural brasileiro.  O IPHAN selecionou sete iniciativas em todo o Brasil, tendo sido a Rede Memóriapremiada na categoria de Salvaguarda de Bens de Natureza Imaterial.

Também em 2005, o CEASM, por meio da Rede Memória, estabeleceu parceria com o Ministério da Cultura (MINC) para a implantação do Museu da Maré – projeto que integra os Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva/MINC, desde o primeiro edital de 2004.  Além de valorizar a história da região, o Museu objetiva contribuir para ampliar a comunicação entre os diferentes patrimônios existentes na cidade, favorecendo o exercício da cidadania e a participação das comunidades no processo de apropriação do patrimônio cultural local e universal.

A inauguração do Museu ocorreu no dia 08 de maio de 2006, durante o lançamento nacional da 4º Semana de Museus.  O evento contou com as presenças do ministro Gilberto Gil, membros do Ministério da Cultura, do Ministério da Educação, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de moradores da comunidade da Maré e de representantes de vários museus e pontos de cultura da cidade.

Ainda em 2006, o Museu da Maré concorreu à seleção da primeira edição do Prêmio Cultura Viva, oferecido pelo Ministério da Cultura.  Entre as 1.532 iniciativas inscritas em todo o Brasil, o Museu foi um dos 30 projetos semifinalistas, tendo sido o 2º colocado na categoria de Tecnologia Sociocultural.

Em novembro do mesmo ano, o Museu foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural. Tal premiação tem o objetivo de tornar público o empenho de pessoas e instituições que, de maneira significativa, trabalham pela valorização da cultura brasileira.

Em dezembro de 2006, o Museu foi homenageado pelo Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN pela contribuição aos museus e a museologia brasileira no Ano Nacional dos Museus.

Além dos prêmios, o Museu da Maré tem participado de inúmeros editais públicos tendo sido selecionado em vários deles. O Museu é Ponto de Cultura selecionado desde o primeiro edital lançado pelo Ministério da Cultura, em 2004. O Museu também passou a ser Ponto de Cultura do Estado do Rio de Janeiro por meio do edital de 2009. E, em 2013, foi o primeiro colocado no edital da Rede Carioca dos Pontos de Cultura.

Essas importantes premiações e editais constituem um indicativo claro de que o Museu da Maré tem cumprido um papel fundamental como agente de desenvolvimento social por meio do trabalho constante de preservação e divulgação do patrimônio. Com notável dedicação o Museu está contribuindo para a ampliação da cidadania e das práticas democráticas na Maré, bem como em toda a cidade, corroborando o que preconiza a Política Nacional de Museus do Ministério da Cultura: “Numa sociedade complexa como a brasileira, rica em manifestações culturais diversificadas, o papel dos museus, no âmbito de políticas públicas de caráter mais amplo, é de fundamental importância para a valorização do patrimônio cultural como dispositivo estratégico de aprimoramento dos processos democráticos”.

O Museu que conta com Arquivo, Biblioteca, Reserva Técnica, área de exposição de longa e de curta duração, laboratório de informática, área de administração e outros espaços, ao longo dos seus oito anos de existência tem se constituído em fonte de inspiração para diversas outras iniciativas e em exemplo concreto de como é possível acionar a memória e o patrimônio para o desenvolvimento de ações que promovam transformações sociais, empoderamento social, dignidade social e coesão social. Mais de 50 mil pessoas visitaram as exposições do Museu nos últimos anos. O livro de assinaturas de visitantes e o livro de depoimentos são indicadores claros dos impactos gerados pelo Museu na vida da comunidade. Projetos e espetáculos de música, dança, teatro, artesanato, capoeira, contação de histórias, além de cursos, oficinas e seminários fazem parte do cotidiano do Museu.

Ao longo desse tempo, filmes, artigos, monografias, dissertações e teses foram produzidos analisando a trajetória e a vida social do Museu e da Maré. Além disso, os construtores do Museu receberam vários convites para expor sua experiência e participar de palestras, oficinas e intercâmbios em diversas cidades no Brasil e no exterior, tais como: Amsterdam e Rotherdam, – Holanda; Cidade do Cabo, – África do Sul; Lisboa, – Portugal; Medellin, Bogotá, Santa Marta e Cartagena, – Colombia; Londres, – Inglaterra; Cuernavaca, – México.

Entre os seus parceiros destacam-se: Ministério da Cultura, Instituto Brasileiro de Museus, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, as Secretarias de Cultura do Estado e da Cidade do Rio de Janeiro, Superintendência de Museus do Estado, Instituto Pereira Passos, Conselho Internacional de Museus, Movimento Internacional para uma Nova Museologia, Associação Brasileira de Museologia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Museu da República, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa (Portugal), Museu do Sexto Distrito da cidade do Cabo (África do Sul), ReinwardtAcademy em Amsterdam (Holanda), Linha Amarela Sociedade Anônima, Casa da Ciência, Instituto Oswaldo Cruz, Secretária de Estado do Ambiente, Instituto C&A, além de instituições locais como ongs e associações de moradores.

Por tudo isso, o Museu da Maré consolidou-se como uma referência nacional e internacional de grande importância e visibilidade, contribuindo para uma imagem altamente positiva da cultura e da museologia brasileiras e inspirando outros tantos processos no Brasil e no exterior. A experiência do Museu da Maré foi decisiva para que a 23ª. Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus, fosse realizada no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em agosto de 2013.

Os benefícios produzidos pelo Museu da Maré são extraordinários e não devem, de modo algum, ser descontinuados. Com esse entendimento, compreendo que a hipótese do Museu ser despejado deve ser completamente afastada e para isso a atuação do Instituto Pereira Passos, da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e do Instituto Brasileiro de Museus, são fundamentais.

Este é o meu parecer.

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