Dia 20 de novembro comemora-se o dia da consciência negra em homenagem a Zumbi dos Palmares, o maior símbolo da resistência contra a opressão racial no Brasil. Zumbi aparece como uma importante referência no momento em que a discussão sobre o preconceito de raça e a discriminação se colocam como temas da ordem do dia. Nesse sentido, lançar mãos de leituras que embasem tais discussões se torna imprescindível. Abaixo uma lista elaborada pelo bibliotecário e jornalista Vagner Amaro. Amaro também é sócio-proprietário da Malê, editora voltada à temática afro-brasileira.

1) Zumbi assombra quem? (Noz, 2017), de Allan da Rosa

Zumbi é um tipo de monstro fedorento caindo aos pedaços ou um guerreiro pensante que mora nos vãos da terra? Dúvidas sobre seu corpo e sua história borbulham na cabeça do menino Candê, que mergulha nos detalhes da africanidade que leva nos poros, cabelos e passos. Junto com seu Tio Prabin, sua Mãe Manta e sua Vó Cota Irene, entre outros personagens inusitados que frequentam botecos e encruzilhadas de seu bairro periférico, neste livro colhemos cacos e cantos da história do Brasil, e abrimos horizontes sobre paternidade e as contradições entre celebrar e lamentar a Morte. “Zumbi assombra quem?” é o caminho do aprendizado de Candê sobre as lutas, brinquedos e mistérios de ancestrais quilombolas, descobrindo aventuras antigas que se misturam ao cotidiano de casa e da escola, e à liberdade da rua, entre pipas soltas e esquinas respingadas de sangue. Pelos seus olhos de menino surgem os mistérios, alegrias e medos de Zumbi ao lidar com perguntas que desafiam seu povo há séculos.

Capa de “Terra Negra”, de Cristiane Sobral. Imagem: divulgação

2) Terra Negra (Malê, 2017), de Cristiane Sobral

“Cristiane Sobral nos desnuda com uma poesia cheia de personalidade, cores, aromas, densos enredos e escreve como tribo. Conhecedora. Caminha sem solidão porque traz as hordas dos povos em diáspora inebriados e entrelaçados em sua narrativa ética, estética e caudalosa. Curiosa sua arte, lindo o seu tear, minha querida Cristiane!  A voz de uma mulher negra é a voz que se nega ao silenciamento, a voz que se impõe à porta da Casa Grande e entra. Arrebenta a tranca e ainda tem que provar, a cada balcão, o que é, quem é, e porque o é. Cansa até. Como a poesia é feita do impacto entre a poeta ou o poeta e sua experiência de viver, está presente todo o tempo, nas escuridões de Terra Negra, a luta existencial de todas nós”, Elisa Lucinda

 

Capa de “Brasil Afroautorrevelado”, de Miriam Alves. Imagem: divulgação

3) BrasilAfroAutorrevelado (Nandyala, 2010), de Miriam Alves)

A história da Literatura Afro-brasileira ainda tem muito que ser lida, estudada e analisada. É preciso atentar para os “novos atores sociais” e preencher os espaços em branco do estudo da Literatura Brasileira. Urge considerar a literatura negra Afro-brasileira dentro de seu contexto de surgimento e existência, revelando as faces de um BrasilAfro em versos e em prosa.

 

 

 

 

Capa de “Saber do negro”, de Joel Rufino dos Santos. Imagem: divulgação

4) Saber do Negro (Pallas, 2015), Joel Rufino dos Santos                                                             

Saber do negro resultou de uma pesquisa intitulada “Relações Brasil-África entre os séculos XVI e XIX”, realizada por Joel Rufino dos Santos. Entre os produtos da pesquisa, este livro, em particular, discute, com uma abordagem historiográfica, o papel desempenhado pelo negro na história do Brasil.  O texto procura simultaneamente fazer um levantamento do que o negro sabe, do que se sabe sobre o negro e, na confluência dessas duas vias, do que o negro sabe de si, a visão sobre si mesmo que o negro vem construindo no Brasil.

 

 

Capa de “Esbocos de um tempo presente”, de Rosane Borges. Imagem: divulgação

5) Esboços de um tempo presente (Malê, 2016), de Rosane Borges

Em Esboços de um tempo presente Rosane Borges faz uma radiografia das relações sociais do Brasil atual. Dividido em três capítulos – Cultura e política, Polifonias midiáticas e Questões de gênero, racismos e afins – a autora analisa temas como o ódio nas redes sociais, a política global e seus impactos no Brasil, a cultura negra, além de comentar alguns programas de televisão, filmes e fatos amplamente midiatizados.

 

 

 

 

Capa de “Poemas para ler com Palmas”, de Edmilson de Almeida Pereira. Imagem: divulgação

6) Poemas para ler com as palmas (Mazza Edições), de Edmilson de Almeida Pereira

Em Poemas para ler com palmas, o autor estende um fio poético a partir de cinco mitopoéticas de matrizes afrodescendentes: a Capoeira, o Congado, o Jongo, os Orixás e os Vissungos. O resultado é um livro-canto, em movimento, que convida o leitor-ouvinte a participar dessas cinco matrizes culturais afrodescendentes. Os poemas do livro dialogam com as belas ilustrações de Maurício Negro.

 

 

 

Capa de “Canções de amor e dengo”, de Cidinha da Silva. Imagem: divulgação

7) Canções de amor e dengo (Mepario), de Cidinha da Silva

“Em Canções de Amor e Dengo a musa é outra, tem o azeviche de uma madrugada enluarada a cobrir a pele, além de Cidinha utilizar como forma estética algo que está bem relacionado à forma de afetos de nós, negras e negros, que é o dengo. Deste modo, o livro se sucede, vai ganhando em seu corpo outros membros, aparecem a dor, o desamor, a multidimensionalidade de afetos e sensações humanas que caracterizam as nossas vidas, as nossas relações afetivas nessa diáspora de dor”, Davi Nunes

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