Para começar, informo que utilizo a rede social Foursquare no meu tablet, mas ainda não havia pensado em como ela pode ser utilizada no contexto das bibliotecas e, muito menos, havia entrado no site e pesquisado os locais frequentados pelos usuários. Só agora ao ler artigo na Revista da ACB (revista da ótima Associação Catarinense de Bibliotecários!) é que caiu a ficha do uso desta ferramenta em bibliotecas.

Além do fato de divulgar um local para seus amigos que é o objetivo principal da rede e o uso dela como “diferencial estratégico em marketing”, como proposto Jorge Prado em seu certeiro artigo, vislumbro também a possibilidade de análise dos comentários que certamente também podem servir para identificar o que uma biblioteca tem de bom e o que precisa ser melhorado ou implantado a partir dos elogios, críticas e sugestões postados pelos freqüentadores.

Como bom maníaco por trabalho, ao entrar no site do Foursquare depois da leitura do artigo fui direto para a área de pesquisa e comecei a digitar nomes de bibliotecas públicas (claro!) e centros culturais. Depois de clicar aleatoriamente em várias bibliotecas, foquei a avaliação em alguns espaços que já conhecia, é interessante descobrir que minhas impressões não são muito diferentes da maioria dos usuários que postaram seus comentários, tanto que consegui identificar algumas dessas impressões semelhantes (lembro que a coleta não foi feita de forma científica) em relação a alguns espaços:

– Não vi uma crítica à Biblioteca de São Paulo, inaugurada em 2010, é a biblioteca pública mais nova na cidade de São Paulo (só perde em idade para as bibliotecas das Fábricas de Cultura, projeto que também é do governo do Estado). Claro que essas avaliações não demonstram perfeição, mas o seu jeitão moderno impressiona tanto que só uma análise mais aprofundada detecta suas falhas e caminhos de evolução;

– Os espaços e principalmente os acervos das bibliotecas do Centro Cultural São Paulo, foram elogiados, bem como todo o “arsenal” de serviços ali disponíveis, e claro, se manifestou um pouco de preconceito típico do paulistano contra os freaks;

– Os elogios à programação do Centro Cultural da Juventude demonstram que é um espaço “em construção”, foi inaugurado em 2006, cuja programação tem idéias bacanas e busca uma aproximação com a cultura periférica do bairro onde está instalado no famoso bairro da Brasilândia (nasci ali, por sinal), na zona norte de São Paulo;

– A Biblioteca Nacional é elogiada, mas o problema de preservação e do ar condicionado que a imprensa informa são vistos a olhos nus por quem a visita;

– Pesquisei várias outras bibliotecas, mas o número de check-ins ainda são pequenos, casos das Bibliotecas Parques de Manguinhos e Rocinha, Biblioteca Monteiro Lobato, a de Guarulhos, Bibliotecas Viriato Correia, Hans Christian Andersen, Alceu Amoroso Lima e Mário Schemberg (essas últimas são todas bibliotecas municipais de São Paulo);

– Por fim, não poderia deixar de pesquisar a Biblioteca Mário de Andrade. A análise dos comentários demonstrou que uma pesquisa com o público realizada meses atrás foi representativa, pois vários comentários positivos e negativos aparecem também no Foursquare. As duas reclamações recorrentes que li sobre a Mário de Andrade e a explicação de quem tem algumas informações vão a seguir:

1) a falta de Wi-Fi (digo que a Biblioteca está em briga com a PRODAM para colocar em funcionamento, e infelizmente terá de fazê-lo não de forma tão moderna como é disponibilizado pela Biblioteca de São Paulo, por exemplo)

2) o calor no espaço Circulante – área de empréstimos de livros e estudos – onde por decisão de escopo econômico (seria preciso mais um chiller, equipamento que custa uns R$500.000,00 + mais instalação) e erro de cálculo dos arquitetos (onde se acumula vidros sob o sol o calor tende a aumentar) um sistema de ar condicionado ou circulação de ar frio não foi implantado após a reforma encerrada em 2012.

Enfim, fica claro que dados de uma rede social ainda não muito disseminada como o Twitter ou o Facebook, podem trazer dados que não exigem grande esforço para coleta, muito pelo contrário, a partir da postagem autônoma dos usuários, de forma rápida e fácil, através de uma consulta semanal ou mensal, os bibliotecários gestores podem identificar pontos fortes e fracos dos equipamentos onde desenvolvem suas atividades, e como são dados provenientes da sociedade, podem constar em seus relatórios de gestão, e ser utilizados como argumentos para resolver com mais rapidez problemas e detectar acertos e prospectar novos serviços demandados pelos usuários ou visitantes destes espaços de cultura e educação.

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