A vida é informação caminhante e autorreplicante! Sempre gostei do pensamento de que somos parte dessa biblioteca chamada universo. Aprecio a historia humana, as invenções notáveis, seu pensadores e principalmente a evolução da ciência e do conhecimento humano. Contudo, ultimamente me sinto indisposto, sobrecarregado e com azia informacional. Assim como sou guloso com comida, percebi que consumo informação demais e, assim como as calorias, as informações mais agradáveis são aquelas que não agregam valor nenhum a minha vida.

Pensando sobre o assunto há algum tempo tomei algumas resoluções: deixe de ver tv , já há alguns anos, deixei de me preocupar com música e ainda assim o volume de informação que tenho que lidar diariamente continua sendo absurdo. Eu empenhado em estudar mais sobre o tema, partindo do principio contrário do que eu mesmo defendi até esse momento na minha vida e nesse texto.

O principio: não existe sobrecarga de informação!

O problema com a informação é que as pessoas não perceberem que suas ações diárias têm consequências não tão óbvias. Não foi a palavra escrita que fez que nossos antepassados deixassem de memorizar o épico Odisseia, mas sim nossa escolha de não mais o memorizar e de ler livros em vez disso.  A informação em si não está exigindo que você a consuma, ela não pode. No livro Um estudo em vermelho, onde somos apresentados ao mestre dos detetives, descobrimos que a “ignorância de Holmes era tão notável quanto seu conhecimento”:

 

Dr. Watson revela a surpresa de Sherlock Holmes quando disse-lhe que a Terra girava em torno do Sol, fato desconhecido por Holmes, que retrucou dizendo:
(…)— Você parece atônito — disse ele, sorrindo ante a minha expressão de surpresa. — Pois, agora que sei disso, tratarei de esquecê-lo o mais depressa possível.
— Esquecê-lo?!
— Veja — explicou-me: — Considero o cérebro de um homem como sendo inicialmente um sótão vazio, que você deve mobiliar conforme tenha resolvido. Um tolo atulha-o com quanto traste vai encontrando à mão, de maneira que os conhecimentos de alguma utilidade para ele ficam soterrados, ou, na melhor das hipóteses, tão escondidos entre as demais coisas que lhe é difícil alcançá-los. Um trabalhador especializado, pelo contrário, é muito cuidadoso com o que leva para o sótão da sua cabeça. Não quererá mais nada além dos instrumentos que possam ajudar o seu trabalho; destes é que possui uma larga provisão, e todos na mais perfeita ordem. É um erro pensar que o dito quartinho tem paredes elásticas e pode ser distendido à vontade. Segundo as suas dimensões, há sempre um momento em que para cada nova entrada de conhecimento a gente esquece qualquer coisa que sabia antes. Consequentemente, é da maior importância não ter fatos inúteis ocupando o espaço dos úteis.”

Hoje sabemos que o cérebro tem neuroplasticidade, ele cria novas conexões sempre que aprendemos qualquer dado novo, suas conexões são elásticas. Ainda assim, somos seres orgânicos e sempre houve mais experiências, dados e conhecimentos humanos do que qualquer indivíduo poderia absorver. Não é a quantidade total de informações, mas nosso hábito de consumí-las que nos coloca nessa posição desconfortável.

Se não você consegue saber de cor os números telefônicos de ao menos dez pessoas do seu circulo intimo social, se você como eu sempre tem a caixa de e-mail lotada, se não consegue acompanhar todos no Twitter, as atualizações no Facebook e nos grupos do WhatsApp, temos um problema. E estamos escolhendo tê-lo.

Não sei como resolvê-lo, nem pretendo que façam minhas escolhas, mas todos nós estamos fazendo escolhas e pretendo compartilhar com você minhas soluções e descobertas.

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