O Rio de Janeiro atravessa uma das piores crises econômicas e políticas de sua história e os reflexos deste período estão sendo sentidos em diversas áreas, principalmente na Cultura e Educação. O cenário atual de algumas instituições do Rio não é nada animador: três unidades das bibliotecas-parque estão de portas fechadas desde o fim do ano passado; funcionários da Biblioteca-Parque de Niterói foram dispensados sem prévio aviso como noticiado em primeira mão pela Biblioo e as atividades das bibliotecas universitárias da UERJ estão paralisadas devido às condições precárias da instituição.

Diante do contexto adverso, bibliotecários e órgãos de representatividade decidiram criar um movimento em defesa das bibliotecas do Rio de Janeiro. “A ideia é reunir a representatividade da biblioteconomia do Rio e organizar formas de mobilização. Este é um momento de responsabilidade social dos bibliotecários porque o cidadão está perdendo o acesso a cultura, a leitura e a arte”, explica Kelly Pereira, presidente do Grupo de Profissionais em Informação e Documentação Jurídica do Rio de Janeiro (GIDJ-RJ).

Primeira reunião de bibliotecários do Rio na biblioteca da Procuradoria Geral do Estado (PGE-RJ). Foto: Agência Biblioo

Além do GIDJ-RJ, a APCIS, ASFOC, CRB-7, FEBAB, REDARTE e SINDIB vem se empenhando em organizar um evento/ato que integrará a semana de comemoração do dia do bibliotecário e será realizado no próximo dia 16 de março, de 9h às 13h, em frente a biblioteca parque estadual.

Manifestações em São Paulo reivindicam o afastamento das organizações sociais da gestão cultural da cidade

A cidade de São Paulo possui o maior sistema de bibliotecas públicas da América Latina que chega a atender aproximadamente quatro milhões de consultas por ano. Composto por 107 bibliotecas públicas – entre temáticas, centrais, de bairro, ônibus biblioteca, entre outros – um total de 52 bibliotecas públicas e mais o Centro Cultural de São Paulo (CCSP) poderão ser entregues a gestão de Organizações Sociais (OS), conforme anunciou André Sturm, secretário municipal de Cultura, no início de janeiro.

Em protesto contra essa medida, no dia 25 de janeiro mais de 500 pessoas se reuniram no CCSP para realizar um abraço simbólico contra a proposta de Sturm. O ato levou o nome de “Abraço” e tem na organização bibliotecários, profissionais do livro, leitura, literatura, artistas, educadores, cidadãos, entre outros.

O Abraçaço foi o primeiro ato realizado em São Paulo em defesa das bibliotecas públicas. Foto: Facebook/Divulgação

Mesmo com a reação dos setores culturais contra a proposta de entregar nas mãos das OS a gestão cultural da cidade, o secretário municipal de cultura chegou a ironizar as manifestações contra a privatização das bibliotecas públicas com uma postagem durante o carnaval em sua rede social. Diversos bibliotecários chegaram a comentar e demonstraram indignação com a referida postagem.

Secretário usa tom irônico para se referir as OS em São Paulo. Foto: Facebook

No próximo domingo, no dia do bibliotecário, está marcado o segundo ato que agora leva o nome de “Leituraço”. A partir das 15h os manifestantes vão se reunir na Avenida Paulista, em frente ao parque Trianon. A programação contará com atividades lúdicas, oficinas culturais, contações de histórias e apresentações artísticas.

“A ideia do Leituraço é dar continuidade aos atos. A proposta é encher a Avenida Paulista de cultura, música, contação de história, cenas literárias e grafites. Uma construção coletiva em defesa das bibliotecas públicas e escolhemos o dia 12 de março para unir e chamar atenção da categoria”, destaca Luciana Santoni, bibliotecária e integrante do movimento em defesa das bibliotecas públicas de São Paulo.

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